Sugestões de atividades


1 – ACORDO
PARA O FIM DA RECUPERAÇÃO SEMESTRAL

Acordo firmado entre o professor João Teodoro Ferreira e os alunos da 6ª série ____, para  que seja mantida a atual metodologia, com avaliações baseadas em atividades, e não em provas e seja abolida a recuperação semestral. Os alunos se conscientizaram que a recuperação era incompatível com a avaliação da metodologia que utilizamos, e se comprometeram a comunicar e orientar seus pais, nesta data, deste acordo.

2 - APRENDA A ESTUDAR

     Apresentamos, inicialmente, uma série de orientações para que você possa tornar seu estudo mais eficiente, aproveitando melhor o seu tempo e conseguindo melhores resultados.

Aproveitando a leitura ao máximo
     Diariamente recebemos uma grande quantidade de informações, que nos são comunicadas pôr meio de várias fontes: pessoas, televisão, rádio, cinema, jornais, revistas e livros. Grande parte dessas informações são mensagens escritas. E, no entanto, muita gente não consegue compreender bem o que lê. Talvez você também já tenha sentido essa dificuldade, que pode trazer-lhe problemas no estudo das matérias escolares. Porém, é sempre possível tornar a leitura mais proveitosa e, para isso, aí estão algumas “dicas”.
1. Antes de começar a leitura, procure concentrar-se.
2. Leia, inicialmente, o título e os subtítulos (títulos intermediários) do texto e observe as ilustrações. tentando fazer uma idéia geral dos assuntos que você irá encontrar.
3. Em seguida, leia o texto inteiro, sem interrupções, assinalando com um lápis as palavras desconhecidas ou as que você conhece, mas não entende bem. Essa leitura geral é o primeiro contato com o texto, que amplia a idéia transmitida pelo título e pelos subtítulos.
4. Faça uma segunda leitura, mais lenta, detendo se em cada parágrafo, até que o sentido de todas as frases fique perfeitamente claro. Se você assinalou palavras desconhecidas na primeira leitura, procure compreender seu significado pelo sentido do texto. Caso ainda persista a dúvida, consulte um dicionário. Você encontrará provavelmente vários sinônimos. Verifique, então, qual deles se adapta melhor ao sentido da frase.
5. Grande parte dos textos de História permitem que se imagine uma cena sobre o que se está lendo. Essa é uma boa maneira de assimilar melhor o conteúdo da leitura. Usando a imaginação, você penetra no sentido do texto. As ilustrações podem ajudar a formar mentalmente as cenas.
6. As vezes, fica difícil entender um texto porque ele faz referências a fatos ou informações que desconhecemos. Por exemplo, um texto pode se referir a uma região da Africa ou da Europa. Se a gente não sabe nada sobre ela, nem é capaz de lembrar a posição em que ela aparece no mapa, o texto pode ficar sem sentido. O que é preciso fazer, então? Procurar, em outras fontes, a informação que falta. No caso, pode ser um livro de Geografia ou um Atlas.
7. Após a leitura do texto, procure conversar com outras pessoas a respeito do assunto. Uma boa conversa ajuda a gente a organizar melhor as idéias a respeito do que leu.

Faça a ficha de leitura
     O estudo deste livro pede que você, após a leitura de cada capítulo, faça uma ficha de leitura. Essa é uma prática de estudo muito utilizada para rever o conteúdo do que foi estudado e registrar seus pontos mais importantes.
     Para facilitar a tarefa, é apresentado um roteiro para ajudar na elaboração da sua ficha. A seguir, apresentamos algumas instruções, com o objetivo de orientá-lo nessa tarefa.
1. É preferível que cada ficha se inicie no começo de uma página do caderno ou do fichário.
2. Na primeira linha, devem constar o título do capítulo e a página do livro em que ele se inicia e, em seguida, a data.
3. Cada item do roteiro refere-se a um assunto. Numere e copie cada item. Você pode ainda grifá-lo com uma caneta colorida, para facilitar sua localização, posteriormente.
4. Escreva abaixo de cada item as informações principais referentes a ele, procurando usar suas próprias palavras. Caso você ache necessário copiar algum trecho do capítulo, acostume-se a escrevê-lo sempre entre aspas. Isso indica que você está reproduzindo as palavras do livro, e não utilizando sua própria redação.
5. Para concluir, é importante você rever sua ficha, refletindo a respeito do que aprendeu.
Seguindo essas instruções, você estará no caminho certo para aproveitar ao máximo o estudo. A disciplina no estudo é importante, mas nunca irá substituir o prazer da descoberta que a História pode lhe proporcionar. Portanto, pense um pouco: por que e para que estudar História?

Faça perguntas ao texto
     Uma das formas de compreender bem o conteúdo de um texto é procurar fazer perguntas referentes a ele. Se você consegue fazer perguntas, é sinal de que está compreendendo as informações.
     Vamos dar um exemplo, analisando um pequeno texto: “No século XV a população européia voltou a crescer e com isso tomou-se necessário produzir mais alimentos. No entanto, a sociedade feudal decadente não tinha condições de atender a essa crescente necessidade. Além disso, com as guerras e a peste, as cidades do interior da Europa entraram em decadência e reduziu-se o movimento comercial nas rotas terrestres.”
Para esse parágrafo podemos fazer as seguintes perguntas:
• Que necessidades resultaram do crescimento da população no século XV?
• Por que a sociedade feudal não podia atender às necessidades da população em crescimento?
• Por que o movimento comercial nas rotas terrestres da Europa se reduziu no século XV?
Praticamente, cada frase pode gerar uma ou até mais perguntas, mas é importante escolher os assuntos principais para fazê-las Em seguida, se você responder às perguntas, estará praticando mais uma forma de estudo do texto.

Você sabe resumir um texto?
     Fazer um resumo é outra técnica de estudo. Por meio do resumo, você pode analisar o texto e fazer uma ficha de leitura que dispensa roteiro ou questões auxiliares.
1. O primeiro passo continua sendo uma leitura inicial do texto todo, feita com muita atenção e empregando-se a técnica de assinalar as palavras desconhecidas e buscar o seu significado.
2. Em seguida, releia o texto para descobrir o assunto central de cada parágrafo. Esse assunto pode ser considerado um título do parágrafo. Porém, o título não deve ser confundido com uma frase-resumo.
Vamos exemplificar com esse trecho: “Com o desenvolvimento do comércio, a vida urbana ganhou novo impulso. Cresceram as cidades episcopais, já antigas, e também aquelas que haviam se formado ao redor dos castelos e nos entroncamentos de trilhas de mercadores. Ao mesmo tempo, fundavam-se novas cidades. Porém, como praticamente todas as terras da Europa estavam sob o domínio dos nobres feudais, essas cidades ficavam sempre dentro de um território feudal. Inicialmente, os senhores feudais incentivaram a formação de cidades em seus domínios, pois isso significava para eles a possibilidade de cobrar novos impostos. Mas logo começou a luta dos habitantes das cidades para obterem a liberdade. Com esse objetivo, em alguns casos eles pagaram ao senhor feudal uma vultosa quantia em dinheiro. Outras vezes, solicitavam o apoio do rei para que a cidade fosse libertada, por meio de um documento chamado de carta de franquia. No entanto, havia freqüentes conflitos entre os habitantes das cidades e os senhores feudais. As cidades libertadas constituíam seu próprio governo, tendo à frente uma espécie de prefeito, denominado alcaide ou burgomestre. Para a resolução dos assuntos mais importantes, era convocada uma assembléia dos habitantes. Na França, as cidades libertadas receberam o nome de comunas; no Santo Império Romano-Germânico, foram chamadas de cidades-livres; na Itália, eram as repúblicas: e, na Espanha, os consejos.”
Os assuntos desses quatro parágrafos são os seguintes:
1. Desenvolvimento da vida urbana.
2. Interesse inicial dos senhores feudais na criação de cidades em seus domínios.
3. A luta dos habitantes das cidades contra os senhores feudais para a obtenção da liberdade.
4. A direção das cidades libertadas.
     Uma vez definidos os assuntos dos parágrafos, fica muito mais fácil elaborar o resumo. O passo seguinte é escrever uma ou duas frases-resumo sobre o assunto do parágrafo, procurando concentrar nessas frases a idéia mais importante do parágrafo. Se você tiver dificuldade em elaborar a frase-resumo, faça perguntas referentes ao assunto. Por exemplo:
1º parágrafo:
1. Como o desenvolvimento do comércio influenciou a vida urbana?
2. Quais as cidades que ganharam impulso com o crescimento do comércio?
As respostas formarão as frases-resumo. Vejamos então como ficaria o resumo desse primeiro parágrafo:
1. Desenvolvimento da vida urbana.
Com o desenvolvimento do comércio cresceram as cidades já antigas (como as citadas cidades episcopais) e fundaram-se novas cidades.

3 – APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS

     Por que é importante uma boa apresentação? Há muitas vantagens em um texto limpo e organizado. Um trabalho bem apresentado facilita a leitura e predispõe o professor ou qualquer outro leitor a examiná-lo com mais simpatia e atenção. A medida que avançamos nos estudos aumentam as exigências para que falemos mais corretamente e saibamos apresentar os conhecimentos adquiridos. Estas atividades são essenciais à formação do estudante e indispensáveis à sua futura vida profissional. Para cumpri-las bem é preciso atenção e interesse, mas também existem várias técnicas que podem orientar essa tarefa. Elas indicam como organizar um exercício de redação, um comentário de texto, as questões de um exame ou um resumo de livro. Usando-as com freqüência, o estudante terá um método de trabalho que o ajudará nas pesquisas escolares, na organização de seus materiais e no melhor aproveitamento do tempo dedicado aos estudos.

1. Técnicas de apresentação
• Deixar margens ou espaços em branco nas bordas laterais, superior e inferior de suas folhas de trabalho. A margem lateral esquerda deve ser maior que a margem direita.
• Buscar limpeza, ordem e clareza na caligrafia: evitar as emendas e o uso excessivo de corretores; manter as linhas retas ao escrever em folhas sem pauta. Cada pessoa tem uma maneira de escrever, mas todos devem respeitar os traços de cada letra, de modo que os exercícios ou trabalhos fiquem limpos e legíveis.
• Distribuir o texto em parágrafos. Na primeira linha de cada parágrafo deve-se deixar um pequeno espaço em branco na margem esquerda.
• Dar títulos adequados aos temas e aos diversos capítulos.
• Sublinhar, ou destacar em um quadro, os assuntos mais importantes, tais como definições e conceitos.
• Para facilitar as referências sobre um texto, este deve ser enumerado de cinco em cinco linhas. Se o texto analisado for em verso, a indicação deve ser feita de cinco em cinco versos.

2. Monografias
Conforme progride nos estudos, o aluno deverá aprender a desenvolver e apresentar monografias: trabalhos de elaboração pessoal sobre aspectos de uma disciplina ou ciência, geralmente expostos por escrito. São temas como: Origem da linguagem, Problemas da juventude, Possíveis causas da seca no Nordeste.
Para tanto, pode-se adotar o seguinte esquema:
• Definir claramente o tema a ser desenvolvido;
• Reunir informações pesquisando em livros, jornais, revistas, enciclopédias;
• Ordenar as informações, a partir de um roteiro previamente elaborado;
• Redigir o trabalho.




4 – AUTO RETRATO

  • Faça uma lista, em forma de itens, dos acontecimentos da vida de Pablo Picasso e relacione-os às datas em que ocorreram, utilizando as informações de sua biografia, na seção Para conhecer mais. Depois, observe as reproduções dos quadros e as informações sobre eles e complemente a sua lista.
  • Você sabe o que é um auto-retrato? Observe que há dois deles entre as telas.
  • Você acha que um auto-retrato pode fazer parte de uma biografia? Explique.
  • Repare que os dois auto-retratos foram feitos em épocas diferentes e que o pintor mudou o estilo de sua arte. Na sua opinião, por que isso aconteceu?
  • Agora, faça uma linha do tempo da vida de Picasso. Procure incluir todas as informações que você obteve. Destaque em vermelho os principais marcos da vida do artista.


5 – AUTO-AVALIAÇÕES

Opção 1
Produzir um texto sobre: o seu comportamento nas aulas de História, o seu respeito por colegas e professores, a sua pontualidade e assiduidade nas aulas, a sua participação nos trabalhos em grupo e o seu respeito às normas da escola durante este bimestre.
Baseando-se nos itens acima, dê uma nota de ___ a ___ e justifique-a. Tenha consciência.

Opção 2
Ficha de Auto Avaliação

Aluno(a);                                         Série:

QUESTÕES
1) Concentro-me nos trabalhos em sala de aula?
2) Executo com interesse as tarefas propostas em sala e em casa?
3) Colaboro para o bom desenvolvimento das aulas?
4) Mantenho meu material organizado e trago-o todos os dias?
5) Respeito meus colegas, professores e demais funcionários da Escola?
6) Respeito as normas disciplinares?
7) Procuro resolver com determinação minhas dúvidas?
8) Sou capaz de chegar as minhas conclusões e escrevê-las?
9) Procuro registrar com atenção as atividades no caderno?
10) Respeito a opinião dos meus colegas?
11) Dentro das normas disciplinares, respeito o uso do uniforme? Afinal o que o estudo representa para você?

6 – AUTO-AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Opção 1
Auto-avaliação
• Compare o que você sabia (ou o que você pensava que sabia) antes de chegar até aqui, com aquilo que você sabe agora. O que você aprendeu nesta unidade? Foram idéias novas? Foram maneiras de ver o mundo ou de agir?
• Quais as principais dificuldades que você enfrentou no estudo desta unidade?
• Qual foi a contribuição deste livro para seu aprendizado? Ele trouxe coisas novas, interessantes? Ele indicou os caminhos que você deveria seguir para alcançar determinados fins?
• Qual foi a contribuição de sua classe e de seu(sua) professor(a) neste percurso?
• E qual foi sua própria contribuição neste aprendizado?




Opção 2

Auto-avaliação
• Compare o que você sabia (ou o que você pensava) antes de chegar até aqui com aquilo que você sabe agora. O que você aprendeu nesta unidade?
• Quais as principais dificuldades que você enfrentou no estudo desta unidade?
• Qual foi a contribuição deste livro no seu aprendizado? Ele trouxe coisas novas, interessantes? Ele indicou os caminhos que você devia seguir para alcançar determinados fins?
• Qual foi a contribuição de sua classe e de seu(sua) professor(a) cesse percurso?
• E qual foi a sua própria contribuição nesse aprendizado?
• O que poderia ser melhorado no estudo da próxima unidade

Opção 3
Auto-avaliação
Registre seus comentários no caderno sobre os seguintes pontos:
1. O que você mais gastou ao estudar esta unidade?
2. O que você achou mais difícil?
3. Compare o que você sabia (ou o que você pensava) antes de ter chegado até aqui com aquilo que vote sabe agora. O que você aprendeu nesta unidade?
4. Como você se saiu nas atividades individuais e em grupo?
5. Comente alguma afirmação que você achou importante durante as atividades.
6. Qual tola contribuIção da sua classe e do seu(sua) professor(a) nesse percurso? Cite algum exemplo.
7. Quais outros aspectos você destacaria sobre o assunto desta unidade?

7 - AUTOBIOGARFIA

     Agora que você já conheceu alguns estilos de autobiografias poderá escrever uma. Para isso, siga estes passos:
1. Faça a linha do tempo de sua vida.
2. Escolha, dentre os fatos registrados, um marco, ou seja, um acontecimento muito importante de sua vida. Assinale-o, na linha do tempo, pintando-o de vermelho.
3. Escreva a história de sua vida (autobiografia) levando em conta o marco que você escolheu na questão anterior e relatando o que tiver acontecido antes e depois. Utilize como material as respostas sobre a sua história e consulte registros de sua vida: documentos escritos (certidão de nascimento, carteira de vacinação, boletins escolares, etc.), documentos visuais (fotografias, desenhos, etc.) e objetos (roupas, brinquedos, etc.). Não esqueça de incluir tudo o que considerar importante para construir a sua história.
4. Registre, também, suas características físicas (cor de olhos e pele, tipo de cabelo) e acessórios que você usa (óculos, aparelho ortodôntico, boné, etc.), desenhando um auto-retrato.
Sugestão: Faça, na classe, com sua turma, uma exposição de todos os auto-retratos.


8 – AVALIAÇÃO

     Deve visar, sobretudo, a diagnosticar a qualidade das aprendizagens feitas, com pouca ênfase na quantidade de conhecimentos adquiridos.
     As questões devem portanto, revelar a forma de trabalho intelectual aprendida pelo aluno. Não se corrigem, pois, os resultados, mas os processos utilizados pelo aluno para resolver as questões.
     Não tem importância se o resultado do problema é correto: interessa saber como foi planejada e executada a solução.
     As avaliações devem dar oportunidade a que o aluno demonstre e utilize suas aptidões e vivências pessoais As avaliações devem permitir ampla expressão pessoal.
     As avaliações devem ser organizadas de tal modo que orientem corretamente o estudo individual e de grupo. Devem, portanto, os alunos conhecer com bastante antecedência o tipo de questões que serão propostas nas avaliações.
O que é avaliar?
É medir a variação do comportamento (estudantil) no sentido do erro e do acerto. É preciso:
  • Verificar onde o aluno se encontra;
  • Apontar os procedimentos;
  • Permitir e favorecer o reforço (treinamento);
  • Nova verificação para determinar o movimento em direção à correção:
             - Lê e não percebe o erro > insuficiente
             - Lê e consegue entender o erro > fraco
             - Lê, entende e consegue corrigir com ajuda > regular
             - Lê e consegue expressar o erro e corrigi-lo sem ajuda> bom
É preciso descobrir o nível do aluno para corrigir o processo de aprendizagem.
Como avaliar:
  • Identificar insuficiência do aprendizado;
  • Permitir reorganizar as etapas subseqüentes de modo a corrigir as distorções do ensino-aprendizagem;
  • Ser continua, a cada passo do processo ensino-aprendizagem, utilizando instrumentos variados para coleta de dados;
  • Buscar estabelecer relações de:
             - comparação (semelhanças e diferenças) onde o aluno deve expressar claramente o                                     critério adotado para estabelecer a comparação e como ele se estabelece nas partes comparadas;
             - causalidade, onde o aluno possa demonstrar o que é causa do que, ou, o que é conseqüência do que;
             - permitir ao aluno trazer para o seu universo mediato, as “teorias” estudadas, permitindo-lhe avaliar o seu universo real;
  • Buscar desenvolver no aluno uma atitude crítica (visão da realidade), criativa (solução para a critica) e autonomia (ele ser capaz de);
  • Estabelecer uma condição de interdisciplinaridade:
             - conceitual, permitindo ao aluno visualizar como um conceito é experenciado nas diversas matérias, ou as contradições com que é experenciado;
             - utilizando textos, informações, conteúdos de uma disciplina para a aplicação nos contextos de sua disciplina.
  • Permitir a análise de textos (noticias, propagandas, charges, etc) dele extraindo urna visão particular de uma teoria ou da realidade;
  • Lembrar que a avaliação deve ser um desafio ao aluno, dosada para “puxá-lo” para cima e não para levá-lo à rejeição de exercícios e atividades já realizadas em sala. Simples mudanças de números, palavras, ordenações não devem acontecer;
  • Nas questões de múltipla escolha, não apresentar formulações com respostas simplistas e óbvias, mas sim aquelas que exijam do aluno a aplicação conceitual de que são portadores;
  • Nas questões de memorização, cuidar para que o aluno não apenas repita a informação, levando-o a aplicá-la, comprovando o entendimento do que memorizou;
  • Ter clareza quanto ao que deseja. Cuidado com o tipo de pergunta diante da resposta desejável: descreva, por que, exemplifique, justifique, o que é, como se dá etc. O aluno deve oferecer em sua resposta o que foi perguntado;
  • Utilizar vocabulário empregado em sala. Cuidado com palavras consideradas comuns. Os jovens têm um vocabulário extremamente reduzido e que precisa ser ampliado, em sala.
  • Exija, para sua realização, reflexão e maturidade relativa à série e capacidade de interpretar os dados que forem apresentados na avaliação, não deve ter, pois limite de tempo para sua realização.
  • Dê muitas oportunidades do aluno estabelecer paralelos, comparações, confronto de fatos, dos fenômenos e de coisas, uma vez que a inteligência humana utiliza, freqüentemente, esse método para assimilar novas realidades e resolver problemas;
  • Cada questão seja, quando possível, uma situação-problema, com a complexidade suficiente para provocar um período de investigação. Para isso, usar problemas-piloto, historietas, gráficos e as situações de tipo enigma e quebra-cabeças que tanto atraem a curiosidade dos jovens. O mundo deve saber que o professor valorizará sua criatividade;
  • Sejam as questões, insistentemente, relacionadas com os fatos atuais, plenas de realismo cotidiano e das vivências próprias do mundo atual. O desconhecido resolver-se pelo conhecido. O aluno deve saber que o mundo em que vive é analisado na escola;
  • Sejam ilustradas com desenhos, gráficos, diagramas, mapas que esclareçam as situações propostas e motivem o aluno para a solução, como se tratasse de uma situação vivencial;
  • Não se limitem a uma simples avaliação objetiva (teste), que mede apenas a quantidade, mas permita rápidos pronunciamentos pessoais dos alunos, capazes de medir a qualidade da aprendizagem: desestimular o estudo de detalhes;
  • Não sejam avaliações clássicas com longas dissertações, descrições ou perguntas catequéticas, mas situações sucintas que revelem a capacidade de organização mental;
  • Não se utilizem de simples sinais (mais ou menos, V C etc), mas exijam expressão pessoal gráfica, escrita. Devem pedir pelo menos, um desenho, diagrama ou gráfico. O desenho deve ser valorizado corno forma de expressão intelectual;
  • Não peçam nomenclaturas, datas, definições, denominações, senão as estritamente necessárias e mais comuns, para não estimular a memorização mecânica. Pelo contrário: estes dados devem ser fornecidos no contexto;
  • Tenda a fixar antes a fisiologia dos fenômenos que a anatomia das coisas, uma vez que este é o problema de mera percepção, facilmente resolve com os recursos audiovisuais. A anatomia é fornecida para o aluno provar que compreende a fisiologia;
  • Alternem as questões de tipos que apelam, ora para a capacidade de análise, ora para a capacidade de síntese, os dois pólos entre os quais se forma o pensamento reflexivo. Todas as formas de pensar devem ser solicitadas.
Recuperação
     Todo aluno tem o direito de alcançar 100% de eficiência e é responsabilidade do corpo docente e supervisão, possibilitar ao aluno o alcance de 100%.
     Consoante com crenças e consciente de que os alunos apresentarão deficiências no processo de aprendizagem, visto como um fato pedagógico e social necessário ao desenvolvimento do processo de crescimento do aluno. Deve ser:
  • Objetiva: com um fim específico — suprir falhas de aprendizagem, proporcionando ao aluno real possibilidade de atingir um nível de rendimento satisfatório. Tem, pois, uma finalidade em si, e para tal os esforços de todos devem convergir;
  • - Planejada, coordenada, controlada e avaliada, não deve ser à base da improvisação;
  • Deve ser individualizada, devendo enfocar a deficiência de cada aluno;
  • Deve ser co-participativa, envolvendo aluno, professor, supervisor e orientador pedagógico, direção e família;
  • Deve ser contínua, devendo ocorrer tão logo a avaliação da aprendizagem denuncie ou diagnostique uma deficiência na aprendizagem;
  • Cabe ao professor a tarefa de suprir as falhas com estratégias de recuperação paralela às atividades normais da classe.
  • Dê muitas oportunidades de o aluno estabelecer paralelos, comparações, confrontos de fatos, de fenômenos e de coisas, uma vez que a inteligência humana utiliza, freqüentemente esse método para assimilar novas realidades e resolver problemas.
Auto-avaliação
     De responsabilidade do aluno, sob a supervisão do professor, ocorrerá seguindo os seguintes critérios:
·         auto crítica
·         auto estima
·         auto conhecimento
·         segurança pessoal
     Visando um maior comprometimento consigo, com a escola, com a vida e com o futuro profissional.

9 – AVALIAÇÃO EXTERNA

Nome do aluno: ____________________________________________________Nº:____
Série:________Data:___/___/___
Nome do avaliador:________________________________________________________
Parentesco com o aluno:____________________________________________________

01 – Escrevemos um texto para outras pessoas lerem e estas devem entendê-lo. O texto lido na revista em quadrinhos sobre a _______________ é claro? Comente._________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
02 – Ao ler o texto você conseguiu entender o conteúdo histórico que deveria lhe contar sobre a ________________________? Comente.__________________________________________________________________________________________________________________________________________
03 – O que você achou da apresentação da atividade? Comente sobre a letra, os desenhos, o capricho, a limpeza, a organização.... _________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
04 – Você acha interessante este tipo de atividade? Comente.__________________________________________________________________________________________________________________________________________
05 – Que conceito você daria para a atividade que você analisou? A (excelente), B (bom), C (regular) ou D (insatisfatório). Comente_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

                                                                          _______________________________________________________
                                                                                                         
                                 Assinatura do avaliador


10 – BIBLIOTECA NA SALA DE AULA

 
     A biblioteca na sala de aula é um recurso indispensável para apoiar o aprendizado e o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, além de outras áreas do conhecimento.
As pesquisas mostram que, quando os livros estão à disposição das crianças, é maior a probabilidade de que elas leiam para se distrair, para satisfazer suas necessidades estéticas ou de valores, para satisfazer sua curiosidade natural ou para procurar informação geral ou específica.
     A biblioteca na sala de aula contribui decisivamente para formar crianças criativas, motivadas em relação ao saber e comprometidas com seu próprio processo de aprendizado; influi também na formação de crianças mais flexíveis, participativas e solidárias.
      Visto que a leitura é, por definição, um ato de linguagem, isto é, de construção de significados, requer necessariamente que sua prática tenha propósitos definidos, que lhe outorguem sentido. Assim, uma sala de aula é um lugar privilegiado para se localizar essa biblioteca, sempre que ela funcione em estreita relação com a vida de um grupo de  crianças, e que seja utilizada de maneira dinâmica e criativa como uma rica fonte de consulta, de satisfação de curiosidade e de seus desejos de entretenimento.
     Para que a biblioteca atinja seus objetivos, é necessário que ela ofereça aos alunos um variado material de leitura, adequado a seu nível de leitura e a seus próprios interesses, e que desperte neles a necessidade de usá-lo com diferentes propósitos relacionados com as atividades que se desenvolvem na sala de aula.
     O cumprimento desses propósitos também requer que o professor valorize e estimule a utilização da biblioteca dentro de um clima prazeroso e livre, que permita a cada criança estabelecer uma relação pessoal com o material de leitura, de acordo com seu ritmo, preferências e necessidades específicas.

Sugestões Metodológicas
     As seguintes sugestões referem-se às condições que permitem uma utilização eficaz da biblioteca na sala de aula:

1. Enriquecimento da biblioteca
     Considere que uma biblioteca para a sala de aula deve ter um mínimo de cinqüenta livros. Isso permitirá que cada aluno de um curso possa ler, pelo menos, um ou dois livros por semana durante o ano, é importante ter cuidado para que os livros e o material de leitura tenham diferentes níveis de legibilidade lingüística e conceitual; desde muito fáceis até outros que impliquem um maior desafio.
     A biblioteca da sala de aula deve ter não só textos narrativos, mas também funcionais, poéticos, de ficção, de estudo, de informação e de consulta, como dicionários e enciclopédias. Também deve contar com material relacionado com os projetos do curso, com revistas, pequenas histórias, livros de quebra cabeças, jornais, catálogos, lista telefônica, mapas, mapas da cidade etc.
     Para conseguir essa variedade de material, recomenda-se estimular os alunos a enriquecer sua biblioteca por diferentes meios:
- Solicitar materiais por carta. Incentivar os alunos a escrever cartas para os pais, para os professores ou para pessoas conhecidas da comunidade, solicitando livros e materiais de leitura para sua biblioteca.

- Estimular os alunos a reunir e utilizar vários materiais que circulam na cidade com diversos propósitos. Por exemplo, folhetos de agências de viagem. catálogos de lojas ou indústrias, revistas ou jornais, listas telefônicas, guias turísticos, propagandas etc.
- Reunir as contribuições das crianças. Solicitar aos próprios alunos que tragam material relacionado com seus interesses atuais na sala de aula. Por exemplo, que tragam um livro sobre os esquimós, quando a classe estiver interessada em informações sobre o Pólo Norte; ou um livro sobre transporte aéreo, quando estiverem preparando uma visita a um aeroporto etc.
- Compilar e juntar os textos elaborados pelos alunos durante sua vida escolar, os quais podem ser encadernados e ilustrados. Por exemplo:
• Livro da vida
Registro escrito pelos alunos sobre suas próprias experiências, que pode
ser editado e encadernado para Formar um livro da classe.
• A história da classe
Registro das atividades que vão sendo realizadas durante o ano letivo, como passeios, cultivos, trabalhos manuais, apresentações teatrais, pesquisas, campanhas etc. Esses registros podem ser ilustrados com desenhos e outros documentos gráficos ou fotográficos, constituindo um testemunho da história da classe.
• Livro dos “saberes”
Registro do que os alunos aprenderam durante o ano, como prova de seu crescimento e desenvolvimento. Neste livro podem ser incluídos os diferentes
saberes”, com alguns exemplos, ilustrações e desenhos. Por exemplo: problemas de matemática criados e ilustrados pelos alunos; decomposição criativa dos números de 1 a 100;
• fichas ilustradas dos livros lidos
• reportagens sobre mamíferos e aves;
• crônicas sobre o desaparecimento dos dinossauros da face da Terra;
• informativo sobre a criação de caracóis, a visita ao museu histórico, a pesquisa sobre os vulcões etc.
• Livro das brincadeiras
Compilação de diferentes expressões da cultura oral dos alunos, como canções, piadas, adivinhações, anedotas, trava-línguas, ditos populares, provérbios, poemas, contos, lendas, jogos lingüísticos.
• Livro dos jogos
Registro ilustrado dos jogos ou das instruções dos jogos que eles conhecem.
• Livro das fantasias
Textos criativos, produto da imaginação dos alunos ou produto de suas criações divergentes.
- Encadernação de materiais
Selecionar, com os alunos, materiais diversos provenientes de várias fontes suplementos de jornais, textos escolares em desuso, revistas antigas, catálogos etc. Uma vez selecionados os materiais, organize com as crianças uma oficina de encadernação, seguindo passos como:
• recortar os suplementos dos periódicos, dispensando as partes que não tenham utilidade;
• desencadernar os livros para transformá-los em vários materiais de leitura, se for necessário;
• encadernar, isto é, colocar em uma pasta ou arquivo, dotar de capas de papelão, prender com ganchos metálicos ou de qualquer modo que torne os livros manuseáveis e duráveis;
• se for o caso, também é possível encapá-los e ilustrá-los com desenhos, fotografias ou recortes.
• Renovação da biblioteca
Renovar constantemente a biblioteca da sala de aula para que seja realmente dinâmica e para impedir que caia no desinteresse dos alunos. Com esse mesmo fim, é necessário sempre reparar os livros que estejam estragados e retirar periodicamente o material que deixou de interessar.

2. Condições físicas da biblioteca
Escolha um lugar, de preferência no fundo da sala, e procure separá-lo do resto com uma estante. Esse cantinho deve ser de fácil acesso, agradável e acolhedor. Para atingir esses objetivos recomenda-se:
- Estimule os alunos a arrumar, em conjunto, seu próprio cantinho de leitura. Discuta as alternativas com eles. Proponha que o formulem como um projeto de classe, isto é, planejando como será organizado, com que materiais, como conseguirão os recursos, como deverá funcionar etc. É conveniente que as crianças e os pais participem da organização e da arrumação física da biblioteca para que a considerem como sua e cuidem dela.
- Se na sala de aula não houver uma estante, imagine uma forma de conseguí-la. Por exemplo, solicitar à direção da escola, à APM ou a outros membros da comunidade. Se não for possível conseguir uma estante, construa uma com seus alunos. Por exemplo: ela pode ser feita com caixotes pintados ou então com tábuas lixadas e tijolos de cores vivas.
- Junte dinheiro com eles para comprar alguns metros de tecido de tapeçaria e convide-os a fabricar alguns almofadões, com o apoio dos membros da APM.
- Estimule os alunos a decorar o cantinho de leitura, fazendo cartazes informativos que recomendem certos livros ou anunciem novos títulos.
- Aproveite o projeto do cantinho de leitura para que os alunos escrevam cartas solicitando a colaboração dos pais e de outros membros da comunidade.

3. Organização da biblioteca da classe
     É importante convidar os alunos para conhecer, manusear e ordenar os
livros e materiais de leitura.
- Ensine-lhes a observar alguns elementos de um livro:
- brinque, com eles, de encontrar e denominar esses elementos nos diferentes livros e revistas, e de notar suas diferenças.
- Estimule-os a classificá-los de maneira mais ou menos complexa, segundo a série que estão cursando. Para isso, utilize recursos como:
• Pôr, com os alunos, etiquetas de diversas cores para diferenciar temas ou tipos de livros. Também se podem fazer divisões na estante, com plaquinhas que indiquem essas diferenças.
• Fazer com eles um catálogo abrindo um caderno de registro que inclua nome, autor e editora de cada livro. Isto facilitará o controle dos livros emprestados. O catálogo também pode ser organizado em fichas de cartolina que contenham os mesmos dados e sejam ordenadas em uma caixinha.
     Estimule seus alunos a utilizar os materiais de leitura de forma permanente, com diferentes e variados propósitos. Faça-os sentir que os livros são importantes para o desenvolvimento das atividades do curso, seja o Programa de Leitura Silenciosa Apoiada, a hora do corno, consultas sobre um tema de interesse, leituras feitas em casa e comentários sobre o que foi lido, ou para ocupar o tempo livre dos alunos mais adiantados, os livros devem circular entre os alunos e, mesmo que tenham um baixo nível de leitura, todos devem utilizar a biblioteca com diferentes propósitos, como as seguintes:
• Grupos de leitura
Estimule os alunos a formar grupos de leitores voltados para seus interesses e propósitos. Os membros do grupo comentam suas leituras, recomendam livros e realizam atividades relacionadas com o que leram, como dramatizações, desenhos ou jogos. Mude os grupos a cada certo período para estimular outras interações.
• A hora do conto
Escolha um conto que seja do seu agrado. Leia-o previamente várias vezes, repasse-o em sua memória, imagine as características das personagens. Quando sentir que você “se apropriou” do conto, crie um ambiente especial de expectativa e leia para os alunos, usando uma expressão e um tom de voz que os entusiasme. Por exemplo:
- Organizar, com os alunos, um sistema de turnos para assumir o papel de “bibliotecário”. Este deverá se encarregar de controlar os livros emprestados e verificar diariamente se todos os livros foram devolvidos.

4. Utilização da biblioteca

Estimule os alunos, a partir do que ouviram, a:
- Comentar o conto livremente e a expressar o que sentiram e compreenderam, sem forçá-los a adotar um esquema preconcebido.
- Perguntar mais sobre a história, as personagens e os lugares onde trans correm os fatos.
- Procurar no mapa a localidade de Porto Seguro.
- Descobrir o significado das palavras desconhecidas a partir do contexto e a confirmá-lo ou encontrá-lo no dicionário. Por exemplo, desacerto, albatroz etc.
- Desenhar a história: imaginar corno era Manoela e as pessoas do povoado etc.
Abra espaços para que os alunos leiam em voz alta, quando estiverem interessados em fazê-lo voluntariamente ou quando quiserem dramatizar o conto,

Procura de informação
Estimule os alunos a utilizar sistematicamente os livros e materiais de leitura como fonte de diversas informações, procurando por exemplo:
- onde fica um país chamado Costa Rica;
- como se reproduzem os répteis;
- por que os cactos têm espinhos;
- quantos estados tem o Brasil;
- o número do telefone da vidraçaria;
- de onde é extraído o cobre;
- 10 palavras proparoxítonas;
- 10 palavras que comecem com g;
- como vivem os esquimós;
- como são fabricados os tijolos;
- em que país da América chegou Cristóvão Colombo;
- como é Formado o sistema solar;
- o que significa a palavra brâmane ou coleóptero.

Animação para a leitura
     A animação para a leitura consiste em uma série de atividades que são aplicadas com o objetivo de despertar a motivação para ler. Essas atividades pretendem conseguir que a criança descubra o livro, que leia ativamente e que conheça diversos tipos de texto. Essas situações lúdicas permitirão que ela desfrute, compreenda, solucione problemas ou memorize conteúdos. Algumas dessas atividades são as seguintes:
• Uma leitura equivocada. Leia uma história para os alunos com expressão e velocidade adequadas; estimule-os a fazer comentários: o que acharam, de que personagem gostaram mais etc. A seguir, leia uma segunda vez, mudando alguns nomes ou situações da história; as crianças devem corrigir “os equívocos” à medida que forem acontecendo.
• A quem pertence isto? Leia uma história para os alunos. Comente-a com eles. Depois, descreva um traço de personalidade, uma característica física, uma vestimenta e estimule as crianças a reconhecer a personagem a que pertence.
• Quando e onde. Peça que os alunos leiam uma história ou leia-a você mesmo, no início da atividade. Faça um resumo da história, enfatizando os aspectos que você quer destacar. Depois, entregue uma pergunta escrita para cada criança para que ela responda quando, onde ou por que aconteceu um determinado episódio. Antes de começar a atividade, avise que você vai fazer perguntas.
• Pingue-pongue de perguntas. Peça a todos os alunos que leiam uma história com antecedência. Forme dois grupos e estimule-os a fazer uma lista de perguntas sobre o que leram, um dos integrantes do grupo 1 faz uma pergunta a um integrante do grupo 2. Se este não responder, o grupo 1 ganha um ponto; se responder, seu grupo é que ganha esse ponto. No final do jogo, todas as crianças devem ter perguntado e respondido alguma pergunta.
• Entrevista de leitura
Periodicamente, converse com cada criança sobre suas leituras. Depois de comentar o que foi lido, parabenize-a e recomende novos livros.
• Registro e estimulo das leituras realizadas
Faça um quadro de honra para livros e leitores. Nele podem constar os livros mais lidos e o nome dos que mais se destacaram pela quantidade e qualidade de suas leituras. Também pode ser utilizado um cofre de títulos. Cada vez que um aluno usa um livro ou material da biblioteca, escreve seu nome e o título do livro, e coloca em uma caixa ou urna. Periodicamente, abre-se o cofre e verifica-se seu conteúdo.
• Empréstimos de livros
Utilize um bom sistema de controle para que os livros possam circular
fora do colégio. Faça um trabalho de orientação com os pais, para que as crianças efetivamente leiam em suas casas.
• Integração com os pais
Estimule os pais a lerem para seus filhos. Informe-os dos progressos de seus filhos na leitura; se há material suficiente, pode-se tentar fazer um plano de leitura familiar. Nas reuniões com os pais, convêm reservar um espaço para estimulá-los a ler e para que eles, por sua vez, estimulem a leitura de seus filhos.

11 - CAMPANHA

     Organize uma campanha em favor do multiculturalismo, em sua escola. Para organizar a campanha, você pode seguir esta orientação:

Planejamento da campanha
- selecionar o tema e detalhar as idéias principais;
- propor as palavras-chave ou a questão principal da campanha;
- escolher os meios de divulgar as idéias;
- criar um “slogan e desenhar um logotipo”;
- determinar um período de duração da campanha;
- definir as atividades e o público-alvo: alunos, professores, equipe técnica, localidade,

Desenvolvimento das atividades
- desenhar e produzir “botons”, adesivos e cartazes promocionais;
- elaborar um folder com as principais informações sobre o tema da campanha;
- produzir um jornal da campanha, com textos, entrevistas etc.

Concretização da campanha
- desenvolver as atividades da campanha durante o período estabelecido;
- entregar pessoalmente o material promocional, complementando com explicações, se necessário.

Avaliação da campanha
- reunir o grupo que participou da campanha para debate e elaboração de um relatório dos trabalhos.


12 - COMERCIAIS - VENDO TV PELO VT


TV: INSURREIÇÕES CONTRA O VEÍCULO
     Há mais de meio século, ocorreram às primeiras emissões de televisão no Brasil. Com o aparecimento do veículo, começaram a surgir em todo o mundo, e também entre nós, críticas, condenando a TV; atribuindo a ela responsabilidades e culpas que jamais foram suas.
     Ouve-se com freqüência a repetição, pela escola, pela família e pelo grupo social, de afirmações preconceituosas, do tipo: “pouco se lê atualmente em casa ou na escola graças ao apelo excessivo da ‘mídia’, particularmente da TV”.
     A história nos mostra as crises que sempre atingem as novas linguagens que caracterizam os novos inventos. A causa de tal crise é bem definida por Umberto Eco quando afirma: “Toda modificação dos instrumentos culturais, na história da humanidade, se apresenta como uma profunda colocação em ‘crise’ do modelo cultural precedente” (*).
     Temeu-se pela pintura com o aparecimento da fotografia; o surgimento da TV criou ambiente de crise entre os que receavam um desaparecimento do cinema. Falou-se da ‘morte do livro’ com o advento dos textos da rede eletrônica. E assim por diante.
Sem dúvida, computador e TV redefiniram as características que marcam nosso século e, certamente, continuarão presentes no século que está prestes a chegar.
     Pensando particularmente, na televisão, conclui-se que ela exerce um efeito mágico e encantatório sobre as pessoas. A TV é assistida por grande número de pessoas, no mundo todo e é alto seu poder de sedução.

O COMERCIAL DE TV: INTERFACE CONSTANTE DE UM VEÍCULO DE MUITAS DIMENSÕES
     A televisão não possui uma única dimensão. Ao contrário, a televisão tem muitas facetas, apresentando diferentes segmentos em sua programação. Tem-se novelas, especiais, minisséries; tem-se filmes de cinema mostrados pela TV e séries filmadas especialmente para TV; tem-se desenhos animados, programas infantis diversos, programas de auditório, de entrevistas e de variedades; jornais informativos, serviços, entre outros.
Há, no entanto, um tipo de segmento que permeia toda a programação das redes. Trata-se do comercial que possui uma “gramática” própria, ainda que varie sua temática.
     O comercial de TV assistido por crianças de todas as idades, agrada geralmente aos pequenos. O comercial envolve porque apresenta um tipo muito eficiente de comunicação narrativa. Em 15 ou 30 segundos, um comercial conta uma historinha, passa ao telespectador a mensagem desejada e se utiliza com riqueza do casamento da linguagem visual com a verbal, atraindo definitivamente a atenção, principalmente dos menores.

O COMERCIAL DE TV E A ESCOLA
     Sem dúvida, há graves prejuízos no fato de uma criança permanecer horas e horas diante da TV. O objetivo deste texto, no entanto, não é uma discussão sobre tal problema. A finalidade aqui é outra. Pretende-se trazer para a escola, para a sala de aula, “programas” veiculados pela TV e, sobre eles, trabalhar com as crianças.
     Esse tipo de atividade, sobre comerciais, por exemplo, auxilia a criança a ir construindo e desenvolvendo seu senso crítico, bem como sua acuidade para explorar outras múltiplas dimensões de um texto visual-verbal a partir de um trabalho escolar.
     A “gramática”, ou seja, as regras, que determinam a feitura de um comercial, são muito bem definidas. Os textos de comerciais, (que ancoram imagens e são por elas ancorados), obedecem a uma rigorosa e, ao mesmo tempo, rica estruturação lingüística.
     O discurso do comercial é feito com linguagem lúdica e poética, apresentando jogos verbais, rimas, etc. Os comerciais utilizam muitos adjetivos e, neles, as ações se sucedem de maneira especial.
     A análise de comerciais em classe ajudará as crianças, por um lado, a compreender o processo narrativo que estará presente em seus próprios textos. E, por outro lado, o exercício contribuirá para o crescimento da consciência crítica dos alunos face aos apelos feitos pelos veículos da mídia.

O PROFESSOR E O TRABALHO COM OS COMERCIAIS EM AULA
     Uma vez escolhido um comercial, o professor deve proceder às seguintes etapas de trabalho:
• organizar a classe em grupos;
• assistir 2 ou 3 vezes ao comercial com as crianças;
• construir com os alunos um roteiro para observação e análise do segmento;
• levantar e analisar com as crianças as características:
a) narrativas (personagens, ações, falas, conteúdo da mensagem).
b) lingüísticas (uso de adjetivo e superlativos - bom, ótimo, o melhor -; verbos no imperativo - faça, vá, compre -; papel e efeito, sobre os enunciados, da presença de palavras como: só, ainda, ninguém, todos, até, até mesmo, etc.).
• auxiliar e mediar o trabalho das crianças nos grupos, enquanto escrevem sua versão do comercial estudado;
• organizar a leitura e indicação de um dos textos produzidos pelos grupos para um exercício de reescritura e posterior leitura do texto, já refeito, pela classe toda.


13 - CONCEITOS - DICIONÁRIO DE  HISTÓRIA

     Sugerimos que você pesquise o significado dos termos seguintes e construa o seu Dicionário de História. Você pode acrescentar outros termos e eliminar os que você já sabe, o importante é você entender o significado de cada conceito.

A
Arqueologia
F
Fóssil
I
Idade dos Metais
N
Neolítico

14 - CONSTRUÇÃO COLETIVA DE UMA HISTÓRIA


POR QUE NARRAR COLETIVAMENTE?
    Até mais ou menos a idade de 4 anos, a criança ainda não é capaz de trabalhar narrativas, coletivamente. A partir dessa idade, já é possível pensar-se em um trabalho coletivo,
em níveis ainda bem elementares.
     A criança pequena gosta de contar fatos, acontecimentos, histórias, mas que estejam centrados na sua própria vida, nas suas experiências pessoais do dia-a-dia.
A partir de 5-7 anos, os pequenos já podem trabalhar em interação com os colegas da classe. E mesmo numa construção coletiva, ficam bem claras as idéias de “autoria”, do “outro”, do “autor”, da “interlocução”.
     O trabalho de construção coletiva de um texto ajuda os alunos de séries iniciais a interagir, realizando ações de pensamento cada vez mais complexas. O papel do grupo, na formulação de uma história, é justamente o de ampliar os níveis e os limites da competência narrativa, já que para narrar é preciso que os pequenos organizem os dados em uma determinada ordem, que recuperem ações passadas e antecipem, algumas outras, futuras. E nesse caso, as noções de espaço e tempo precisam ir se desenvolvendo e se compondo pouco a pouco.

NARRANDO, COLETIVAMENTE, POR ESCRITO
     Conforme ensina David Olson, em artigo sobre o Pensamento Narrativo, “as narrativas não são simples reflexo dos próprios eventos. Antes, constituem-se como um artifício lingüístico a evidenciar certas relações entre esses eventos para assim torná-los compreensíveis e relembráveis” (grifos nossos).
     A narrativa exige organização mental e lingüística especiais. Se as primeiras histórias contadas por crianças se ligam a ações momentâneas, sem relação ao passado ou ao futuro, no decorrer do desenvolvimento infantil, essas histórias se tornam mais complexas, pois se
inscrevem no tempo e no espaço.
     Entre crianças de 8 a 9 anos, a narrativa a ser construída se torna mais exigente: é preciso coordenar ações, planos temporais, espaços e, sobretudo, é preciso lançar mão de operações verbais mais sofisticadas.
     Ao construírem juntos uma história, o “outro” - agora também autor - colabora, corrigindo seqüências, preenchendo lacunas, ampliando o campo de narração, empregando, talvez, expressões lingüísticas de transição, ainda pouco usuais na produção individual. O fato de produzir coletivamente, em momento algum, invalida a produção individual de relatos - fundamental - porque é reflexo da própria vida cultural e social de uma pessoa.

CONSTRUINDO, COLETIVAMENTE, UMA HISTÓRIA NA ESCOLA
     O professor deve explicar aos alunos de séries iniciais em que consiste
um trabalho interativo de produção de texto, sem esquecer de salientar
a importância da criação individual.
     Para realizar o exercício, o professor organizará as crianças em grupos
e ficará, durante todo o tempo, ajudando-as a superar dificuldades.
As crianças, em grupo, sempre auxiliadas pelo professor:
• escolhem revistas em uma sala de leitura;
• recortam figuras diversas;
• montam cenas coerentes com os recortes;
• conversam sobre a possível história que as cenas devem revelar;
A partir daí, os pequenos, ainda em grupos:
• escrevem juntos a história a partir do que foi montado;
• elegem um texto (ou sorteia-se) para ser lido para a classe e reescrito coletivamente.

‘OLSON, D, - “Thinking about Narrative”. In: BRITON, 8. K. e PELLEGR A. D.
. Nan-adve Thought and Narrative Language. N. J., LEA, Publ, 1990, pp. 99-til.


15 - EXPLORANDO ESCRITOS EM SEUS CONTEXTOS

A CRIANÇA E O MUNDO DA ESCRITA
     Para a criança pequena, aprender a ler é começar a penetrar o mundo da escrita.
Se na escola, o domínio da escrita se institui pelo livro, na vida cotidiana, a escrita se faz apreender por uma inumerável quantidade de situações.
     Os escritos que circulam no meio social, no espaço urbano e no âmbito mais fechado das próprias casas, são escritos variados, de múltiplas naturezas. E mesmo antes de saber ler, a criança percebe que os adultos são profundamente ligados à escrita, dependendo dessa escrita quase que o tempo todo.
     A criança, em casa, e ao entrar na escola, já traz a vivência de escritas. Vivendo em meios letrados ou não, ela chega, pois, à escola, familiarizada com os escritos que circulam em sua vida, por meios diferentes: seja pelas atividades da família, seja pela veiculação de mensagens que ocorre em toda a mídia.

OS ESCRITOS EM MÚLTIPLOS ESPAÇOS. O PAPEL DA ESCOLA
     Escritos que circulam em lugares públicos são escritos “em contexto” , como explicam Chartier, Desse e Hebrard’. E trabalhar sobre tais escritos, dizem os autores, “é habituar as crianças a utilizar as indicações fornecidas pelo entorno, preparando-as para ler, como o faz todo o bom leitor”
     Tais escritos circulam em diversos espaços e sob diferentes formatos: nomes de ruas, placas indicativas, horários, anúncios, faixas em edifícios, nas fachadas de lojas.
Há, porém, escritos que circulam só no ambiente doméstico e se mostram com múltiplos formatos também: etiquetas impressas em papel ou tecido, caixas em papelão para as mais diferentes embalagens: brinquedos, remédios, produtos alimentícios, roupas. Há escritas sobre embalagens em vidro, madeira e metal.
     E que pode fazer a escola com estes escritos? Crianças de primeira série, que ainda não estejam alfabetizadas totalmente ou crianças ainda menores, devem trabalhar na escola com esses materiais, dizendo o que está escrito e mostrando com o dedo onde está escrito.
É o momento em que o professor poderá explorar conhecimentos coletivos, refinando entre as crianças a percepção, por exemplo, fazendo diferenciar os tipos usados para o nome do produto e para a marca da empresa.
     Esse trabalho permite que os pequenos vivenciem as outras formas de conceber o escrito. E lendo o espaço urbano e o espaço doméstico, trazidos para a escola, estarão se preparando para a leitura do texto escolar.

COMO EXPLORAR ESCRITOS PLURAIS NA SALA DE AULA
     O professor deve explicar às crianças como será o exercício. É preciso certa antecedência para que as crianças organizem suas “feirinhas” com produtos os mais diferentes e que vão resultar em escritos também muito diversificados.
O professor deverá:
• pedir às crianças que “leiam” nomes (e outros elementos) que venham escritos nas embalagens;
• fazer uma rodada de leituras entre todas as crianças;
• pedir às crianças que “escrevam” os nomes que leram.
     Após a “escrita”, proceder a uma outra leitura, agora das escritas produzidas pelos pequenos, devendo ainda, sugerir nova rodada de leituras (de novas embalagens) para aqueles que já tenham terminado o exercício.
     Cabe observar o seguinte: durante todo o tempo de montagem das “feirinhas” e na realização dos exercícios, o professor deve circular continuamente entre as crianças (ou grupos de crianças) ajudando-as a cumprir suas tarefas e mediando as dificuldades que encontrarem.


16 - CONTO DE FADAS: VISTO, OUVIDO E LIDO


O CONTO DE FADAS: O MARAVILHOSO MILENAR
     Os contos de fadas ou contos maravilhosos (com ou sem fadas), têm suas origens em um passado muito longínquo.
     Os contos maravilhosos experimentaram muita repercussão durante os séculos XVI e XVII, tendo sofrido grande declínio no século XVIII, quando apenas as “histórias” que surgissem de uma situação que pudesse ser explicada racionalmente eram valorizadas.
     No início do século XIX, os ideais românticos reabilitam essas histórias recobertas de encantamento e magia; histórias que num passado remoto eram contadas, tanto para adultos, quanto para crianças. E nós, neste século XXI, cultivamos a fantasia, o maravilhoso que nos chegam principalmente pelas mãos de Andersen, Perrault e dos irmãos Grimm.
     Nos contos de fadas, tudo está e é muito vivo. Daí a grande fascinação e o não cansar-se com a repetição desejada das sempre mesmas histórias. O universo, a um só tempo, grave e lúdico desses contos envolve definitivamente o leitor.

O CONTO DE FADAS, O CONTO MARAVILHOSO E A ESCOLA
     Os contos de Fadas, os contos Maravilhosos encantam, comovem e educam indiretamente. Devem, pois, ter presença constante nos trabalhos escolares, principalmente nas séries iniciais. Mas sem pensar em um resultado pedagógico automático. A importância maior está no prazer que os contos despertam.
     Nessas histórias, há situações que sempre se repetem: há obstáculos a serem vencidos, rivalidades, perseguições, disfarces, dilemas diante de opções a serem feitas entre prazer e dever, por exemplo. Os heróis precisam cumprir uma tarefa, vencer um desafio. Há então, pessoas - os coadjuvantes - que impedem ou ajudam a ação do herói. E o final é
sempre feliz e glorioso.
     O professor pode, pois, preparar seu trabalho a partir do conhecimento que tiver sobre a organização dos contos de Fadas, que são histórias lindas, capazes de povoar o imaginário infantil de ricas fantasias, permitindo ainda que os pequenos liberem seus sonhos. E como tudo nos contos maravilhosos tem muitos sentidos, ou tem, no mínimo, duplo sentido, o professor deve ir mediando & trabalho das crianças, criando possibilidades para que elas levantem hipóteses sobre as histórias e apontem as relações entre os acontecimentos.

NA ESCOLA. UM CONTO VISTO, OUVIDO, LIDO E REESCRITO
     O professor e seus alunos escolhem uma história. Dispomos, hoje, de diferentes suportes, além do livro, que fazem chegar até nós as mesmas histórias. Lemos o conto em livros, o assistimos por VT na TV, ouvimos a narrativa pela voz de alguém que está diante de nós ou então ouvimos o relato em uma gravação de CD.
     E como deve agir o professor em face de tantos veículos? Deve integrá-los, privilegiando, é claro, a matriz original que, sem dúvida, é a do texto escrito:
• o professor escolhe um trecho significativo da história e o mostra em vídeo.
• em seguida, o professor conta/lê a história toda para as crianças, lançando mão de recursos visuais diversos (máscaras, quadros, adereços).
• num terceiro momento, crianças, em duplas, lêem a história em livros.
• após a leitura, ouvem o mesmo trecho que foi visto em VT, agora narrado em CD.
• O professor, então, organiza as crianças em grupos e vai orientando-as para que discutam os pontos mais significativos da história e observem as diferenças de narração verificadas entre livro, TV, CD...
• Depois o professor orienta as crianças para que produzam, individualmente e por escrito, sua versão da história.
• Alguns textos são eleitos para serem lidos à classe toda e comentados.







17 - CRÔNICAS: ESSAS PEQUENAS E SURPREENDENTES HISTÓRIAS


     Assim como vem acontecendo com a poesia infantil, hoje produzida por grandes poetas, também a crônica está experimentando um grande sucesso, tanto em livros, quanto em jornais, vindo assinada por autores de renome.
     Há quase duas décadas, não era tão constante a presença de crônicas nos grandes periódicos brasileiros. E o que temos visto? Além de livros, todos os dias, importantes ficcionistas dizem presente nas colunas fixas de crônicas, mantidas pelos jornais do país. E de que falam essas crônicas de jornais e as dos livros? Do real mais próximo, dos fatos cotidianos às vezes só aparentemente banais, e que nos chegam recobertos pela construção mágica da linguagem literária. De uma linguagem que, sem dúvida, só aparentemente é simples. E falam também do irreal, do sonho.
     Segundo Nanami Sato, “a crônica, enquanto narrativa ficcional, traz um forte traço subjetivo que lhe confere singularidade”. Comparando o texto jornalístico e a crônica, observa ainda que o cronista acaba tendo, ao contrário do jornalista, “maior liberdade para recorrer ao humor, à alegoria e ao jogo do maravilhoso, para captar ‘flashes’ do cotidiano ou revelar estados subjetivos e emotivos”
     Como o próprio nome revela, a matéria fundamental da crônica é o tempo. A crônica reelabora o tempo das narrativas, recobrindo todas as construções por uma idéia de presente, de um presente mantido pelo encadeamento das ações, que surgem costuradas aos pedaços da vida em suas várias manifestações plurais: psicológicas, sociais, afetivas...

O PROFESSOR E OS ALUNOS: CRIANDO PARTES DE UMA CRÔNICA NUM TRABALHO EM CO-AUTORIA
     E como deve o professor organizar esse exercício?
• o professor, após dividir a classe em duplas, lê uma história curta. Interrompe a leitura antes do final, num trecho em que exista suspense.
• o professor explica então aos pequenos que eles deverão, a partir do que o autor escreveu, criar um desfecho para a história (poderia ser também o início ou o meio da narrativa).
• o professor pede aos alunos que registrem fatos, expressões, situações que julgarem pertinentes.
• as duplas, com a mediação do professor, organizam e discutem as anotações. E deliberam sobre o encaminhamento a ser dado para criar o final.
• uma ou duas versões são lidas em voz alta para a classe que, ajudada pelo professor, deve discutir os textos das duplas escolhidas.
• o professor, finalmente, distribui exemplares e lê, com as crianças, a história completa com o desfecho original,
• crianças comparam e comentam os finais (o do autor e aqueles criados por elas).

18 - DEBATE

     A finalidade do debate é a realização de um diálogo para ampliar os conhecimentos sobre um tema, através da apresentação de diferentes pontos de vista, fontes, aspectos. Para a realização do debate é importante seguir um roteiro, como este:

ANTES DO DEBATE
1. Escolher o tema e marcar a data do debate.
2. Organizar grupos que possam defender os diferentes aspectos do tema.
3. Identificar diversas fontes para pesquisa.
4. Preparar o lugar para o debate, com murais e cartazes relacionados ao tema.
5. Preparar a apresentação do tema utilizando o máximo de recursos possíveis, como imagens, músicas, entrevistas.
6. Escolher um moderador para coordenar o debate.

DURANTE O DEBATE
1. Escolher uma forma para atuação do moderador, por meio de perguntas ou da apresentação de cada grupo, controlando o tempo determinado antecipadamente.
2. Estimular a participação do público com perguntas e considerações, escolhendo se ela ocorrerá durante ou após as apresentações.
3. Ao final, o moderador deverá apresentar as conclusões do debate.

No debate, é preciso manter o espírito democrático, respeitando as opiniões e o tempo de cada participante.


Debate - Discutindo preconceito e estereótipos

     As relações de gêneros serão construídas, entre outras coisas, sobre estereótipos e preconceitos relacionados ao “feminino” e ao “masculino.
     Em equipe, pesquise em sua localidade, sobre a existência desses preconceitos e estereótipos em:
- publicidades;
- Histórias em quadrinhos;
- telenovelas;
- piadas;
- produtos de uso cotidiano (brinquedos, objetos).
     Organizem os resultados da pesquisa em um texto, procurando selecionar materiais para
apoiar e ilustrar suas afirmações.
     Participe de debate em aula, apresentando o material produzido e considerando as orientações do(a) professor(a).

Debate de opiniões

     A troca de idéias, de informações e de opiniões é muito enriquecedora para todos os que participam da experiência. Mas há sempre o risco de um debate se tornar inútil quando não se garante o mínimo de organização.
Para que isso não ocorra, é interessante estabelecer uma seqüência para o trabalho e algumas regras de atuação no debate.
  1. É preferível começar o trabalho pela discussão em pequenos grupos, de quatro a seis pessoas, tendo todos bem claro o objetivo do trabalho do grupo.
  2. Cada grupo escolherá então um relator, responsável por transmitir à classe os resultados do trabalho no grupo, por meio de uma apresentação, que pode ser feita de vários modos
  3. Os relatores de todos os grupos podem formar uma mesa de debates, na frente da classe, e um de cada vez apresenta seu relatório.
  4. Em seguida, pode se estabelecer o debate entre eles. Nesse caso, passam a ser debatedores. Cada debatedor pode dirigir uma ou mais questões a outro debatedor, ou pode ainda discordar ou complementar qualquer ponto colocado anteriormente.
  5. O debate também pode ser feito entre todos os alunos da classe, que deverão participar alternadamente.

19 - DESCRIÇÃO

     O que é descrição? É uma exposição pormenorizada, que pode ser feita oralmente ou por escrito. A descrição apresenta objetos, seres, paisagens e descreve emoções, qualidades e circunstâncias com palavras precisas. Qualquer coisa pode ser descrita, até nos mínimos detalhes por palavras. Para tanto, é preciso uma boa capacidade de observação e sentidos apurados.

1. Como fazer uma descrição
Existem duas maneiras de se fazer uma descrição:
• Partir da visão panorâmica e, aos poucos, aproximar dos detalhes.
• Partir dos detalhes e ampliar cada vez mais a perspectiva, até chegar à visão panorâmica.

2. Aprendendo a descrever
Ao iniciar a descrição pelos detalhes, privilegie os aspectos mais relevantes. No exemplo acima, assinala-se em primeiro lugar a localização da casa, com destaque para os cheiros e as cores da paisagem. Da personagem, são realçados aspectos tísicos e traços da personalidade mais facilmente identificados. O sucesso dessa tarefa depende, em grande parte, da escolha adequada das palavras, um exercício complicado nas primeiras tentativas. Para chegar à forma ideal, será preciso corrigir, apagar, tornar a escrever. Com a prática, as expressões exatas fluirão naturalmente.

3. Descrição técnica
Apresenta características ou traços que definem o objeto proposto. Na descrição técnica, o autor assume uma postura objetiva, privilegiando o uso de um léxico específico, de adjetivos bem-determinados e de verbos no presente do indicativo atemporal. Essa linguagem também é usada em receitas, bulas de remédios e classificações científicas.

4. Descrição literária
Sua finalidade principal é transmitir sentimentos (de alegria, admiração, dor, tédio) ou impressões (agradáveis ou desagradáveis) que uma determinada realidade sugere ou desperta. O autor adota uma atitude subjetiva, sugerida por um léxico poético. Procura também usar comparações, metáforas e verbos no presente e no imperfeito do indicativo, buscando dar continuidade à ação.

5. A descrição usada no dia-a-dia
A descrição não é uma forma literária de uso exclusivo dos poetas e escritores. Ela também é usada freqüentemente por outras pessoas quando querem, por exemplo, exprimir a alegria pela vitória num jogo ou descrever a performance de sua banda de rock preferida. E não é só isso. Esse modo de expressão é utilizado em múltiplas atividades práticas do cotidiano:
quando o encanador e o eletricista relacionam os consertos que precisam ser feitos nas instalações de uma casa; quando os médicos fazem seus relatórios clínicos ou os gerentes e administradores escrevem seus memorandos.

Glossário
léxico: conjunto de vocábulos de um idioma.
Presente do indicativo atemporal: tempo do verbo que não vincula a ação a nenhum momento cronológico concreto
20 – DIÁRIO DE VIAGEM

     Cada grupo terá o desafio de enfrentar o “mar tenebroso”, escolher o destino da viagem em uma das rotas observadas no mapa e elaborar um diário de bordo da expedição.
     O diário de bordo deverá conter os detalhes do cotidiano da tripulação a preparação, o recrutamento, as imagens de monstros e o temor que os navegantes tinham do mar; a aventura e as dificuldades. O grupo determinará a data de início e a duração da viagem.
Cada componente do grupo poderá imaginar-se em uma função como marinheiro, capitão, soldado e outros
     Ao chegar ao seu destino, descrevam em seu diário a paisagem, as pessoas e o modo de vida local.
     Ilustrem as páginas de seu diário com base nos acontecimentos do cotidiano da viagem.

21 – DIREITOS

     Como consumidor de produtos e serviços, você tem direitos. Você sabe quais são? Comente alguns deles com os colegas. É importante exercitar esses direitos? Como as pessoas devem agir para ter seus direitos respeitados? Conhecer nossos direitos torna nossa vida melhor? Você já ouviu falar no Código de Defesa do Consumidor?

22 – DISSERTAÇÃO E EXPOSIÇÃO

     Qual é a diferença entre dissertar e expor? Dissertação e exposição são formas específicas de apresentação de textos escritos ou orais. Dissertar significa opinar, defender uma idéia. Expor é narrar, apresentar detalhes de uma história ou descrever uma situação. As duas formas são geralmente complementares e empregadas quando se deseja informar, explicar ou interpretar objetivamente determinado tema. Também são utilizadas com freqüência nos diversos trabalhos escolares — provas escritas, exames orais, seminários e textos de teses universitárias.
   
1. A exposição
     Próprio para as narrativas e apresentações de um determinado tema, o texto expositivo também aparece nas instruções de funcionamento de um computador, de uma máquina fotográfica ou de uma máquina de lavar roupas; é usado nas instruções das bulas de remédios e está presente nos regimentos das escolas, indicando qual deve ser o comportamento de alunos e professores. E empregado, ainda, em informes sobre os mais diversos eventos, como uma peça de teatro ou uma apresentação de dança. Além disso, pode iniciar textos comerciais e solicitações.

2. Elementos lingüísticos da exposição
     O texto expositivo exige o emprego de um vocabulário específico ao tema tratado. Pede também o uso de frases simples, de tipo enunciativo, em que predominem substantivos abstratos característicos de todo material escrito conceitual.

3. Dissertação não é sinônimo de exposição
     Dissertar é expor uma opinião sobre determinado tema ou idéia, argumentando a favor ou contra, com o objetivo de torná-la reconhecida e aceita. Cotidianamente, vivemos experiências e enfrentamos situações em que é preciso argumentar. Além disso, as escolas exigem que seus alunos sejam capazes de dissertar sobre os diversos conteúdos das disciplinas estudadas, tais como:
O desenvolvimento do Brasil durante o governo JK.
O papel da arte na educação.
Floresta Amazônica, celeiro da biodiversidade.
     A argumentação deve ser feita com clareza e simplicidade, pois todo tema tem vários ângulos e pode ser interpretado de maneiras diferentes.

4. Exposição e dissertação freqüentemente unem-se
     Isso acontece nos textos expositivo-argumentativos. A mistura dos parágrafos expositivos com os argumentativos gera textos como editoriais, reportagens,
ensaios, críticas ou teses.

Glossário
Editorial: texto de um jornal ou revista, geralmente não assinado, que expressa a opinião da equipe editorial sobre um tema.
Ensaio: texto criativo sobre qualquer tema, em que o autor apresenta uma visão pessoal e adota uma linha crítica.
Tese: dissertação escrita, apresentada a uma banca examinadora de universidade por um aspirante ao título de mestre ou doutor.

23 - DITADO AO PROFESSOR

DITADO AO ADULTO. A CONSTRUÇÀO DE UM TEXTO: DO ORAL
À ESCRITA
     As relações entre a linguagem oral e a linguagem escrita não são fáceis de serem percebidas, definidas, conscientizadas e atualizadas por estudantes de faixa etária avançada. Mais difícil ainda, se pensarmos em alunos pequenos, de séries iniciais.
     Entender algumas dessas relações é fundamental para o desenvolvi mento posterior da produção de textos na escola e fora dela. Em razão disso, é preciso que professor e alunos, desde cedo, trabalhem com as relações entre essas duas representações (oral e escrita), para que a criança já comece a perceber as diferenças básicas entre elas.
     Uma forma significativa e interessante para se começar a trabalhar oral e escrito na escola, se dá por meio de ditados de narrativas breves; ditados que a criança faz ao professor. Um aluno, ajudado pelos colegas, reproduz um relato feito pelo professor ou faz ele próprio a narrativa de uma pequena história ou fato de seu cotidiano. Em seguida, ele retoma a narrativa, ditando-a ao professor.
     O ditado ao adulto revela-se como atividade fecunda tanto para crianças, que ainda não sabem escrever, quanto para aquelas, de séries iniciais e que precisam começar a aprender como se dá a estruturação de um texto escrito.
     O professor deve ir registrando lentamente o que a criança dita. Além de os pequenos poderem ver como se dá a escrita de um texto, essa atividade possibilita ainda, desde cedo, que os alunos trabalhem com os vários fenômenos da língua.
     Ao passar do dizer para o ditar esse texto ao adulto, os pequenos já vão sendo introduzidos no processo de produção de textos mais longos, que se revelam para eles por meio da escrita, dos “rascunhos” e reescritas que o professor vai produzindo, a partir de “negociações” que realiza o tempo todo com as crianças.
     Ao escrever exatamente o que se diz, o professor tem condições de demonstrar aos pequenos, em razão das próprias objeções que eles fazem, que falar é diferente de escrever e mais: que, quando se escreve a fala de alguém, é preciso fazer modificações e adaptações para registrar por escrito o que foi dito ou ditado oralmente.
     As crianças serão as primeiras a reagir diante da leitura que o professor fizer daquele texto que escreveu, exatamente como lhe foi ditado. Os pequenos irão perceber, por exemplo, que há enunciados e enunciações próprios da fala, que são impossíveis de serem mantidos na escrita.

TÓPICOS A SEREM EXPLORADOS PELO PROFESSOR E PELAS
CRIANÇAS NA ATIVIDADE DE DITADO AO ADULTO
     Após registro escrito e leitura das frases ditadas, o professor deve provocar e mediar um trabalho de reformulações do texto; reformulações que resultem sempre de uma negociação com as crianças.
     Mesmo trabalhando frase por frase, o professor deve ter como referência o texto todo e a ele retornar sempre.
     Entre outros aspectos, podem ser tratados, os seguintes tópicos:
• as crianças poderão observar as expressões próprias do oral (e, daí, e daí, e depois...) e com a ajuda do professor, irão modificando essas expressões, substituindo-as por pronomes diversos. Estudando as ações, poderão introduzir, por exemplo, relações do tempo, por meio de: antes de, durante, depois de, enquanto isso, etc;
• As crianças poderão perceber que, na escrita, as orações não podem ser apenas justapostas, que necessitam de elementos de transição;
• Articulando o tempo e as ações da história, os pequenos necessariamente irão mexer com as personagens e com tudo que diga respeito a elas, em diferentes planos da linguagem;
• Regularidades ortográficas e pontuação serão também exploradas;
• Por último, em razão de um trabalho seqüencial, pode-se começar a esboçar com os pequenos a noção do que seja um parágrafo.
• Assim, os alunos, sem perceberem, desde muito cedo, começarão a desenvolver a consciência sobre o texto escrito, face á suas diferenças frente ao oral e em relação às especificidades que lhe são próprias.

24 – DOCUMENTOS HISTÓRICOS

OPÇÃO 1
1. Escolha um dos documentos coletados sobre a sua família. Procure outros colegas que tenham selecionado um documento do mesmo tipo. Reunidos em grupo, respondam apenas às questões referentes ao tipo de documento escolhido:
• Documentos escritos
a) Qual o tipo de documento (carta, testamento, jornal, certidão, etc.)?
b) Em que data foi escrito?
c) Onde e quem o escreveu?
d) Que outras informações ele traz? De que material é feito? Foi manuscrito ou impresso?
e) Quais suas condições de conservação?

• Fotografias
a) Que pessoas aparecem na fotografia?
b) Descrevam as pessoas quanto à aparência física e ao vestuário.
c) Se possível, descrevam o local onde foi tirada a fotografia.
d) O que as pessoas retratadas estão fazendo?
e) Há alguma informação atrás da foto grafia?
f) Em que época ou data ela foi tirada?
g) Quem a tirou? Descubram, se possível.
h) Quais as condições de preservação da fotografia?
i) Quais detalhes do material em que ela foi reproduzida vocês acham importante anotar?

• Objetos
a) De que objeto se trata?
b) Para que servia?
c) Quem o utilizava?
d) De que material é feito?
e) É possível saber quantos anos ele tem?
f) Como foi feito?
g) É possível saber quem o fabricou?
h) Desenhem o objeto.
i) Comparem-no com algum que tenha o mesmo uso atualmente. Quais as semelhanças e diferenças entre eles?

• Depoimentos orais
a) Quem contou a história?
b) Qual o assunto?
c) A que época se refere?
d) Relatem as passagens que vocês consideraram mais interessantes.

• Canções
a) Quem é o autor (ou autores) da canção (letra e melodia)?
b) Quando foi composta?
c) Qual seu tema?
d) Qual o ritmo da música?
e) Qual a relação da canção com a história da família?

2.  Faça uma lista das semelhanças e diferenças entre as histórias das famílias.
3.  Levante hipóteses sobre as razões das semelhanças entre as histórias das famílias.
4.  Discuta e justifique a frase: “A história da sociedade, das famílias e a sua história são uma só. As pessoas são filhas de sua época’

5. Fazendo uma síntese - Nestas últimas semanas, você fez um trabalho de pesquisa e procurou em sua casa todas as fontes de informação sobre a sua própria história e a origem de sua família. Recolheu documentos escritos, fotografias, objetos antigos e depoimentos familiares. Aproveite todo o material recolhido em sua pesquisa para fazer um desenho ou uma pintura (em cartolina, no computador, numa tela, etc.) que fale algo sobre a sua história e a de sua família, na época em que vivem ou viveram.
Depois, mostre o trabalho para sua família e conte de que maneira você chegou a esse resultado.

OPÇÃO 2
1 - Depois de ler os trechos dos diários, você vai analisar esses documentos seguindo o roteiro indicado.
a) Identificação do documento: tipo de documento, autores, data e contexto histórico em que foi produzido.
b) Descrição do documento: palavras-chave, frases que você considerou significativas, informações mais importantes, como o texto está estruturado.
c) Explicação do documento: explique as palavras-chave que você selecionou; relacione as informações selecionadas com algum tipo de conhecimento que você já tinha sobre o assunto.
d) Apreciação do documento: sintetize a idéia principal do documento; dê sua opinião sobre a idéia principal.
2 - Após analisar individualmente os dois documentos, discuta o seu trabalho com um de seus colegas, seguindo as orientações do(a) professor(a).

OPÇÃO 3
1 - Vamos discutir o texto organizando o trabalho da seguinte forma, encontrando os elementos do texto
Leia atentamente; registre em seu caderno as palavras difíceis ou que você desconhece, para procurar o seu significado; escolha palavras que você considera importantes para a construção do texto (palavras-chave) e resuma cada parte ou parágrafo.
2 - Analisando o contexto
a) O texto foi escrito na mesma época em que acontecem os fatos relatados?
b) Onde acontecem os fatos relatados?
c) Quem é o autor? Ele testemunhou os fatos?
d) De que fala o texto?
3 - Mobilizando seus conhecimentos
Faça um quadro com duas colunas. Na primeira, registre o que o texto apresenta
sobre ____________. Na segunda, registre informações relacionadas ao assunto que você possui, mas que não foram trazidas pelo texto analisado.
4 - Você acha que o documento analisado ajuda a conhecer aspectos da vida na antiga Grécia? Justifique sua opinião.

OPÇÃO 4
1. Descreva os documentos, observando:
a) data;
b) local;
c) elementos que constituem o cenário;
d) identificação dos personagens;
e) relação dos personagens com o cenário;
f) relação dos personagens entre si.

2. Para explicar os documentos, registre:
a) tipo de informação apresentada nos documentos;
b) relação das informações com os seus próprios conhecimentos;
c) relação das informações com acontecimentos históricos.

3. A apreciação dos documentos deve ser feita por meio de:
a) discussão dos documentos com o grupo de sala para elaboração de questão problema;
b) redação de texto com sistematização das idéias do grupo de sala sobre a questão levantada.

OPÇÃO 5
     Os documentos históricos são a principal fonte de conhecimento sobre uma certa época, pois são escritos pelas próprias pessoas que nela viveram.
Para analisar o documento é preciso:
1. Fazer urna primeira leitura, identificando as palavras desconhecidas e esclarecendo o seu significado, por meio da consulta a um dicionário.
2. Verificar se o documento tem data e informações sobre o local de origem.
3. Identificar o autor do documento e tentar descobrir a classe social a que ele pertenceu.
4. Se possível, reconhecer a finalidade do documento. isto é, para que ele foi escrito.
5. Identificar as informações que o documento traz sobre a época. Após a análise, o pesquisador deve fazer um comentário a respeito do documento, escrevendo o que conseguiu descobrir e fazendo relações entre o documento e a época em que foi escrito.

25 – DOSSIÊ

     Para fazer um Dossiê você precisa:
1. Organizar um roteiro para construir as informações acerca dos temas pesquisados. Este roteiro deve indicar as informações básicas como: o que, como, quem fez, por que, para que, quando.
2. Procurar informações em diferentes tipos de fontes: livros, periódicos, livros especializados, enciclopédias, internet, jornais,  revistas, entrevistas, imagens.
3. Selecionar as informações necessárias para responder às questões do roteiro ou outras que tragam novidades para o Dossiê.
4. As fontes onde foram obtidas as informações devem ser indicadas.
5. Os títulos e subtítulos devem ser curtos e precisos.
6. A apresentação do Dossiê deve ser bem organizada e sistematizada. Procure utilizar, se possível, recursos audiovisuais em sua apresentação.

26 - EVENTOS - DIA DA SOLIDARIEDADE

1. A partir dos debates realizados e dos conhecimentos que você possui relaciona do ao direito à felicidade, organize este evento, com seus colegas e professor(a):

a. Planeje a data, os horários e as atividades a serem realizadas no “Dia da Solidariedade”.

b. Escolha os aspectos que vocês irão enfatizar na análise e debate do tema.

c. Defina pessoas que possam fazer palestras, apresentações musicais ou outro tipo de atividade relacionada ao assunto,

d. Faça cartazes e convites para todas as pessoas da escola. Se for possível, convide pessoas da localidade para assistir às apresentações.

e. Organize-se com os grupos de sua sala de aula para cuidar das diferentes tarefas relativas à realização do evento. Estes grupos ficarão responsáveis pela sistematização das idéias, pelo registro ou gravação dos debates e pelas demais atividades relacionadas com o evento.

f. Se for possível, fotografe, grave e filme as atividades realizadas.

2. Após o evento, organize junto com seu grupo de trabalho um boletim divulgando as atividades realizadas e os resultados alcançados.




27 – EXPEDIÇÃO ARQUEOLÓGICA

     Imagine que você ira participar de uma expedição arqueológica O lugar escolhido é o sítio arqueológico da caverna da Pedra Pintada, localizado no município de Monte Alegre, no estado do Para
Leia as instruções que seguem e comece a brincar.
1. Antes de embarcarmos para a viagem ao sítio arqueológico, temos de escolher os componentes da expedição. São muitos candidatos. Quais são os mais adequados? Selecione-os.
Candidatos
Matemático — especialista em análises numéricas.
Arqueólogo — historiador da cultura material
Oceanólogo ou oceanógrafo — especialista no estudo dos oceanos e da vida marinha
Sedimentólogo — especialista na análise de sedimentos (substâncias depositadas no solo).
Paleolitólogo — estudioso das pedras e instrumentos líticos.
Filólogo — estudioso das línguas e dos documentos escritos que servem para documentá-las.
Paleantropólogo — analista de esqueletos humanos.
Paleontólogo — estudioso dos fósseis animais.
Fotógrafo — profissional responsável pelo registro visual da expedição
Engenheiro civil — profissional que atua em obras de construção, estradas, obras hidráulicas, etc.

2. Escolha as ferramentas necessárias para o trabalho de campo e justifique o motivo de as demais não serem utilizadas.
Ferramentas
Espingarda — arma de fogo de cano longo.
Escavadeira — veículo utilizado em escavações ou remoção de terra para aterros.
Pá e enxada — instrumentos utilizados para cavar e revolver a terra.
Raspadeira e pincel — instrumentos utilizados para separar e limpar o que foi encontrado.
Estacas e cordas — instrumentos utilizados para delimitar o sítio e proteger o que foi encontrado.
Dinamite — explosivo utilizado para implodir rochas ou edifícios.
Britadeira — máquina utilizada para quebrar pedras.
Medidor de nível — instrumento utilizado para medir a posição dos objetos e dos fósseis encontrados em relação ao nível do solo.

3. Durante o trabalho de campo no sítio arqueológico da caverna da Pedra Pintada,
foram encontrados:
• fragmentos de pedra lascada
• objetos de cerâmica
• restos de armas
• utensílios domésticos
• ossos humanos
• ossos animais
• sementes de frutas
a) Faça um quadro classificando os achados em fósseis ou restos da cultura material.
b) Separe os achados que podem gerar explicações sobre a cultura dos homens e aqueles que nos fornecem pistas sobre o ambiente natural.




4. Fazendo a síntese
     Durante uma expedição, é necessário registrar tudo o que acontece. Sem o registro, regular e sistemático, corre-se o risco de perder informações importantes para a conclusão do estudo. Vamos agora redigir o diário de campo da expedição simulada.
     Retome a lista de profissionais que participaram da atividade. Imagine que você é um deles e descreva seu papel. Elabore um texto no qual sejam narrados os passos da expedição.
     Depois, escreva algo sobre a paisagem, os animais e sobre o provável modo de vida dos homens que viveram naquele local em outra época.
     Não se esqueça de que, em geral, os diários de expedição são ilustrados. Os desenhos podem tanto referir-se à expedição no presente como à reconstituição do passado.

28 – EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS

     Inicialmente, você e os colegas irão selecionar os melhores trabalhos realizados pela turma, de forma que todos os alunos sejam representados. Aqui está a lista de trabalhos propostos Caso você e seus colegas tenham optado por outras atividades, reorganize-a, com o auxílio do professor:
• Livro de histórias: contos de fadas modernos.
• Livro de memórias.
• Poemas e desenhos, ou poemas ilustrados.
• Galeria de personagens mitológicos.
• Desenhos de personagens e lugares do futuro.
• Jornal mural (entrevistas, resenhas de filmes de ficção científica).
• Caso haja Diários de bordo bem criativos e interessantes, eles podem fazer parte da mostra. Afinal, quem não participou das atividades vai achar interessante conhecer as coisas que só você e sua classe sabem.

O espaço
     Com os colegas, observe os espaços disponíveis na escola: pátio, salas. Elaborem em grupos cartazes para informar as pessoas sobre a mostra: local, dia, hora. Juntos, organizem esteticamente o material (Peçam ajuda ao professor de Artes. Ele é especialista nessas técnicas.).
     Como foram feitos trabalhos distintos, podem ser criados ambientes diferentes para cada um:. Se o espaço disponível é a sala de aula podem ser organizados Cantinhos: o Cantinho dos contos de fadas, o Cantinho da mitologia, do futuro, da poesia e do desenho. Cada Cantinho deve ser identificado com uma faixa ou cartaz.

Algumas dicas:
• Se o local não for muito grande, é interessante colocar mesas nos cantos da sala, de forma que as pessoas tenham espaço para circular.
• Fazer um varal para os poemas e os desenhos também é uma boa saída: ocupa pouco espaço e é fácil de montar.
• Alguns alunos podem ser escalados para explicar os trabalhos realizados. Uma dupla para cada Cantinho é o ideal.
• Colocar um som ambiente deixa a mostra mais agradável.

Abertura ou encerramento
     A música é essencial na vida de todos nós. Ela nos encanta, alegra, e muitas delas dizem o que gostaríamos de dizer. Nelas, os poetas mandam seus recados. Nos versos da canção: Como uma onda, Lulu Santos e Nélson Motta traduziram o que muita gente famosa já disse sobre a vida: que ela muda constantemente, sem parar, que nunca é igual. Por isso é preciso viver cada momento. Esse é o registro dos compositores sobre a vida, como se fosse uma página de seu “diário de bordo”.
     Por causa dessa mudança constante, talvez seja importante conhecer também o momento que já passou — nossa história, as histórias de nossa família, de nosso meio, de nosso povo. E talvez por isso ainda tenhamos necessidade de imaginar o que virá, algumas vezes criando histórias, outras, poesia. São formas que encontramos para nos situar “nessas ondas do mar”.
     Portanto, ouça, cante e ensaie essa música para uma apresentação. Ela pode ser utilizada na abertura ou no fechamento da mostra. Se possível, converse com algum professor de música; ele poderá orientar você e seus colegas nesta atividade.

Avaliação
     Encerrada a exposição, avalie com seus colegas todas as atividades, as sugestões e os resultados obtidos. Avaliem a participação de cada um e a do grupo, sugerindo melhorias.
A avaliação dessa atividade certamente renderá boas idéias para o próximo projeto. Bom trabalho!

29 - FOTOGRAFIAS

1 - Analise a forma pela qual os fotógrafos captaram a situação dos personagens apresentados nas fotos.
2 - Relacione a situação destes personagens com o contexto histórico e/ou com o contexto atual dos países em que eles vivem.
3 – Organize um painel sobre as fotografias. Procure mais informações e imagens sobre o tema para completar seu painel.

30 - GINCANA

ESCOLA:
ALUNOS ENVOLVIDOS:
DATA:
HORÁRIO : Início:          Término:                    (Obs. Pontualidade)
EQUIPES E PROFESSORES RESPONSÁVEIS:
PROFESSORES DE ORGANIZAÇÃO: PALCO, ENFEITE, PLACAR, ARRUMAÇÃO DAS CESTAS BÁSICAS, TRABALHOS E VOTOS, CADEIRAS.
PROVAS
01- Trazer 02 alunos de cada série para participarem da gincana. Os alunos deverão estar com crachá com a cor da equipe representante, nome da criança, professora e série: (20 min) (Tarefa cumprida - 05 pontos)
  • Encher bexigas
  • Encher garrafa d’água
  • Dança da maçã
  • Acertar bola na cesta
02- Trazer 01 casal de cada turma caracterizados para dançar forró. Os alunos deverão usar crachá. (10 min)
(Tarefa cumprida — 05 pontos)
03- Trazer um aluno da escola (diurno ou noturno) para tocar um instrumento musical. Ex. teclado, violão, gaita...
(03 min por equipe)
(Tarefa cumprida — 05 pontos)
04- Fazer trabalhos com sucata - tema Primavera (05 min) (Tarefa cumprida — 05 pontos)
05- Arrecadar uma cesta básica por turma para doar a uma instituição carente.
(05 min), (Tarefa cumprida — 05 pontos)
06- confeccionar na sala de aula urna faixa ou cartaz bem criativo- tema: Paz.
(Tarefa cumprida — 05 pontos)
07- Sorteio de uma prova à cumprir. Trazer uma pessoa da comunidade:
( 02 min por equipe ) seresteiro, dançarino, artista plástico, poeta, músico,.
(Tarefa cumprida — 05 pontos)
08- Os alunos deverão trazer de casa uma peruca colorida, uma roupa de
palhaço adulto, maquiagem, chapéu, gravata, sapato, escova e grampo
para uma prova a ser realizada na hora. (15 min) (Tarefa cumprida — 05 pontos)
09- Cada equipe deverá pintar um painel no muro da frente da escola. O professor deverá trabalhar com as equipes na sala de aula, para a escolha de dois desenhos feitos pelos alunos e encaminhados á direção para seleção de cinco painéis. (10 min)
( Tarefa cumprida — 05 pontos)
10- Sorteio de uma entidade para visita de um grupo de alunos A equipe
deverá fazer um comentário da visita e comprová-la através de um mural
com fotos. (10 mm) APAE, ORFANATO, ASILO, CRECHE, MOSTEIRO.
Tarefa cumprida — 05 pontos)
11- Criar urna paródia que deverá ser cantada no dia pelas equipes. ( 25 min) ( Tarefa cumprida — 05 pontos)
12- Torcida organizada e Grito de Guerra (10 min) (Tarefa cumprida — 05 pontos)
O importante é competir com esportividade e diversão.

31 - HISTÓRIA EM QUADRINHOS:
DO PRECONCEITO AO CONCEITO

     Quando um fenômeno desconhecido ou um novo fato surge em uma sociedade, a primeira reação é de medo (inconsciente) da nova linguagem em que esse fato se expressa, além de temor do fato em si.
     Se a novidade ocorre no universo dos chamados meios de comunicação de massa, acaba quase sempre havendo um certo pânico entre as instituições sociais mais tradicionais: família, escola, igreja.
     A televisão, hoje, é quem mais recebe os ataques. Antes foi o cinema, o rádio e também as histórias em quadrinho.
     O quadrinho, enquanto produção de narrativa, utiliza ao mesmo tempo, duas linguagens: a visual e a da língua escrita. Certamente, há histórias em quadrinhos que não têm texto verbal.
     As primeiras histórias em quadrinhos surgiram no final do século XIX, mais precisamente em 1895 - data oficial - ano em que foram publicados, no jornal New York, os quadrinhos “The Yellow Kid”, de Richard Felton Outcault, já com os balões que integram o formato atual.
     E no Brasil, a primeira revista que trouxe história em quadrinhos, foi o Tico-Tico, em 1905.
     A sociedade, de modo geral, menospreza a leitura em quadrinhos. E por que motivos? Sem conhecerem profundamente a natureza da narrativa em quadrinhos, aliás como fazem também com a TV; as pessoas generalizam as opiniões, além de se basearem em critérios de análise transferidos, sem qualquer mediação, de outros veículos com especificidades diferentes.
     Ora, sabe-se que há produções e produções em quadrinhos! Como, de resto, ocorre também com livros, com filmes, com fotografias, com programas de TV. Há quadrinhos de péssimo gosto, vulgares, mal feitos. E há quadrinhos extremamente bem elaborados, portadores de rara sutileza narrativa, como é o caso do Peanuts (Minduim), de Schulz, e de Mafalda, de Quino, só para citar alguns.
     Além do mais, as avaliações desses produtos, no que se refere à leitura, por exemplo, são, feitas a partir de critérios específicos da leitura de livros. Ao transpormos medidas, padrões próprios de um veículo para avaliar outro, diferente, com especificidades únicas, é necessário que procedamos a adaptações e mediações. Do contrário, os pseudo-resultados serão apenas arremedos de resultados.

OS QUADRINHOS E A ESCOLA
     Em geral, a escola relaciona a leitura de quadrinhos à leitura de textos de ficção. E os relaciona por oposição, por contraponto. Ao fazer isso, a escola deixa de considerar a natureza de certas operações cognitivas que são realizadas especificamente, ao se ler quadrinhos.
     Quando o professor de leitura tem a convicção de que a narrativa em quadrinhos possui uma organização muito simplista, ele não está se dando conta, neste caso, de que, conforme explica L. Cadermartori: “a apreensão de imagens em quadrinhos exige operações ligadas à percepção, não se constituindo em simples trabalho de justaposição”.
     A escola, a nosso ver, tem que acolher a narrativa em quadrinhos, selecionando os produtos, evitando aqueles excessivamente redundantes e esteticamente mal solucionados.
     E o professor pode, inclusive, enriquecer o trabalho de leitura e escrita de seus alunos, a partir, por exemplo, de uma bem proposta narrativa em quadrinhos. Pode levar os pequenos a transformarem imagens visuais em textos verbais, visto que a operação inversa, válida sem dúvida, já é fartarnente utilizada nas escolas. Por que, então, não quebrar o usual, que é fazer quadrinhos a partir do texto escrito, trabalhando pelo reverso?        

OS QUADRINHOS, AS CRIANÇAS E O PROFESSOR
     O título deste texto já indica o que o professor poderá fazer. E como proceder?
• o professor deve contar às crianças um pouco da história dos quadrinhos. Dizer como são feitos. Falar de alguns, mais conhecidos.
• o professor explica, então, a natureza do exercício que será feito.
• o professor escolhe uma história em quadrinhos que seja curta, mas muito dinâmica. É preciso que os pequenos não a conheçam.
• o professor elimina os balões e oferece os quadrinhos, sem qualquer texto escrito.
• organiza as crianças em grupos, explicando que cada grupo deve conversar só com os seus companheiros, não podendo se comunicar com os grupos vizinhos. Como a atividade é também lúdica, as crianças aceitarão.
• cada grupo recebe uma cópia da história para “ler” e discutir com os colegas.
• os grupos, após negociações, vão escrever, cada um, a sua versão daqueles quadrinhos.                                     Deve ser uma narrativa compatível com a seqüência original das imagens, mas sem recorrer a qualquer ajuda visual gráfica.
• dois textos (um de cada grupo) são eleitos para serem lidos à classe.
• no final, todos os textos produzidos são expostos em um painel e desenhos podem ser feitos, no painel, intermediando leituras e escrituras.

32 - ILUSTRAÇÕES

1. Folheie o capítulo, observando atentamente todas as figuras, lendo seus títulos e legendas. Agora, escolha uma delas e faça as seguintes atividades:
a) marque o número da página da figura escolhida;
b) dê um nome à figura escolhida;
c) descreva com suas palavras a figura escolhida;
d) faça um comentário sobre a legenda da figura;
e) dê sua opinião sobre a importância da figura para o assunto estudado.


33 - INQUÉRITO

A) No Brasil, nas décadas de 1930 e 1940, era muito comum um tipo de álbum que circulava entre os jovens, principalmente nas escolas — o INQUÉRITO. Nesse tipo de álbum, os alunos colocavam em cada página perguntas que seriam respondidas apenas por aqueles que eram mais íntimos e que conviviam com eles todos os dias. Imagine que você está preenchendo, a pedido de colegas, um antigo Álbum Inquérito que circulava entre os jovens brasileiros daquela época, e responda as perguntas:
1. Qual o seu nome, data e local de nascimento?
2. Você gosta da escola? O que você pretende ser?
3. Qual a sua matéria preferida?
4. Você gosta de música? Qual o tipo de música de que você mais gosta?
5. Você gosta de ler? Qual a sua leitura preferida?
6. Qual o tipo de comida de que você gosta? E prato, de qual você gosta?
7. Gosta de dançar?
8. Pretende se casar?
9. Qual a sua religião?
10. Qual a cor de sua preferência?
11. Qual é a flor que você acha mais bonita?
12. Qual o animal de que você mais gosta?
13. Qual a fruta de sua preferência?
14. Você gosta de cinema? Qual o seu ator/atriz preferido?
15. Qual o nome feminino de que você mais gosta?
16. Qual o nome masculino que você mais gosta?

B) Além de responder a essas perguntas, que outras você colocaria num álbum do tipo inquérito, hoje em dia?

C) Em sua experiência de jovem, você já teve contato com alguma forma de álbum semelhante ao Inquérito? Se sim, aponte semelhanças e diferenças entre eles. Combine com seu(sua) professor(a) e colegas para cada um dos alunos de sua sala fazer um Álbum Inquérito, possibilitando a todos preenchê-los. Depois de prontos, os álbuns podem ser referência para se fazer um perfil do grupo da sala.
INQUÉRITO - Trabalhadores migrantes

     O Inquérito é uma técnica para recolher dados sobre opiniões de um grupo de pessoas. Organize um Inquérito sobre o tema: “Os trabalhadores migrantes da minha localidade’ Você pode pesquisar sobre pessoas que saíram do Brasil para outros países ou de pessoas que vieram de outros países para o Brasil. A entrevista pode ser feita, também, com os familiares das pessoas.
     Para organizar o seu Inquérito, sugere-se:

1. Com o(a) professor(a), organize algumas questões que podem ser usadas como orientadoras das perguntas do questionário.

2. Elabore o questionário, apresentando-o de forma limpa e ordenada, para facilitar o
trabalho e interessar às pessoas que forem entrevistadas,

3. Inclua, ao inicio do questionário, uma introdução esclarecendo a finalidade da entrevista e solicitando a colaboração do entrevistado,

4. Construa o questionário com poucas perguntas, originais e interessantes, cujas respostas possam ser dada de forma breve.

5. Ao final do trabalho, combine com o(a) professor(a) como deverá ser feito o tratamento dos dados (tabelas, gráficos, textos)

     Se necessário, consulte uma bibliografia sobre a temática para esclarecer dúvidas ou completar os dados do seu Inquérito.

34 - INSTALAÇÃO

     Antes de falarmos sobre instalação, faz-se necessário diferenciarmos de assemblage, já que os dois termos muitas vezes se confundem. Na década de 50, Jean Dubuffet utilizou o termo assemblage para designar obras feitas a partir de fragmentos de materiais diversos, naturais ou industrializados, que combinados com a pintura invadem o espaço tridimensional, não se limitando apenas à superfície da tela.
     Se pensarmos que o desenho e a pintura fazem parte das expressões artísticas desde a Pré-história, a instalação é uma linguagem bem recente. O termo passou a ser utilizado a partir da década de 70, designando a reunião de objetos vinculados ao espaço em que se encontram. Muitas vezes, a instalação é intransferível, ou seja, em outro local ela precisa ser reorganizada, dando origem a um novo trabalho.


35 – INSTRUÇÕES

     As atividades relacionadas com os atos de dar e de receber instruções favorecem o desenvolvimento da função normativa da linguagem, ao mesmo tempo que permitem a familiarização das crianças com a compreensão e formulação de regras de jogos, advertências, regulamentos, ordens verbais ou escritas.
     Essas atividades estimulam urna série de habilidades de linguagem e pensamento. Por exemplo, o aprendizado relacionado com o recebimento de instruções estimula a ouvi-las ou lê-las com atenção para compreendê-las e realizar uma seqüência de procedimentos. Por outro lado, o ato de dar instruções obriga o aluno a se expressar com precisão e clareza, para que seus colegas as compreendam e as executem.
     Em ambos os casos, os alunos utilizam uma modalidade de interação lingüística diferente da empregada em suas conversas espontâneas, e que exige maior rigor na expressão e na recepção para ser eficaz.

Sugestões Metodológicas
1. Macaco Simão manda
     Brinque com as crianças de Macaco Simão manda... Nesta tradicional brincadeira infantil, são dadas instruções verbais sobre procedimentos que os alunos devem executar. Esses procedimentos devem ser descritos com precisão e sua complexidade deve ser progressiva, de acordo com a idade das crianças. Por exemplo, pode-se pedir para uma criança ler as instruções escritas a fim de que sejam executadas por seus colegas.

2. O labirinto
     Esta brincadeira consiste em se desenhar um itinerário baseado numa série de obstáculos que são colocados no caminho. Os obstáculos podem ser cadeiras, mesas, mochilas ou outros objetos da sala de aula. Um aluno desempenha o papel de guia e dá instruções precisas ao guiado para percorrer o labirinto. Este último terá os olhos vendados. Para vencer o percurso é preciso chegar ao final sem ter colidido com nenhum obstáculo ou sem pisar nas linhas do labirinto desenhado, e isso dependerá da clareza e precisão com que o guia formule as instruções.
    Por exemplo, nessa brincadeira são dadas instruções como: “Dê três passos para a frente.” Se o guia disser apenas “ande para frente”, sem precisar o número de passos há muitas probabilidades de que o guiado venha a colidir com algum obstáculo.
“Vire à esquerda e avance um passo.” Caso se dissesse apenas ‘vire e avance um passo”, o guiado poderia virar para o lado contrário ao desejado.

3. Percursos
     Elabore, com os alunos, um mapa da praça ou do bairro em que fica o colégio, destacando alguns pontos de referência: urna farmácia, uma lanchonete, a igreja, um banco etc. Coloque, em algum ponto do mapa, uma pessoa imaginária solicitando informação para chegar em algum lugar e peça aos alunos que lhe expliquem, com a maior precisão possível, o percurso que deve fazer. Se for necessário, repasse as noções de direita-esquerda, tanto do pomo de vista do guia como do guiado.

4. Instruções de jogos
Promova situações nas quais um aluno explique para seus colegas algum jogo ou procedimento que só ele conheça. Peça que ele apresente, em uma seqüência ordenada, suas características e passes para compreendê-lo e realizá-lo ou jogá-lo. Se, uma vez terminada a apresentação, não houver coincidência entre sua explicação e a realização do jogo ou do procedimento, o apresentador deverá dar mais informações e corrigir o que tiver explicado com pouca clareza, um exemplo dessa atividade pode ser o seguinte:
- Escrita invisível
• Para brincar de enviar mensagens secretas, é necessário suco de limão, papel, um pincel bem fíninho, ou então uma pena natural,
• Molha-se o pincel ou a pena no suco de limão e em seguida escreve-se a mensagem no papel. Também se pode fazer desenhos.
• Antes de enviar a carta, é preciso esperar que o suco fique bem seco e ter certeza de que a escrita ficou invisível.
• O leitor deve pôr a mensagem perto de uma fonte de calor (estufa, forno quente ou a chama de uma vela e observar como a mensagem secreta vai aparecendo. (Orientar as crianças a fazer esta parte da brincadeira sempre com o auxílio de um adulto.)
• Observação: também pode ser usado suco de cebola ou leite, em vez de
suco de limão.

5. Receitas de cozinha
     Estimule seus alunos a seguir e dar instruções referentes a receitas de cozinha. Para isso, realize atividades como as seguintes:
- Converse com eles sobre alimentos e descreva, passo a passo, como você prepara sua receita predileta.
- Convide-os a descrever suas receitas preferidas.
- Com o pretexto de comemorar o aniversário de um ou mais colegas, fale e/ou escreva as instruções para fazer docinhos de biscoitos e convide os alunos a prepará-los. Por exemplo:
  • Docinhos de biscoitos moídos
Ingredientes: Biscoitos
                                  Uma lata de leite condensado
                                  Chocolate em pó

            Preparação:  • Moer as bolachas
                                • Misturar as bolachas moídas com leite condensado, até formar uma
                                   massa.                      
                                • Fazer bolinhas pequenas, com as palmas das mãos.
                                • E umedecer as palmas das mãos para evitar que a massa grude.
                                • Polvilhar as bolinhas com o chocolate em pó ou com as nozes moídas.
- Peça que copiem e compilem as receitas prediletas de suas casas e que editem um folheto de receitas. Estimule-os a entrevistar seus pais, seus avôs e os confeiteiros do bairro.
- Estimule-os a criar receitas divertidas ou de brincadeira. Por exemplo:
  • Salsichas ecológicas
Ingredientes: Massa de modelar vermelha e amarela
                                 Folhas verdes do jardim
                                 Um punhado de serragem
                  
                                  Misture cuidadosamente a serragem com a massa de modelar
                                   vermelha. Forme salsichas com essa mistura. Ponha a salsicha entre      
                                   as duas cartas. Enfeite o sanduíche com folhas do jardim e com a
                                   massa de modelar amarela.

6. Normas e regulamentos
     Familiarize seus alunos com a leitura e redação deste tipo ele instruções, que geralmente servem para realizar atos de interesse coletivo, de forma ordenada. Algumas sugestões são:
- Analise com seus alunos a conveniência de haver normas referentes ao cuidado com o ambiente, o comportamento nos recreios etc.
- Mostre exemplos de normas ou regulamentos. Por exemplo, o código nacional de trânsito, o regulamento da escola etc. Estimule a análise e a discussão desses documentos.
- Selecione junto com os alunos uma situação específica e proponha que escrevam normas. Por exemplo:
Normas para cuidar de uma gaiola aberta
• Colocar no chão da gaiola um jornal velho e um pouco de areia.
• Por diariamente, alimento para aves em um recipiente e água em outro.
• Lembrar que os pássaros não se alimentam só de sementes, também gostam de alface e aipo.
• Pendurar a gaiola em um lugar do pátio da escola visitado por pássaros e manter sua porta aberta.
• Manter sempre a água e os alimentos frescos.
• Trocar o jornal e a areia diariamente para manter a gaiola limpa.
• Observar os pássaros sem ser visto por eles.

36 – JOGO DE TRILHA

  • Agora vamos transformar a história do herói Ulisses em um jogo.
  • Leia o texto a seguir e preste atenção nas regras. A ilustração servirá de tabuleiro.
  • Serão necessários um dado e botões coloridos que serão movimentados por cada um
dos jogadores.
  • Você acompanhará o retorno de Ulisses a Ítaca, cuja trajetória foi repleta de aventuras, desafios e obstáculos. Seu objetivo será percorrer todo o tabuleiro, reproduzindo a viagem do herói. Vence o jogo quem conseguir chegar primeiro ao destino de Ulisses: a ilha de Ítaca.
  • Vá deslocando seu botão nas casas de acordo com o resultado dos dados e faça o
que se estabelece em cada etapa.
• Circe (casa 5): feiticeira que morava na ilha de Ea, onde os marinheiros de Ulisses foram transformados em porcos, leões e cães. O herói salvou-se graças à ajuda do deus Hermes. Circe enamora-se de Ulisses, que lá permanece durante um ano.
• OBSTÁCULO. Você perdeu a vez. Na próxima rodada, não poderá jogar.
• Ciclope (casa 10): gigante de um olho só. Era pastor de carneiros, morava em uma caverna de uma ilha e comia carne crua. Ulisses foi capturado por ele e aprisiona do com mais doze companheiros. O herói furou-lhe o único olho com uma ponta de madeira em fogo. Cego de dor, o gigante colocou-se de guarda à entrada da caverna para não permitir a fuga dos prisioneiros. Pela manhã, ao soltar os carneiros, passava-lhes a mão pelo dorso para verificar se se tratava realmente dos animais. Ulisses e seus companheiros escaparam, amarrados dois a dois sob o ventre dos animais. Avance duas casas.
• Hélio (casa 15): jovem de grande beleza que representava o sol, com a cabeça cercada de raios, como uma cabeleira de ouro Quando os companheiros de Ulisses comeram os bois de chifres dourados pertencentes a Hélio, este ameaçou retirar-se para o seu palácio embaixo da terra se os culpados não fossem castigados. Ulisses foi empurrado para o sul pela cólera de Hélio. Vá para Siracusa (também na casa 15) e fique uma rodada sem jogar.
• Emulo (casa 20): filho de Possêidon, era o rei dos ventos e da ilha Eólia. Ulisses foi muito bem recebido na ilha, onde ficou hospedado com seus companheiros durante um mês. Quando partiu, Éolo deu-lhe um odre (recipiente feito de pele de animais) com todos os ventos, menos um, que, solto, deveria levá-los diretamente a Ítala. No caminho, porém, os companheiros de Ulisses abriram o odre pensando que continha vinho e libertaram os ventos furiosos, que tocaram o navio para trás.
• OBSTÁCULO. Volte para a posição anterior (casa 15).
• Calipso (casa 25): ninfa (divindade da natureza com aparência de uma linda jovem) que vivia na ilha de Ogígia, onde naufragou Ulisses. Ela o acolheu e agasalhou, mas,
apaixonada, aprisionou-o durante muito tempo. A deusa Atena pediu a Zeus que libertasse Ulisses. Zeus enviou Hermes à ilha para ordenar a Calipso a libertação do herói. Obedecendo, a ninfa forneceu-lhe madeira para fazer um barco e alimentos para a viagem, indicando-lhe os astros que o guiariam. Avance três casas.
• Lotófagos (casa 30): habitantes da ilha de Cítera, acolheram gentilmente o herói. Deram-lhe de comer do fruto (lótus) de que se alimentavam, mas que lhes fazia perder a memória. Os companheiros de Ulisses esqueceram o desejo de voltar à Ítala e o herói teve de forçá-los a voltar para o mar.
• OBSTÁCULO. Esqueceu de jogar, perde duas jogadas.
• Lestrigões (casa 35): gigantes antropófagos que devoravam estrangeiros. Aportando à terra desse povo, Ulisses mandou dois companheiros reconhecerem o local. À porta de uma cidade, encontraram uma jovem gigantesca que os levou até seu pai, o qual matou um deles e ameaçou a todos os que por lá aparecessem. Dirigindo-se ao porto, o gigante começou a atirar rochedos nos navios, esmagando-os todos, exceto o de Ulisses, que conseguiu fugir
Avance uma casa.
• Bóreas (casa 40): deus do vento norte, representado por um demônio alado e barbudo. Ulisses foi envolvido pelos ventos soprados pelo deus e lançou-se ao desconhecido, rumando, sem saber, em direção ao aí s dos lotófagos. Volte para a companhia dos lotófagos (casa 30).
• Feáceos (casa 45): marinheiros que se dedicavam ao comércio e à navegação. Utilizando um navio desse povo, Ulisses finalmente chegou a Ítaca. Os feáceos foram punidos pelo deus Possêidon por terem ajudado o herói. Você está quase chegando a Ítaca. Jogue o dado novamente.
• Ítaca (casa 50): você cumpriu o seu destino.

37 – JOGO DE ERROS


38 – JORNALISMO ESCOLAR

Opção 1

     O jornalismo escolar constitui uma estratégia de desenvolvimento da escrita, que visa a estimular várias funções da linguagem escrita, especialmente a função informativa. Refere-se principalmente a atividades narrativas baseadas na coleta de fatos e dados destinados à elaboração de um jornal mural, jornal de classe, revista escolar ou outro tipo de projeto relacionado com o conhecimento da escola ou da comunidade.
     Inclui atividades como registro sensorial, redação de notícias, crônicas, cartas à redação, avisos e anúncios, entrevistas, registros de experiência, informações e reportagens científicas, artísticas, esportivas, além de outros textos narrativos da cultura oral dos alunos.
     As atividades mencionadas permitem desenvolver uma série de habilidades de linguagem oral e escrita, dentro de um contexto significativo e com uma intenção de comunicação clara para os alunos. Facilitam ainda a prática dos aspectos caligráficos, ortográficos, gramaticais e de organização da escrita, dando oportunidade para os alunos expressarem seus conhecimentos, humor e fantasia. Algumas delas, como a escrita de noticias ou avisos, podem ser desenvolvi das desde o início da vida escolar, como um componente da sala letrada.

Sugestões Metodológicas
1. Notícias
     A notícia é um tipo de texto que consiste em redigir, de forma precisa, um fato de interesse geral. Pode se tratar de algo ocorrido na classe, no colégio, durante um passeio, no bairro etc.
     A notícia constitui uma forma simples de redação, baseada na enumeração precisa dos dados colhidos pelo aluno/jornalista. Nela, responde-se basicamente às perguntas: o quê?, quem?, onde?, quando?, como?, por quê?
     Os alunos podem escrever notícias referentes a fatos ocorridos em âmbitos que vão desde o colégio, o bairro, a cidade, o pais, até notícias internacionais que atraiam seu interesse. Geralmente, são privilegiadas as notícias que afetam diretamente os alunos, como uma viagem realizada pelos pais, o nascimento de unia irmãzinha, a chegada de um cachorrinho ou outro bíchinho de estimação em casa, o casamento de um irmão etc.
Para estimular as crianças a “caçar”e escrever notícias, realize as seguintes
atividades:
- Conte e comente notícias ouvidas em casa, na classe, no recreio, no rádio ou tevê e/ou lidas nos jornais.
- Convide-os a selecionar as mensagens que queiram comunicar a partir de uma situação especifica: a classe, a vida escolar, a comunidade, acontecimentos nacionais ou internacionais.
- Peça que determinem a quem serão dirigidas às notícias.
- Sugira que se interroguem a respeito do conteúdo da notícia fazendo as seguintes perguntas:


- Leia, junto com os alunos, notícias de um jornal e identifiquem nelas as respostas às seis perguntas-chave.
- Uma vez respondidas oralmente, estimule-os a utilizar na redação da notícia um vocabulário simples e preciso, escolhendo as palavras com que habitualmente
são designados os acontecimentos, coisas ou pessoas a que se refere a notícia.
- Ensaie junto com eles a redação das noticias, usando orações diretas e breves, se a ordem lógica da oração gramatical: sujeito, verbo e complemento.
- Estimule-os a experimentar e selecionar um titulo que sintetize o conteúdo da notícia ou que destaque um dado relevante e que chame a atenção do leitor.
- Estimule-os a escrever a notícia. Por exemplo:

- Estimule-os a escrever notícias divertidas ou a trocar o texto de uma notícia atual por outra futurista. Por exemplo:


2. Crônicas
A crônica implica a redação de uma informação detalhada de um acontecimento que o aluno/jornalista tenha presenciado. As crônicas podem incluir as mesmas notícias desenvolvidas da forma acima descrita e também podem se referir a eventos esportivos, religiosos, artísticos, musicais e científicos que sejam interessantes para os alunos.
Para estimular a redação de crônicas, podem ser realizadas as seguintes
atividades:
- Identifique, junto com os alunos, as crônicas de um jornal e destaque as principais características que as diferenciam da notícia:
• São um tipo de reportagem mais extensa e rica que a notícia propriamente dita.
• Aos dados principais, são acrescentados outros antecedentes específicos ou complementares e também certas observações de caráter subjetivo ou
apreciativo.
• Estão integradas, geralmente, por dois aspectos principais:
1. A informação detalhada dos fatos, tal como ocorre na notícia.
2. Os conceitos expressos na ocasião, por meio de opiniões, depoimentos ou declarações de pessoas.
- Sugira que selecionem um tema ou conteúdo para elaborar uma crônica
- Solicite que compareçam ao local dos fatos e tornem notas, com base nas seis perguntas-chave enunciadas para a notícia. Também podem ser-lhes úteis as indicações contidas no registro sensorial.
- Ensine os alunos a redigir as observações obtidas em parágrafos distintos, para assegurar sua legibilidade tanto física quanto conceitual. Ou seja, ajustar-se a uma ordem ou estrutura, como por exemplo, à pirâmide invertida, que consiste em seguir uma ordem decrescente quanto à importância dos ele mentos, como ilustra o seguinte gráfico:

- Sugira que incluam, quando for o caso, opiniões, comentários ou citações textuais (entre aspas) de pessoas participantes.
- Convide-os a ler crônicas no jornal e a identificar as diferentes formas de elaborá-las.
- Estimule-os a escrever crônicas e sugira que utilizem um vocabulário mais rico que o empregado na notícia, lembrando especialmente os sinônimos, a adjetivação, as comparações, metáforas e outros recursos literários.
- Peça que experimentem e depois selecionem títulos ou cabeçalhos que chamem a atenção do leitor.
- Mostre crônicas escritas por alunos no jornal mural. Por exemplo:




3. Cartas à Redação
     As cartas à redação são redigidas quando as pessoas querem dar uma opinião sobre algum artigo publicado, agradecer ou denunciar um fato real, acrescentar ou retificar algum conteúdo; ou quando sentem necessidade de informar um fato ou uma questão pessoal aos leitores do jornal.
A elaboração de cartas à redação do jornal da escola ou da localidade pode ser estimulada através das seguintes atividades:
- Leia para os alunos a seção do jornal dedicada às cartas à redação; analise e comente com eles seus diferentes conteúdos.
- Peça que observem como começa e como termina cada carta.
- Sugira que sublinhem as orações ou o parágrafo onde está exposto o fato ou a opinião que justifica a carta.
- Chame sua atenção para os dados que complementam ou justificam as opiniões ou comentários apresentados.
- Ajude-os a diferenciar os falos das opiniões dadas nas cartas.
- Estimule a conversação sobre possíveis conteúdos de uma carta à redação: ressaltar uma boa ação, denunciar um problema que requer uma solução, opinar sobre algo em que se acredita firmemente etc. Anote os temas na lousa.
- Peça que selecionem o tema que mais lhes interesse e que redijam uma carta à redação, individualmente ou em grupo.
- Ajude-os a revisar sua redação por meio dos seguintes passos:
a) Ler a carta colocando-se no lugar do chefe da redação do jornal.
b) Fazer as correções ou acrescentar o que seja conveniente.
c) Perguntar se está bem claro o motivo que o levou a escrever a carta, ou se sua redação desviou-se para outros temas; isto é, se o motivo está escrito com muitos rodeios, se os argumentos são convincentes, se é necessário tirar ou acrescentar alguma coisa etc.
d) Observar se foram cumpridas as normas de boa educação no começo e no fim da carta.
e) Reescrever a carta à redação, se for o caso. Exemplo:

4. Avisos e anúncios
     Os avisos e os anúncios dão, de forma direta e breve, uma informação importante tanto para quem a emite como para o destinatário. Os jornais e as revistas comerciais têm uma seção especial para eles que, geralmente, são apresentados na forma de classificados.
     No âmbito escolar, os avisos e os anúncios podem se referir a vender, comprar ou presentear coisas (guloseimas, artesanatos, animais de estimação, flores); fazer intercâmbio de gravações de música, de selos, livros, revistas; dar resultados de competições esportivas; oferecer ou procurar trabalho; comunicar excursões, passeios ou viagens; informar sobre nascimentos, falecimentos, casamentos, mudanças, aniversários e outros eventos que digam respeito à classe, à comunidade escolar ou à localidade.
     A atividade de escrever avisos e anúncios pode ser realizada com base nas seguintes sugestões:
- Junto com os alunos, observe, leia em voz alta e recorte diferentes tipos
de avisos ou anúncios de um jornal que lhes interesse.

- Determine com eles seus conteúdos, faça comentários, brinque de fazer transformações.
- Estimule-os a escrever avisos para serem publicados no jornal mural ou para serem enviados para rádios ou jornais da localidade.
- Peça que especifiquem o conteúdo e o redijam da forma mais direta e natural possível (ir diretamente ao assunto), levando em conta o público leitor ou ouvinte a que está dirigido.
- Sugira que evitem palavras desnecessárias. Podem imaginar que o aviso será publicado em um jornal que cobra por palavra publicada.
- Peça que experimentem e selecionem títulos ou cabeçalhos que chamem a atenção do leitor.
- Sugira que façam a revisão da redação, considerando o seguinte:
•          Reler o aviso ou anúncio e verificar se seu propósito está claro.
•          Observar se os dados são precisos e se respondem às perguntas que o leitor faria. Por exemplo: o que estão vendendo?, onde? etc.
•          Verificar se os dados do emitente do aviso estão claramente identificados para que possam entrar em contato com ele.
•          Analisar se o titulo do anúncio é interessante e esclarecedor para os leitores.
•          Eliminar palavras ou detalhes desnecessários. Se faltar algum dado, acrescentá-lo.
•          Fazer intercâmbio dos avisos e anúncios redigidos com os colegas e considerar seus comentários críticos.
•          Reescrever o anúncio ou aviso com o máximo de clareza, se for necessário.
- Peça que coloquem seus avisos e/ou anúncios no jornal mural. Por exemplo:

5. Registro sensorial
     O registro sensorial implica escrever as percepções recebidas através dos sentidos, incluindo pensamentos e sentimentos relacionados com o mundo interior; serve de preparação para a redação de notícias, crônicas etc.
     Os registros sensoriais realizados pelos alunos podem se desenvolver dentro da sala de aula de artes plásticas, nas atividades esportivas, durante os recreios, em um passeio pela praça ou em um parque etc.
     Com o fim de estimular seus alunos a efetuar um registro sensorial sugerimos o seguinte:
- Encontre um lugar tranqüilo onde as percepções possam ser registradas por escrito comodamente.
- Estimule os alunos a escolher individualmente um sentido (visão, audição, olfato, tato) para realizarem sua observação objetiva sobre o mundo que os rodeia.
- Comente com eles o conteúdo e o lugar da observação.
- Peça que tomem nota das sensações que perceberem, sem se preocupar com a redação ou com a ortografia nesta etapa.
- Sugira que omitam as explicações e as interpretações que se associem aos dados perceptivos
- Uma vez completado o registro sensorial, peça que observem objetivamente o mesmo conteúdo usando outra modalidade sensorial.
- Peça que leiam seus apontamentos, as palavras isoladas, as frases etc. e que os organizem em um ou mais parágrafos.
Por exemplo:
Indicadores de Êxitos
- Os alunos dominam o modelo caligráfico cursivo, que permite que seus textos sejam legíveis para eles e para os outros.
- Dominam progressivamente outros tipos de escrita manuscrita.
- Escrevem canções, cirandas, adivinhações e outras expressões de sua cultura oral.
- Trocam cumprimentos por aniversários, felicitações em geral, cartas, agradecimentos, desculpas, convites, recados, mensagens, dentro de situações reais.
- Escrevem anedotas, diários pessoais, recordações de infância, autobiografias; escrevem sobre o que lhes agrada e lhes desagrada, suas aspirações etc.
- Criam acrósticos, limericks e poemas, partindo de associações de palavras, comparações, metáforas e empréstimos da literatura.
-Escrevem histórias, narrações e lendas por meio de empréstimos da literatura, uso de estruturas narrativas, criações pessoais, etc.
- Fazem colagens malucas e escrevem piadas, provérbios quebrados, límericks divertidos, dicionários criativos etc., durante suas oficinas de escrita criativa.
- Escrevem noticias, crônicas, entrevistas, reportagens, tirinhas cômicas, anúncios e outras matérias para um jornal mural ou outro tipo de publicação.
- Mostram na produção de seus textos, criativos ou formais, um uso adequado de estruturas gramaticais progressivamente mais complexas.
- Participam de oficinas de escrita criativa onde produzem vários tipos de textos.
- Fazem, em seus textos variados, a adequação da linguagem em função de seus propósitos e do destinatário.
- Os textos que aparecem nos cartazes, no jornal mural, no jornal da classe ou da escola são legíveis, apresentam vários tipos de letra e de diagramação.
- Editam suas produções escritas para que sejam socializadas: escrevem para serem lidos por outros.

Opção 2

Elaboração de um jornal

     Muitos jornais costumam apresentar cadernos que tratam de assuntos específicos ou que são destinados a um público determinado. Por isso, ao folhear jornais, você poderá encontrar cadernos de informática, turismo, cadernos destinados especialmente ao público feminino, ao público infantil, etc.
     Para encerrar esta unidade, você vai realizar em grupo algumas atividades que resultarão na elaboração de um caderno de jornal destinado a crianças e a pré-adolescentes. Nesta primeira edição do caderno, ele tratará do tema:  O mundo da comunicação. Leia inicialmente as orientações a seguir e mãos à obra!

• Planejamento
     A elaboração de um jornal depende de um planejamento. Para isso, forme seu grupo com alguns colegas. Cada elemento será responsável por um tipo de tarefa. É muito importante que, inicialmente, sejam lidos alguns cadernos de jornais destinados a crianças e a pré-adolescentes, a fim de observar como eles são organizados: se há anúncios, se há seção de cartas do leitor, etc. Depois, vocês discutem como o jornal será produzido: que seções apresentará e quem fará o quê.

• Elaboração da pauta
     O passo seguinte será a elaboração da pauta, ou seja, vocês devem fazer um roteiro dos assuntos que serão tratados, bem como a maneira como serão abordados. Como o jornal a ser produzido tratará de temas liga dos à linguagem e à comunicação, as matérias, evidente mente, tratarão desses temas. Poderá haver matérias que falem de modernos meios de transmissão de mensagens, de como surgiu a escrita, dos diferentes tipos de linguagem, da linguagem utilizada em outras disciplinas (a linguagem da matemática, por exemplo).


• Redação e diagramação
     Um jornal normalmente apresenta linguagem verbal e linguagem não-verbal (fotos, ilustrações, gráficos, etc.). Seu grupo deve decidir quais alunos se encarregarão de escrever os textos. Para isso, vocês deverão definir o tema sobre o qual escreverão e, a seguir, pesquisá-lo em livros, revistas, enciclopédias, Internet, etc. Outros colegas se encarregarão das ilustrações para o texto, arranjando fotos, elaborando gráficos, ou criando desenhos.

• Oferta de espaços para anúncios
     Um jornal também costuma apresentar anúncios publicitários Assim, um de vocês será responsável pela parte comercial. A função desse aluno será a de conseguir anunciantes. Os anúncios poderão ser do tipo classificados (alguém querendo trocar uma bicicleta por um vídeo game, por exemplo).

• Divulgação
     Um jornal precisa ser divulgado para ser conhecido. Portanto, um integrante do grupo fará o trabalho de divulgação, criando uma campanha publicitária para seu lançamento (podem-se espalhar pela escola cartazes anunciando o seu lançamento).

• Avaliação
     A maior recompensa para quem produz um jornal é que ele seja lido e que os leitores gostem dele. Agora é a vez de o grupo avaliar o jornal que produziu. Inicialmente, avaliem a participação do grupo e de seus componentes. Os textos foram bem redigidos? São claros? Estão adequados ao público que vai lê-los? A seção de classificados está bem organizada? Há informações suficientemente claras sobre os produtos que se querem vender, comprar ou trocar? Avaliem também as ilustrações São apropriadas? Ajudam a esclarecer o texto?
     Alguns jornais costumam apresentar uma seção denominada Erramos. Nela, o jornal corrige eventuais erros que cometeu em edições anteriores. Caso, depois de pronto, o jornal apresente alguma informação inadequada ou erro, elaborem uma seção denominada Erramos, em que vocês farão as devidas correções.

Opção 3

Produção de um jornal

1. Textos informativos
São aqueles que relatam fatos da atualidade de maneira clara e objetiva. Limitam-se, portanto, a divulgar os fatos. A notícia, a entrevista e a reportagem são tipos de textos informativos. Cada um deles tem estrutura diferente:
  • Notícia:
     A notícia é o relato objetivo de um acontecimento atual de interesse geral, acompanhado das circunstâncias explicativas dignas de destaque. Entre os múltiplos elementos de interesse da notícia, destacam-se os seguintes: o insólito, os conflitos, a delinqüência, oculto ao herói e à fama. Os quatro fatores que valorizam a notícia são: importância, proximidade, veracidade, oportunidade.
     Estrutura da notícia: A notícia tem uma estrutura quase fixa. Ela é dividida em três partes: manchete, ad e corpo da notícia. Tem desenvolvimento parecido com o da novela policial: apresenta-se o crime, explica-se o acontecimento e progressivamente chega-se ao criminoso, ou seja, aos dados e circunstâncias que rodeiam o fato:
• As manchetes identificam e classsificam as notícias, despertam a atenção do leitor e podem exprimir a intenção comunicativa ou o ponto de vista do jornal. A manchete é o que primeiro desperta o interesse dos leitores deve ser muito atraente e instigante para despertar o desejo de ler a notícia completa. Deve reunir as seguintes características: reproduzir a informação fielmente, realçar a novidade da notícia, ser concisa; alguns elementos lingüísticos podem ser omitidos: artigos, verbos ser e estar, além de tudo que possa ser subentendido; os verbos geralmente devem ser substituídos por substantivos. Evitar sinais de pontuação e a divisão silábica das palavras Trazer os verbos no tempo presente e no modo afirmativo. As manchetes, geralmente, vêm acompanhadas de um sub-título, chamado de olho no jargão jornalístico.
• O lead (ou a cabeça da notícia) é o parágrafo inicial que resume os dados essenciais da notícia, seguindo o esquema narrativo das perguntas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Sua função é dupla: captar a essência da notícia e ao mesmo tempo prender a atenção do leitor.
• O corpo da notícia se compõe de uma sucessão de parágrafos organizados numa estrutura piramidal invertida, Os dados apresentam-se em ordem decrescente de importância.

  • Entrevista
     A entrevista consiste em um diálogo do jornalista com uma ou mais pessoas. Além disso:
• Os temas tratados podem ser aspectos biográficos ou pessoais do entrevistado, suas opiniões sobre determinado assunto ou sobre fatos acontecidos de interesse geral.
• O entrevistado, uma vez apresentado, responde a perguntas do repórter, iniciando-se assim um diálogo acompanhado de pausas e apartes.
• As perguntas devem ser claras, diretas, relacionadas entre si e ordenadas.

  • Reportagem informativa
     A reportagem informativa tem as seguintes características:
• É um texto sobre fatos pesquisados pelo jornalista e de interesse do leitor.
• É de menor atualidade que a notícia.
• Abrange múltiplos assuntos: desastres de trânsito, costumes de um povo, lazer da juventude atual.
• É assinada e costuma vir acompanhada de fotografias.
• Tem a mesma estrutura que a notícia. Deve prender a atenção do leitor já no lead. No corpo da reportagem, porém, os fatos podem ser organizados com relativa liberdade.
• É relatada na terceira pessoa, com a finalidade de reduzir a subjetividade do repórter.

2. Textos interpretativos e opinativos
Explicam os fatos, situando-os no contexto em que aconteceram. Expõem idéias partindo do conhecimento dos acontecimentos e suas repercussões, dando mais importância à avaliação, à opinião e à análise que o autor ou o jornal fazem dos mesmos. Nos textos interpretativos e opinativos, as considerações objetivas e subjetivas se misturam. Dentre eles, destacam-se a crônica, o editorial, o artigo de opinião (ou comentário), as charges e textos satíricos e as cartas ao editor.
  • Crônica
     A crônica apresenta as seguintes características:
• Traz a informação direta e imediata de uma notícia com caráter
interpretativo e valorativo.
• A personalidade do jornalista está presente.
• Tem origem na antiga crônica medieval: o cronista relatava, interpretava e avaliava os fatos, utilizando todo tipo de recursos para despertar a atenção do expectador, surpreendê-lo e emocioná-lo.
• Também se divide em título, lead e corpo. Sua estrutura, porém, é mais livre, permitindo múltiplas possibilidades, mas sempre organizando o conteúdo de maneira coerente.
• Trata de temas variados:
acontecimentos bélicos, esportivos, atualidade política e cultural (estréias teatrais e eventos culturais em geral).

  • Textos satíricos
     Os textos satíricos, as charges e as caricatura com seu olhar irônico sobre os fatos e críticas às vezes exacerbadas, são formas de comunicação estimulantes e saborosas.

  • Editorial
     Principais características do editorial:
• É um texto sem assinatura que expressa a opinião ou ponto de vista do veículo de comunicação a respeito de um fato relevante ou de atualidade imediata.
• Ocupa um espaço fixo no jornal ou na revista.
• Pode haver vários editoriais em uma edição de jornal.
• Possui título e corpo, como da notícia. No corpo, as idéias são apresentadas em ordem crescente e com a seguinte estrutura interna: apresentação do tema; análise dos fatos; as conclusões e conseqüências dessa análise.

  • Cartas ao editor
     As cartas ao editor são textos dos leitores dirigidos ao jornal. Elas geralmente:
• Comentam, denunciam, elogiam ou esclarecem fatos da atualidade.
• Devem respeitar a forma e as normas estabelecidas pelo jornal; isto é, em geral, devem ser breves, datilografadas, assinadas e trazer a identificação do remetente.

  • Artigo de opinião ou comentário
     É um artigo interpretativo e opinativo, cujas principais características são:
• Avaliar um fato e orientar os leitores.
• Explicar de modo pessoal as notícias, apresentando-as em sua abrangência e circunstâncias.
• Pode abranger todos os temas, as idéias e os estilos.
• É assinado; o autor se responsabiliza por sua opinião.
O esquema de trabalho é livre.
Usa maior número de recursos lingüísticos, inclusive literários.

3. Interpretação de um texto jornalístico
     Para interpretar de maneira correta o sentido e a intenção do texto elaborado por um jornalista, devem ser considerados os seguintes itens:
• Ler o texto em si, inicialmente sem levar em conta outros elementos significativos.
• Analisar a sua estrutura: informações que contém; organização e ordem; enfoque dado à informação (neutralidade, subjetividade política, ideológica, crítica), termos ou expressões usados pelo jornalista.
• Avaliar os signos icônicos e tipográficos (espaço, localização, contexto, tipo e corpo das letras, quadros, grifos, desenhos e fotografias).
• Interpretar a objetividade ou subjetividade das manchetes. Depois de feita a leitura e a
interpretação do texto, é possível concluir e emitir um juízo pessoal.

4. Linguagem dos meios audiovisuais
     Os meios audiovisuais de comunicação, como a televisão, utilizam a linguagem jornalística na sua forma oral. A televisão apóia-se também na imagem, que exerce uma grande influência na transmissão da mensagem. Atualmente a televisão é o meio de comunicação de massa mais influente na divulgação de modas, costumes e hábitos lingüísticos, que nem sempre são os mais corretos.

Glossário
Códigos: sistemas de signos e regras que permitem formular uma mensagem e compreendê-la.
Culto ao herói: reverência inadequada ou exagerada a uma figura pública determinada, geralmente uma personalidade histórica ou um político.
Enfoque: maneira determinada de focalizar, ou tratar um determinado assunto.
Equívocas: frases que possuem mais de um significado ou se prestam a mais de uma interpretação.
Icônico: signo que tem uma relação de semelhança com o objeto representado: um televisor para simbolizar a programação das diferentes emissoras.
Insólito: incomum; contrário ao costume, ao uso, às regras.
Jargão: gíria profissional, difícil de ser compreendida por todas as pessoas.
Mensageiro: que anuncia, ou leva e traz com rapidez, uma mensagem

39 – JORNAL FALADO

     Nos jornais falados, apresentados por emissoras de rádio e de televisão, os locutores não improvisam suas falas; as notícias e os comentários são escritos previamente. Quando são apresentados por duplas, seus integrantes combinam com antecedência quem falará o quê; quando alguém vai comentar a notícia, também combina com os apresentadores o momento de fazê-lo.

Criem um jornal falado
Com dois colegas, faça esta atividade, com base nas informações fornecidas pelos textos deste capítulo, (como os de televisão), no qual serão dadas as seguintes notícias:
Notícia 1: Uma empresa alterou o conteúdo de um de seus produtos e, por causa da queixa feita por uma consumidora, foi multada.
Notícia 2: Usando os dados da pesquisa, informem a variação de preço de um mesmo produto em estabelecimentos diferentes.
Dois alunos, alternando as falas, irão se encarregar de dar as notícias. O terceiro aluno será chamado por um dos apresentadores do jornal para comentá-las.
Para a apresentação do jornal, procurem observar o seguinte roteiro:
a) Escrevam num papeL as notícias e o comentário.
b) Combinem quem dará cada uma das notícias e quando o comentário será feito.
c) Enquanto um estiver dando a sua notícia, os outros deverão estar atentos para, logo em seguida, dar sua notícia ou fazer seu comentário.
d) Lembrem-se de falar nem muito depressa, nem muito devagar, pronunciando claramente as paLavras e dando a devida entoação às frases.
e) Não se esqueçam de que as noticias e os comentários em jornais falados costumam ser curtos.

A critica com relação ao jornal falado:
a) Ele foi lido com expressividade, observando-se a entonação e as pausas?
b) A informação e o comentário foram dados com objetividade?
c) A linguagem utilizada foi adequada?




40 - O JORNAL COMO OBJETO DE ESTUDO

1. Características gerais
- Forme grupos de alunos, ofereça-lhes diferentes jornais e convide-os a conhecê-los, observando aspectos como:
• sua macroestrutura: nome, manchetes, índice, seções;
• sua diagramação: seções, manchetes, qualidade da impressão, ilustrações, gráficos etc.;
• seu conteúdo: nome e conteúdo das diversas seções etc.;
• sua microestrutura: vocabulário, expressões e estruturas sintáticas utilizados.
- Convide-os a comparar as características dos diversos jornais analisados, ensinando as denominações usadas no âmbito jornalístico, tais como: página editorial, primeira página, páginas centrais etc. Peça que explicitem sempre as características observadas.
- Estimule os grupos de alunos a elaborar um jornal que contenha as principais características observadas.
- Estimule-os a descobrir quais seções ou que tipo de informação comida nos jornais se relacionam com conteúdos abordados na escola.
- Comente com eles quais foram as seções ou informações que mais lhes interessaram,

2. Perfil e identidade
     Forme grupos de alunos e ponha à sua disposição diferentes jornais; trabalhe com exemplares completos para não apresentar informações isoladas ou fora de contexto. Estimule-os a descobrir em cada um os motivos de determinada diagramação, a intencionalidade existente por trás das mensagens, a informação que está mais destacada; isto é, ajude-os a descobrir qual é o perfil do jornal e sua identidade. Esse objetivo pode ser atingido por meio dos seguintes passos:
- Observar que tipo de informação é privilegiada pelo jornal (notícias policiais, esportes, política etc.); a que países ou regiões dá prioridade; que tipo de personagens públicas aparecem com maior freqüência (políticos, esportistas, delinqüentes) etc.
- Observar a importância que o jornal atribui aos diversos tipos de informação, por meio da localização que lhes destina: que informação coloca na primeira página, nas páginas ímpares, na metade superior das páginas etc.
- Observar como se apresenta a informação: quanto espaço ocupa, de que tamanho é seu título, como está redigida, se inclui ilustrações, se estão respondidas as seis perguntas básicas: o quê, quem, onde, quando, como e por quê; se está relacionada com outras informações da mesma página ou de outra do mesmo jornal.
- Comentar com os alunos as diferenças encontradas entre os diferentes jornais, quanto a seu perfil e identidade, e estimulá-los a tomar consciência dos aspectos que refletem essas diferenças, mediante atividades como:
• comparar e analisar outras publicações a partir deste ponto de vista;
• elaborar, em grupo, diversos jornais que apresentem identidades diferentes;
• comentar alguma notícia do dia e expor seus pontos de vista; procurar a mesma notícia em vários jornais e analisar as diversas interpretações que dela são feitas, a forma como foi apresentada, o lugar que ocupou nos diversos jornais etc. Estimule-os a tomar consciência da diferença entre um fato qualquer e uma notícia.





O jornal como fonte de informação e recurso didático

1. Desenvolvimento de competências lingüísticas
Utilize o jornal para desenvolver as habilidades de leitura e escrita dos alunos, referentes ao questionamento e compreensão de textos, à leitura oral, à produção de diversos tipos de texto para serem incluídos no jornal da classe ou da escola etc. Peça que folheiem os jornais, que se concentrem em determinadas seções, antecipando seus conteúdos, que estudem mais a fundo alguns temas encontrados, que leiam alguma notícia em voz alta, que leiam de forma dramatizada, como se fosse um programa de notícias da tevê etc.

2. Leitura critica
     Estimule o desenvolvimento da leitura crítica de seus alunos convidando-os a:
- comparar informações de diversas fontes;
- distinguir entre fatos e opiniões;
- estabelecer relações de causa e efeito;
- antecipar resultados;
- identificar características de personagens ou situações;
- descobrir as conotações implícitas nas palavras utilizadas ou no texto em seu conjunto;
- captar seu sentido fundamental etc.
     Também é importante estimulá-los a formar um juízo sobre a legitimidade ou integridade do autor, partindo da análise dos conhecimentos refletidos no texto sobre determinada matéria, as fontes aludidas, o sentido que lhes é atribuído, as omissões feitas, suas ênfases etc.

3. Pesquisar usando o jornal
     Convide os alunos a pesquisar um determinado tema, baseando-se nos seguintes passos:
- Ler uma determinada seção em diversos jornais, por exemplo, a seção de esportes, e estimulá-los a comentar o que leram.
- Compartilhar, com os colegas, seus conhecimentos e experiências sobre o tema, com o objetivo de ativar seus esquemas prévios, além de socializar e expandir os conceitos que utilizam a esse respeito.
- Selecionar um tema mais restrito. Por exemplo, quais são os esportes mais praticados no país?
- Procurar, em diversos jornais, as informações publicadas sobre o tema selecionado e abrir um arquivo que também inclua ilustrações, esquemas ou gráficos.
- Procurar informação adicional em livros ou revistas.
- Elaborar um texto com base nas informações disponíveis, nas respostas às perguntas surgidas durante a leitura e expressando os próprios pontos de vista.
- Ler criticamente as informações publicadas no jornal, a partir do nível mais profundo de informação que tenham alcançado durante seu trabalho de pesquisa.
- Estabelecer a relação entre esse tema e os conteúdos abordados na escola.

4. Compreensão da leitura
     Realize, com os alunos, atividades que favoreçam o desenvolvimento da compreensão da leitura, como captar as idéias principais, detalhes, seqüências de fatos, seguimento de instruções, antecipação de resultados etc.

5. Expansão do vocabulário e da utilização dos verbos
     Trabalhe com os alunos para aumentar seu vocabulário, realizando atividades como:
- Pedir que escrevam em uma folha ou no caderno as palavras ou expressões do jornal que não conheçam.
- Utilizar as perguntas: Quê? Quem? Quando? Onde? para tentar classificar as palavras.
- Agrupar palavras por categorias como: palavras que expressam senti mentos, ações, profissões etc.
- Convide os alunos a analisar a conjugação dos verbos utilizada no jornal.
- Estimule-os a trocar esses verbos por outros, a conjugá-los em outro tempo verbal, a trocar a pessoa etc.

6. Vida cotidiana
     Proponha a realização de atividades que permitam aos alunos estabelecer
relações entre os conteúdos abordados na escola e a realidade cotidiana. Por exemplo:
- Procurar no jornal algum trabalho que gostariam de realizar quando forem adultos e verificar que salário ganhariam.
- Calcular o montante mínimo das despesas para viver, pesquisando quanto é o aluguel de uma casa em um bairro que lhes agracie, o colégio, a alimentação, o vestuário etc.
- Comparar as receitas com as despesas; tentar restringir o orçamento e tomar conhecimento da situação das pessoas que trabalham na área que es tão analisando.
- Estimule-os a comparar as despesas mensais de uma pessoa ou o sa mínimo com o custo do recital de um cantor famoso, de um avião de guerra, do passe de um jogador de futebol, do salário de um engenheiro, de um médico.

7. Novas motivações
     Utilize as informações do jornal para introduzir os alunos em temas novos, por exemplo, a descoberta de uma supernova, para introduzir o tema da astronomia; as inundações na Colômbia, para estudar os fenômenos meteorológicos; a procissão do Círio de Belém, para estudar as tradições regionais etc.

41 - A LEITURA E A ESCOLA.

UMA CARTA DE INTENÇÕES

REFLEXÕES INICIAIS
     As questões relativas à leitura e aos gestos de ler vêm sendo muito discutidas, já há mais de duas décadas. O ato de ler, antes restrito a ambientes fechados, hoje, acontece em todos os lugares. Lê-se em casa, mas lê-se também nos bancos das praças, nas ruas, no ônibus, no metrô, nos aviões. E além de textos nas mãos, o indivíduo recebe outras mensagens escritas: placas, avisos, luminosos, out-doors.
     Nos últimos dois séculos, a leitura passou a estar indissociavelmente ligada à escrita. E a história de vida do homem, na era moderna e contemporânea, é toda ela pontuada por documentos escritos.
     São muitas e diferentes as circunstâncias da vida e por isso as pessoas produzem suas leituras de modo diversificado. Todas as formas de ler são relevantes, devendo pois ser contempladas.
     Como estender, a todos os indivíduos de uma comunidade letrada, a possibilidade de desenvolver de forma satisfatória um domínio de leitura?
Cabe à escola,formalmente, estabelecer relações entre leitura e individuo, ou melhor, entre leitura/escrita e a criança, aprofundando os níveis de desempenho.

A LEITURA E SUAS VÁRIAS DIMENSÕES
     O mundo da leitura tem muitas facetas. Lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento, para obter informações simples e complexas; lê-se para saber mais sobre o universo factual; lê-se em busca de diversão e descontração e, por meio da literatura de ficção e da poesia, lê-se para chegar ao “prazer do texto”. Prazer que resulta de um trabalho intelectual intenso, de um corpo-a-corpo, em diferentes níveis, que se instaura entre o leitor - e sua experiência prévia de mundo - e o autor e seu texto de arte.
São muitos os gestos de leitura e diferentes os textos que circulam nas instituições e grupos sociais. Obras teóricas, menos e mais complexas, juntam-se, em estantes de residências e até em bibliotecas escolares, a manuais didáticos. Textos literários refinados acabam convivendo com escritas voltadas ao puro entretenimento. Versões simplificadas de obras clássicas dividem o mesmo espaço com os originais que lhe deram vida. Além de revistas, quadrinhos e jornais, os textos que aparecem na mídia eletrônica estreitam mais e mais seus laços com os produtos “tradicionais’”.
     Diante de tal visão caleidoscópica, é preciso administrar diferenças e proceder a escolhas cuidadosas para orientar as múltiplas leituras possíveis.

O MUNDO DA LEITURA E A ESCOLA
     É função primordial da escola ensinar a ler. É função essencial da escola ampliar o domínio dos níveis de leitura e escrita e orientar a escolha dos materiais de leitura. Cabe formalmente à escola desenvolver as relações entre leitura e indivíduo, em todas as suas interfaces.
A escola pode e deve trabalhar, desde as séries iniciais, com textos de
diversas naturezas; com textos que surjam do cruzamento de linguagens variadas e, evidentemente, com os textos da literatura que criam a possibilidade de o indivíduo explorar dimensões não usuais do imaginário coletivo e pessoal.
     Crianças de séries iniciais podem ir desenvolvendo, desde cedo, seus gestos de leitura e escrita, gestos que não se separam nessa fase. E tal trabalho só irá ocorrer, se houver participação e presença contínuas do professor, que deverá atuar também como um mediador.
     E que precisa o professor fazer ainda, além de atuar como mediador, para que a leitura se desenvolva com todo o vigor entre os pequenos?

Premissa básica: o professor tem que ser, antes de tudo, um leitor. Um professor que não leia, jamais trabalhará bem com a leitura. Ele precisa ler muito, gostar de ler e fazer com que os pequenos leiam; precisa ler para eles, ler com eles e saber ouvir a leitura, ainda tímida e descompassada, que seus alunos fazem do texto estudado ou dos textos que eles próprios produzem.
     O professor precisa ter preparo teórico e metodológico e saber que a escola é o lugar natural da leitura.

NO MUNDO DA LEITURA: PROFESSOR/ALUNO/TEXTO
     É tarefa do professor selecionar os textos nas séries iniciais. Textos de boa qualidade, não importando a diversidade de suas naturezas.
• O professor deve estar atento à escrita desses textos, que precisa ser envolvente e sedutora, mas nunca diluidora. O professor deve fugir de escritas facilitadoras, lineares, mal produzidas. O texto bom é denso e se abre a diferentes níveis de abordagem.
• Textos ficcionais e poemas devem ser de teor narrativo ,quando se trabalha com crianças pequenas.
• É função também do professor propor ou criar exercícios inovadores que permitam às crianças uma apropriação dos textos propostos.
• Exercícios, apresentados aos alunos, devem ser cuidados pelo professor de forma a poderem manter a integridade literária e informativa das narrativas, permitindo ainda que os pequenos liberem sua inventividade e sua imaginação.

O PARTO DE UM LIVRO

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO EM NOSSA CULTURA
     O livro, objeto fundamental para a ampliação do conhecimento, tem sido analisado sob ângulos os mais diversos.
     No entanto, ao pegarmos nas mãos um livro para ler, nem sempre nos damos conta da trajetória histórica desse objeto; não nos damos conta das condições materiais em que é produzido e nem do que ele representa como conquista cultural do homem.
     Para muitos, o livro até transcende tudo isso e se torna paixão. E, no caso do livro, uma paixão diferente, pois não acaba. Ao contrário, só aumenta com a passagem do tempo. Jorge Luís Borges, em um de seus belíssimos textos, ensina o seguinte: ‘Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O livro, não. O livro é uma extensão da memória e da imaginação “(*)”.
     E ao comparar o livro com outros materiais impressos, como jornais, por exemplo, reflete sobre a diferença existente entre ambos: “o jornal”. é lido para ser esquecido “enquanto” o livro é lido para eternizar a memória “(*)”.
     Questiona-se muito hoje o destino do livro. Teme-se, sem razão, a nosso ver, o seu  desaparecimento.
     Ainda que surjam outros suportes para o texto impresso, como é o caso do texto virtual eletrônico, nossa convicção é de que o livro não corre qualquer risco. A grande revolução em sua história já se deu: foi a substituição do rolo, suporte primitivo, pelo códex, que ainda subjaz ao livro que conhecemos; livro que se faz hoje sob múltiplos formatos. O rolo, desconfortável, obrigava a pessoa a utilizar as duas mãos; deu lugar ao códex que inaugurou a mobilidade essencial ao livro e ao leitor.
     Quanto ao texto eletrônico, quanto às grandes redes mundiais de intercâmbio de escritas, esses veículos, é claro, irão influenciar o livro, mas só quanto ao formato. Não o substituirão, pensamos, já que o texto impresso e o texto eletrônico da tela caminham por sistemas de produção e redes de distribuição totalmente diferentes, levando também a diferentes modos de apropriação e veiculação pelo leitor real ou virtual.

O LIVRO E A ESCOLA

  Detendo-nos exclusivamente sobre o livro, enquanto objeto material, temos que nos reportar a seu processo de produção, desde as origens. E temos que trazer a discussão para a escola.
     Na escola, é importante que os professores despertem, desde as séries iniciais, o interesse da criança pelo processo de composição do livro, seja como objeto material, seja como produto da capacidade criadora de autores e ilustradores.
     E por que razão?
     Em um livro, em um texto, tudo tem significado. Sem dúvida o texto impresso é a matriz, mas as outras interfaces como: tamanho, paginação, letras e tipos, capas, divisões dos textos, diagramação, devem ser contempladas e, em especial, a ilustração que é parte integradora da obra. Em um livro, portanto, tudo significa - de formas diferentes, em graus diversos - muito, em razão também do nível de conhecimento e da experiência prévia do leitor.

TEXTO E ILUSTRAÇÃO: TRABALHO A QUATRO MÃOS EM TEMPOS DIFERENTES

     Escritor e ilustrador em geral trabalham separadamente. O escritor cria sua história e depois o ilustrador a interpreta, ilustrando-a por meio de seus desenhos. Há casos de autores que são ilustradores também, mas isso não é muito comum.
     A ilustração não é simples representação gráfica de cenas e personagens de uma história. Ela pode reproduzir características e momentos fundamentais de uma narrativa, mas, antes, ela os reinterpreta, dando-lhes vida independente. Assim, a ilustração ao se “apropriar” de personagens, de momentos dramáticos e significativos de uma narrativa, complementa o texto verbal, ampliando-o, ironizando passagens, reforçando características ou ainda opondo-se a este ou àquele trecho.

O LIVRO NA SALA DE AULA: DO TEXTO À ILUSTRAÇÃO

     Em séries iniciais, o professor deve trabalhar com textos predominantemente narrativos. E a análise das ilustrações que acompanham uma história é fundamental para o estudo do texto escrito.
Como deve então o professor proceder para que uma competente relação entre alunos-textos-ilustrações se estabeleça?
• O professor deve ir descobrindo, juntamente com as crianças, aquelas áreas onde se dão os cruzamentos entre texto e ilustração, bem como deve levá-los a reconhecer os distanciamentos e oposições que existam entre essas duas dimensões.
• O Professor deve tentar obter depoimentos (gravados em fita, em vídeo, ou ao vivo) de autores e ilustradores, falando, para crianças, sobre a natureza e os processos de seu trabalho.
• As crianças, trabalhando com determinado livro e recebendo orientação do professor, que irá intermediar relações e dificuldades, podem formular questões ou diretamente aos entrevistados, ou aos colegas, se tiverem visto um vídeo ou ouvido a entrevista em fita.
• A tarefa de formular perguntas é muito importante, pois amplia o âmbito de conhecimento dos pequenos, além de permitir que eles levantem novas hipóteses sobre materiais já conhecidos e que foram pouco ou nunca questionados.
(*) BORGES,J. L. - “O livro”. In: Borges,J.L. -Cinco Visões Pessoais, 2a. cd., Brasília, Ed. da UnB, 1987, p. W
() BORGES,J. L. - op. cit., pp. 10-li.

ESCOLHENDO LIVROS NA BIBLIOTECA

BIBLIOTECA: FUNÇÃO E CONCEITO DE UMA INSTITUIÇÃO
     Bibliotecas públicas e escolares; bibliotecas circulantes; bibliotecas particulares. São muitos os formatos, os serviços e as idéias que se têm sobre uma biblioteca. Aquelas salas enormes, em que qualquer tipo de comunicação oral entre as pessoas era proibida; salas onde imperava um grande silêncio.
     Tal visão hoje tem que ser diferente.
     As concepções de biblioteca-convento, de biblioteca-castigo não podem
ser aceitas em nosso tempo. E ainda: quando se pensa, atualmente, em biblioteca, não mais se cogita da existência de um local, cujos sinônimos sejam: culto ao livro, como
objeto intocável, e à catalogação, voltada a um sistema fechado de consultas. Nas bibliotecas, os livros têm que estar a serviço das pessoas e não o contrário. Ao menos é o que se pretende do ponto de vista da produção e ampliação da leitura escolar, no caso, para todas as séries e faixas etárias.

A BIBLIOTECA ESCOLAR
     A criação de bibliotecas ligadas a escolas pressupõe, é claro, uma revisão das relações entre alunos e usuários, professores, e bibliotecários. Essa desejável mudança de atitudes, porém, nem sempre é verificada, já que não há, para todas as bibliotecas escolares, pessoal especializado que possa modificar hábitos tão arraigados, seja na escola, seja entre a população - procurando criar novas formas de conceber a leitura.
     Ainda que o melhor trabalho possível acabe não ocorrendo como desejamos, ainda assim é fundamental a presença da biblioteca na escola, bem como dos cantos-de-leitura, nas salas de aula.
     Os cantos-de-leitura, mais dinâmicos e móveis, podem, por seu turno, forçar a atualização e acelerar projetos de melhoria dos serviços oferecidos pelas bibliotecas. Com o crescimento e a penetração dos veículos de comunicação social (rádio, TV, revistas, jornais), as escolas, as bibliotecas, os cantos-de-leitura são obrigados a se adaptar às exigências de novos tempos e novos meios.
     Sem perder ou esquecer sua função essencial - de promover a leitura de livros - a biblioteca poderá se aparelhar para funcionar também como midiateca, contemplando e integrando as diversas linguagens dos novos veículos da mídia.
     Cantinhos de leitura, atividades de animação, trabalhos com vídeos e fitas gravadas, com o texto eletrônico, devem ser parte das ações constantes de uma biblioteca escolar. Mas essas relações “intermídia” não podem jamais ser encaradas como substitutas do livro, do corpo-a- corpo com o livro.
     O escrito impresso tem que estar em consonância com textos de outras naturezas. Assim “as diferentes formas de registro de informação irão se completar”. Para Milanesi, “a transformação da biblioteca em centro de informação abre espaços para uma nova função: a convivência” mais estreita entre as pessoas.
     Milanesi pensa no trabalho em biblioteca, nos objetos examinados nas bibliotecas, comparando-os a uma reveladora situação: a de uma família reunida em torno de um álbum de retratos. Há o registro representado pelas fotos e também “os comentários” dos familiares que trocam informações: cada foto suscita “uma história que se desdobra e se liga a outras histórias”.
     O álbum, como o texto lido, vai então sendo ampliado, preenchido, permanentemente, pois surgem, diante das fotos e seus contextos, “comentários das pessoas que a cada passo, revelam: ternura, saudade, reserva, atração ou repulsa” Alguns certamente conhecem mais e melhor o álbum, as fotos, os participantes e as situações. Explicam, então, àqueles que o estão folheando, certas relações pré-existentes, falam de fatos anteriores às fotos e de situações diversas que são importantes para o entendimento das fotos e do álbum, como se fossem os textos de um livro.
     Esse esforço conjunto e lógico das pessoas, que se detiverem sobre o álbum, assim como sobre o livro, irá se configurar num ato abrangente de compreensão, de leitura e de ensino de leitura.
     Pensando nessa “alegoria”, criada por Milanesi, em termos de trabalho escolar, enxergamos a situação como sendo uma atividade do professor e dos alunos, com livros
já conhecidos dos pequenos e com outros, que lhes sejam por ele oferecidos. A leitura mediada, conjunta, de crianças e professor irá alargar, pelo acréscimo da experiência prévia de cada um, agora somada, o universo do livro, da leitura escolar e do leito. O professor, antes de levar as crianças à biblioteca, deve preparar a visita, selecionando livros do acervo, organizando e mediando a leitura, para que os alunos tenham desejo de revisitar a biblioteca.
     Lá encontrarão muitos companheiros, talvez outros, diferentes do universo da classe. Lá enxergarão os colegas da mesa ao lado, mas com outras lentes: com as lentes de quem agora mexe com livros e trabalha com leitura.

O PROFESSOR, AS CRIANÇAS: ESCOLHENDO/EXPLORANDO LIVROS NA BIBLIOTECA

     Assim o professor, ao levar as crianças à biblioteca, deverá:
• preparar cuidadosamente a visita;
• estar atento para que as crianças tenham livros à altura de seus olhos. E livros que atraiam!
• organizar as crianças em duplas para que leiam ou todos a mesma história ou duas histórias diferentes.
     Ler a mesma história é a situação ideal, nesse exercício.
     Após a leitura, o professor deverá:
• explorar o livro ou os dois livros;
• perguntar coisas sobre a história, sobre as personagens, sobre a linguagem, sobre o autor;
• formular questões para testar, entre os pequenos, a capacidade de perceber os graus de coerência, as relações de tempo, o encadeamento das ações, entre outros aspectos;
• orientar as duplas para que escrevam um texto a partir da história lida;
     Após a redação, sorteia-se ou elege-se um dos textos, para ser lido em voz alta para a classe.
     É importante que alunos façam comentários.
     Assim, conforme ensinam Anne Marie Chartier e Jean Hebrard, o professor ao orientar e mediar o trabalho de leitura, vai levando os pequenos a “perceber e combinar informações, verbalizar em voz alta, acionar o conhecimento prévio; a fazer relatos de experiências de forma coerente e a inventar outras histórias, ampliando e liberando imaginações”

HORA DO JOGO

POR QUE “HORA DO JOGO”?
     O título deste texto poderia ser diferente. Por exemplo: “múltiplas escritas”; “ensinando a fazer”; “regras a serem seguidas”; etc. O nome se liga ao tipo de atividade que será desenvolvida: no caso, um jogo.
     Na verdade, vamos tratar aqui de um tipo diferente de textos. São textos que trazem instruções. A vida do homem, hoje, mais do que nunca, é mediada e orientada por
materiais escritos. Em casa, nas ruas, na escola, convive-se com textos escritos das mais diversas naturezas.
     Nestas “Viagens de leitura”, estamos caminhando por veredas diferentes, mas de forma simultânea. Há propostas para trabalharmos com a linguagem poética nas suas diferentes manifestações: num poema, numa lenda, numa crônica, ou ainda em provérbios e ditados populares. A linguagem, a leitura de quadrinhos, de comerciais de TV e de outros produtos verbais foi também contemplada em nossas viagens.
     Mas, além desses múltiplos textos, temos aqueles que nos passam instruções; que nos ensinam a montar um maquinário, a fazer uma receita culinária; que nos orientam sobre medicamentos a serem tomados por nós, ou a serem ministrados a alguém. São textos que circulam todo o tempo em nosso dia-a-dia. E vamos chamá-los de “textos informativos diversos”.
Esses textos informativos são fundamentais para a vida diária e para as atividades profissionais de todos. Sua importância é tão grande que, às vezes, de uma boa compreensão de tais escritos, depende a vida de uma pessoa. Veja-se o valor de um mapa; de uma receita médica; de uma bula.
     A linguagem de uma bula de remédio, por exemplo, não é nada simples. No entanto, o texto de uma bula precisa ser compreendido em profundidade para que não ocorram erros que possam ser fatais aos indivíduos.
     Certamente, não se dará uma bula complexa para uma criança ler. Porém, crianças, desde séries iniciais, podem aprender a trabalhar com diferentes textos informativos: anúncios, instruções para armar brinquedos ou construí-los; indicações de horários diversos; direção, mapas, gráficos e regras para jogos, que serão objeto desta atividade.

LENDO, INTERPRETANDO REGRAS DE UM JOGO

     Tanto para textos ficcionais e poéticos quanto para textos informativos, é preciso que o professor trabalhe com os vários níveis de compreensão da linguagem escrita.
     Trabalho que, em diferentes níveis de compreensão, exige alguns requisitos que devem ser contemplados em momentos diversos.
     O que é preciso conhecer basicamente da linguagem para se aproximar de um texto escrito? Em um primeiro momento, o professor deve realizar uma atividade de
leitura que leve a:
• conhecimento do conjunto das regras e das combinações básicas para seu funcionamento;
• descoberta de um sentido geral para o texto;
• entendimento de palavras e expressões em seus contextos;
• conhecimento ativo das relações gramaticais básicas.
     Em um segundo momento, o professor deve levar os alunos, durante a leitura a:
• distinguir os textos com que estão trabalhando, em razão de seus formatos e conteúdos; se são narrativos/descritivos; se ficcionais e poéticos; se informativos;
• reconhecer fatos da língua que tratem da COERÊNCIA e da COESÃO do texto;
• identificar fatos do texto que ele seja corrigido ou refeito. Para compreender qualquer texto, inclusive os chamados informativos, a criança desde cedo, respeitadas as suas competências cognitivas, tem que se exercitar para chegar à compreensão literal e à compreensão fina dos textos escritos.
     Se não houver um trabalho que dê conta da leitura, nesses dois níveis de compreensão, o domínio de um texto escrito jamais será completo.

JOGANDO, A PARTIR DA LEITURA DE INSTRUÇÕES

• o professor deverá escolher um jogo dinâmico, com algum grau de complexidade, que seja desconhecido pela classe.
• o professor dividirá a classe em grupos e cada grupo receberá um texto com instruções para um determinado jogo.
• um aluno lerá para o grupo as instruções. E depois cada criança lerá separadamente as regras.
• grupos começam a jogar, sempre seguindo as instruções.
• toda vez que houver dúvidas, as crianças devem voltar às instruções, trabalho a ser mediado pelo professor.
• quando os grupos terminarem de jogar, escolhem-se dois ou três representantes dos grupos para explicar à classe não só as regras, mas principalmente as dificuldades que tiveram e como as superaram.
• no final, as crianças, individualmente, relatam por escrito de forma breve, como se desenrolou o exercício, ressaltando o papel desempenhado pelas instruções escritas e pela ajuda (intercâmbio) dos colegas.

42 - LEITURA

     Durante estes 15 encontros, mantidos através de vídeos e textos, procurou-se mostra aos professores das séries iniciais, formas diversas (mas complementares) de se trabalhar com leitura e escrita na escola.
     Esta conversa final foi batizada de “Os Dez Mandamentos”. Na verdade, não são mandamentos, é claro, mas, sim, orientações que auxiliam o trabalho do professor com leitura e escrita na escola. E também não são DEZ! Pode haver mais propostas ou ate menos. O nome, Dez Mandamentos , procura apenas sintetizar um conjunto de passos
decisivos, necessários para realizar estas Viagens de leitura; procura trazer indicações seguras, que permitam ao professor abrir suas próprias veredas.
     Cabe, então, a esse professor, refazer caminhos, ampliando ou encurtando itinerários, em razão da realidade escolar com que estiver trabalhando, bem como em virtude do projeto que estiver construindo, para desenvolver satisfatoriamente as atividades escolares de leitura e escrita.

“MANDAMENTOS” OU: ALGUMAS PROPOSTAS PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA
     O professor que trabalha com leitura e escrita deve atender a uma premissa básica: ele tem que ser, antes de mais nada, um bom leitor e tem que gostar de produzir escritas. Ele deve ler textos de diferentes naturezas; ler tais textos de formas também diferentes, já que lemos para nos distrair, para ampliar o conhecimento, para sentirmos prazer estético, no caso, com textos literários de ficção e poemas.
• a leitura na escola é uma atividade individual, mas, fundamentalmente, social. É importante, pois, que grupos de alunos criem, por exemplo, coletivamente uma história e que um dos textos seja eleito e lido para toda a classe. E importante também que as crianças contem histórias aos colegas e ao professor. Que ditem (um aluno, auxiliado por outros) essa história ao professor. O texto anotado pelo professor deverá ser retrabalhado e, assim, vamos ensinando aos pequenos, através de contínuas negociações (aluno-aluno; aluno-professor), como se dá a complexa passagem da fala, da língua oral para a escrita. Essa passagem não é automática e exige várias operações cognitivas e lingüísticas, já que a escrita é uma representação simbólica da fala:
• na vida e na escola não lemos só livros. Temos que ler outros tipos de escritos e que aparecem em diferentes contextos: na rua, em casa, na escola, nos veículos de comunicação. Temos escritos nas embalagens de produtos diversos, nos anúncios de rua, de jornais, de revistas. Temos mensagens escritas em placas, em out-doors, etc. Cabe à escola trabalhar sistematicamente esses textos que circulam, de forma aleatória, no entorno das crianças e de todos.
• quando um livro chega até nós, ele já fez um caminho muito longo. Já passou por muitas instâncias e por muitas mãos. Do escritor e do ilustrador, por exemplo, ele vai para o processo de produção gráfica. É fundamental que as crianças, desde cedo, comecem a conhecer algumas das interfaces do processo, para terem consciência dele quando estiverem com um livro nas mãos.
• nem sempre os textos nos são transmitidos por escrito. É o caso dos PROVÉRBIOS e DITADOS POPULARES que passam oralmente entre os grupos, através dos tempos. Os alunos, com a ajuda do professor, podem coletar e pesquisar ditados e provérbios, trazê-los para a classe e trabalhar oralmente com eles, desenvolvendo-os depois por escrito, recriando-os ou inventando ditos novos.
• a sala de aula não é o único lugar para se ler. É muito importante ler também na biblioteca. Ver os muitos livros da biblioteca, mexer neles, examiná-los. Lendo na biblioteca, podemos também trocar idéias com nossos colegas e com o professor sobre a história, sobre as personagens e sobre a escrita do autor da história. E assim o professor e seus alunos ampliam o alcance da leitura.
• alguns textos não contam histórias ficcionais. Eles, antes, orientam os leitores sobre como proceder em determinadas situações. São os textos que passam instruções: sobre as regras de um jogo, sobre a montagem de um objeto, sobre como tomar um medicamento (bulas), etc. É preciso que o professor e os alunos estejam atentos a esses textos. São fundamentais para a nossa vida cotidiana.
• a comunicação e a informação ocorrem, hoje, por meio de muitos veículos, além da escola. Temos os jornais, os quadrinhos, o rádio, os CDs, a TV, o Computador, o CD Rom. É importante aprender a ler também os textos desses veículos já que eles obedecem a outras
regras para serem construídos. É o caso, entre outros, do comercial de TV e da história em quadrinhos, textos, sobre os quais, a escola tem obrigação de trabalhar.
• além de tais textos que circulam apenas por um determinado veículo, o professor deve trazer à escola alguns outros: contos de fadas, lendas e crônicas. Os contos de fadas e as lendas podem ser trabalhados na intersecção de várias linguagens. Podem ser contados e ouvidos; vistos e lidos. Mexe-se, dessa forma, com o mágico, o maravilhoso, integrando, a um só tempo, múltiplas linguagens (livro, vídeo, CD).
• quanto às crônicas, que devem ser curtas, pode-se oferecer aos alunos partes das histórias (ou o começo, ou o meio ou o final). E eles devem criar complementações coerentes para as partes da história que leram. A leitura posterior de soluções diferentes, dadas por uma criança ou por seu grupo, é muito importante e instigante para os pequenos.
• além das narrativas ficcionais, dos textos informativos e de instrução, além dos escritos que circulam no contexto de nossas vidas, é PRIMORDIAL trabalhar com a LEITURA DE TEXTOS POÉTICOS. O professor e os alunos podem explorar os aspectos lúdicos,
os jogos sonoros e gráficos, as rimas, o ritmo de poemas, os recursos como aliterações, assonâncias e figuras, próprios ao texto poético, que se constrói diferentemente dos demais textos.


43 - LEITURA 2

     Ler é uma prática básica, essencial, para aprender. O ato de ler admite, hoje, várias considerações; entre elas, as que se apresentam em seguida:
1. Nada — equipamento algum - substitui a leitura. Mesmo numa época em que proliferam os recursos audiovisuais e as “máquinas” ou “mecanismos” de ensinar (embora estejam ao alcance de poucas, bem poucas, escolas), mesmo numa época em que a informática se impõe com todo o seu poder econômico e processual, pode-se (re)afirmar: Nada — equipamento algum — substitui a leitura;

2. A leitura nem sempre é um ato agradável, nem sempre é um prazer. A idéia da leitura como “obrigatoriamente agradável, associada à idéia de ler — sempre — com prazer estiveram presentes, por muito tempo, em nossas orientações acadêmicas”. Em certos momentos, sentíamo-nos, até, desconfortáveis, constrangidos, por não termos alcançado aquele prazer de ler, aquele “estágio evoluído”, aquela atitude peculiar a quem “ascendeu” intelectualmente: — aqueles “estágio” e “atitude” próprios, enfim, de uma “elite intelectual”.
     Entretanto, assumindo a realidade — e a percepção da realidade, embora, em certos casos, pareça óbvia, não o é — chega-se à constatação de que ler nem sempre é agradável, seja pelo conteúdo, seja pela forma do texto, seja pelas habilidades requeridas (atenção, concentração, acuidade, perseverança, etc.), seja pelo nosso momento pessoal (emocional), seja pelos interesses que nos motivam, nem sempre atendidos pelo texto etc.
     Assim, muitas vezes, é natural que nos sintamos desanimados com algumas leituras, e que custemos a iniciá-las, ou que, iniciando, queiramos interrompê-las, com a proposta de fazê-lo por “pouco tempo”; na verdade, “o pouco tempo” se estende, com a “desculpa” de “só mais um pouquinho e, se e quando chega mos ao fim, a sensação é de “alívio”: — “missão (árdua) cumprida...”!”.
     Se sentimo-nos “culpados” por sensações tão “inadequadas” diante da leitura, uma reavaliação com mais critérios de realidade levará a compreender que a obrigação de ter prazer com a leitura é um dos tantos preconceitos, ou uma das tantas idealizações que orientam o nosso comportamento.
     É claro que a leitura poderá ser agradável e, em muitos casos, o é; a análise feita anteriormente procura explicar, apenas, que é possível que não seja e que nem sempre é.
Contudo, agradável ou não, prazerosa ou não, confortável ou não, é necessária, é indispensável, quando se trata de aprendizagem, e aprendizagem em qualquer nível, ou seja do 1º grau á pós-graduação, e em qualquer circunstância, ou seja, na escola ou fora dela, em grupo ou só. A leitura é parte essencial do trabalho, do empenho, da perseverança, da dedicação em aprender;

3. Voltando à questão das habilidades — além do domínio da linguagem, além da atenção, da concentração etc. — e considerando, também, o hábito de ler, decorrente do exercício (da prática) vemo-nos diante de nossos alunos, em várias idades: crianças, pré-adolescentes, adultos; e, diante desses alunos, um outro aspecto da realidade: — nem todos, ainda, adquiriram habilidades necessárias à leitura e nem todos incorporaram o hábito de ler. E então, neste momento, que podemos recorrer a estímulos e, entre eles, se encontram as Dinâmicas de Leitura,

4. As Dinâmicas de Grupo — entre as quais se inscrevem as Dinâmicas de leitura — encontram, normalmente, algumas dificuldades de aplicação em sala de aula; por exemplo:
— Dificuldades de espaço: salas pequenas, pouca ou nenhuma possibilidade de aproximar ou reagrupar carteiras etc.;
— Dificuldades de móveis: carteiras individuais, pequenas mesas acopladas a cadeiras, ou cadeiras e mesas, cujos formatos não são favoráveis a reagrupamentos etc.;
— Dificuldades quanto ao número de alunos em sala: — muitos alunos (de 40 a 50, comumente), o que representa muitos para orientar; para reagrupar, para discutirem, para se manterem atentos, interessados, para se evitar o barulho, a dispersão etc.
Esses três tipos de dificuldades são, normalmente, concomitantes: a escassez do espaço, a inadequação dos móveis, o excesso de alunos. A concomitância desses aspectos, é claro, aumenta as dificuldades de aplicação de Dinâmicas de grupo. E é então (mais uma vez) neste momento que podemos recorrer às Dinâmicas de leitura, em formas como as que se apresentam neste livro.
Quando dizemos “em formas como as que se apresentam neste livro”, estamos nos referindo a formas que não requerem reagrupa mentos de alunos, ou condições especiais de salas ou móveis, ou posições de carteiras diferentes das que, comumente, se organizam em sala de aula.
Essas formas de Dinâmicas de leitura são próprias para: a) qualquer tipo de espaço em sala de aula, b) qualquer tipo de móvel, c) qual quer número de alunos, d) todos os graus de ensino e o estudo de qualquer Disciplina.

5. Quanto aos graus de ensino, o que pode variar não são os procedimentos indicados em cada Dinâmica, mas apenas: a) o nível do texto, b) o nível, os detalhes de explicação dos procedimentos pelo Professor e c) o nível de elaboração de idéias pelos alunos;

6. O que se pretende com “Dinâmicas de Leitura para Sala de Aula” é: a) estimular a prática da leitura em sala de aula, b) auxiliar o desenvolvimento de habilidades de atenção e observação, c) incentivar a organização e a expressão de idéias, d) estimular o aumento e a fixação de vocabulário, e) incentivar a criatividade e f) diversificar atividades de ensino e aprendizagem.

Técnicas e não “tecnicismo”
     Não se trata de “tecnicismo” mas sim de técnicas. As Dinâmicas de leitura são técnicas e, como tais, são procedimentos de trabalho. Percebem-se as Dinâmicas enquanto procedimentos de trabalho, como elementos que auxiliam a competência do Professor, assim como percebe-se a competência do Professor como parte do seu compromisso histórico, social, político. E desta forma, portanto, que se entende o uso das técnicas e, entre elas, as Dinâmicas de leitura.
     As Dinâmicas de leitura, reafirmamos, são utilizadas para auxiliar e para fixar a aprendizagem, para introduzir elementos que estimulem o trabalho de ler e aprender, para incentivar habilidades necessárias ao estudo (observação, organização e expressão de idéias etc.), para diversificar atividades em todos os graus de ensino e em qualquer Disciplina. Deste modo, as Dinâmicas se apresentam como re cursos auxiliares a um bom desempenho do aluno.

44 – SOMOS LEITORES O TEMPO TODO

     Em sociedade, dependemos uns dos outros para viver e também para evoluir, seja do ponto de vista material ou espiritual. Assim, quem vive em sociedade — como você — não pode se isolar, alienar-se: precisa estar bem integrado no mundo.
     Para isso, o primeiro passo é informar-nos, entender o mundo em que vivemos. Só depois de entendê-lo é que poderemos opinar sobre as coisas e tentar mudar o que consideramos errado.
     Mas o mundo é tão complexo e há tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo! Para entendê-lo, precisamos observar tudo o que ocorre à nossa volta e, principalmente, ler, ler de tudo:
a) textos informativos em jornais e revistas (eles nos dizem como o mundo é); b) textos opinativos (neles, estão expressas opiniões sobre o que acontece no mundo); c) textos ficcionais, como romances e poemas, que são fruto da imaginação humana (eles nos
apresentam um mundo fictício, imaginário, mas que nos faz refletir sobre o mundo real).
Lendo todos os tipos de texto, informamo-nos e nos educamos para ter nossas próprias idéias e opiniões sobre o mundo. Fazendo isso, desenvolvemos também a capacidade de produzir nos sos próprios textos. Assim, fica mais fácil transmitir nossas idéias e opiniões aos nossos leitores ou ouvintes.

• Atividades
1. Algumas sociedades são ágrafas, ou seja, não possuem um sistema de escrita, Você conhece algum povo ágrafo? Esse povo produz textos?
2. Pense na sua história e na história da humanidade: o que veio primeiro, a fala ou a escrita?
3. Por que a maior parte das sociedades valoriza tanto a palavra escrita? Dê a sua opinião escrevendo um pequeno texto.

45 - LENDAS

AS LENDAS EXPLICAM O MUNDO
     O homem é dotado de uma curiosidade constante. Vem daí o contínuo progresso do ser humano, sempre evidenciado pelas grandes descobertas, invenções que têm marcado o tempo e a história do mundo.
     As grandes perguntas sobre questões ligadas à origem do universo, ao aparecimento do homem, aos fenômenos da natureza, à existência de outros planos espirituais, são indagações que continuam a ser feitas e refeitas pelo ser humano na busca contínua de conhecimento do espaço em que vive e de si próprio espaço.
     Se o progresso nos dá respostas científicas para interrogações diversas, mesmo assim, explicações outras, mais ligadas ao domínio do imaginário e do sonho, continuam convivendo com as invenções e as descobertas de grandes pensadores, sábios e pesquisadores.
     As explicações baseadas no devaneio, na imaginação e na magia, constituem-se como gêneros narrativos muito particulares; aí se encaixam o mito e a lenda. Trataremos especialmente da lenda.
     A lenda, também como os contos maravilhosos, lança mão do sobrenatural, do mágico para criar representações simbólicas. E como ocorre com o mito, a lenda, ao dar respostas, explicações lúdicas para o ainda inexplicável, e libera capacidade imaginativa dos indivíduos, permitindo-lhes que a dimensão do sonho dialogue com a da razão.

A LENDA E A ESCOLA
     Lendas ajudam a povoar a imaginação de inesquecíveis figuras e sensações. William Blake nos ensina que “a imaginação não é um estado é toda a existência humana”.
     A lenda é uma narrativa breve e diferente do mito, ainda que um mito possa ser construído por um conjunto de lendas. Os temas das lendas são transmitidos anonimamente pela tradição oral. Se os mitos não se fixam necessariamente no tempo e no espaço, a lenda quase sempre tem o espaço bem delineado, já que sua finalidade é relatar um determinado acontecimento ou fato, em que “o imaginário e o maravilhoso superam o histórico e o real”
maravilhoso, permeie o dia-a-dia da escola, mas sem julgar que tais textos possam exercer um imediato e implícito papel pedagógico. É claro que eles educam, mas não por força de uma relação imediatista e direta. E, sim, através de uma convivência contínua e duradoura.
     E é nesse cruzamento lúdico, nesse jogo entre real e surreal, histórico e imaginário, que o professor deve trabalhar, com seus alunos, principalmente em séries iniciais, as narrativas lendárias.

O PROFESSOR, A CRIANÇA E O TRABALHO EM CLASSE
     Há lendas que explicam as circunstâncias plurais em que se dão os fatos da história do homem. São lendas universais. Há outras que interpretam e recontam acontecimentos originários do folclore de diferentes países ou regiões. São as lendas que chamaríamos de nacionais e locais.
     O professor deve trabalhar com todos os tipos, já que o “era uma vez...” das lendas e de outras histórias imprime às narrativas um tempo sempre o mesmo, um tempo mítico, um tempo, se podemos dizer, atemporal, no qual se desenrolam relatos diferentes, mas igualmente atraentes.
     As lendas do folclore brasileiro, por exemplo, são belíssimas. “Mãe d’Água”, “Boto”, “Saci-Pererê” trazem riqueza em suas dimensões locais e universais. A “Mãe d’Água”, no caso, tem sua origem numa releitura da “sereia” que é européia.
     E o que deve fazer, em classe, o professor de séries iniciais?
• O professor deve contar expressivamente uma lenda, utilizando apoios visuais diversos.
• Em seguida, professor e alunos conversam sobre fatos, personagens, situações mais significativas da história.
• O professor vai explorando melhor a narrativa, por meio de perguntas sobre tópicos que ficaram esquecidos. As crianças conversam entre si, antes de responder, justificando suas opiniões.
• O professor divide a classe em grupos para que, em conjunto, as crianças reescrevam a lenda. Enquanto escrevem, o professor deve circular entre os grupos, atendendo às dúvidas e mediando as dificuldades dos alunos.
• Elegem-se dois textos para serem lidos à classe em voz alta.
• Sendo possível, crianças comentam os textos dos colegas.

46 – MANUAL DE REDAÇÃO

Produção de reportagens

Ao redigir, lembre-se:
  • seu objetivo é informar o leitor sobre um fato;
  •  leve em consideração um leitor, jovem ou adulto, bem informado;
  • use linguagem objetiva e precisa;
  • mantenha-se dentro do assunto sugerido pela manchete, sem fazer digressões;
  • a manchete deve ser escrita em letras grandes e resumidamente;
  • crie um lide resumindo ou dando uma prévia da noticia, com letras um pouco menores que a manchete, mas maiores que a do texto;
  • componha o texto de forma que as famosas perguntas sejam respondidas: o quê? Quando? Quem? Onde? Por quê? Como? Conseqüências?


Produção de Logotipo
    
     Observe as ilustrações ao lado. Cada uma retrata um símbolo, brasão ou distintivo. Quando você as olha, imediatamente lembra-se do que elas simbolizam: diversos times brasileiros de futebol.

     Há marcas, unindo letras e desenhos, que nos levam a lembrar de um produto, uma loja, uma empresa. São os logotipos. Eles nos dão a definição da empresa ou do produto que representam. Veja:


Esta marca de eletrodoméstico fabrica máquinas de lavar e secar roupa, como dá a entender a letra X torcida.

Este logotipo de uma empresa de turismo. As duas letras S que iniciam e encerram o nome, lembram aviões.

     Repare que não basta apenas desenhar o nome da empresa. Os bons logotipos realmente dão a idéia da atividade associada aos produtos ou serviços da empresa.
     Execute seu trabalho usando os seguintes critérios.
• Escolha um tipo de letra adequado para escrever o nome da empresa: atividades tradicionais pedem letras mais antigas, enquanto atividades atuais pedem letras modernas.
• Crie desenhos simples para marcar bem o produto.
• Tente dar a entender, com seu logotipo, de que atividade se trata, marcando bem a definição da empresa.
• Use duas ou três cores no máximo.


Entrevista

     Entrevistas são textos, publicados em jornais ou revistas, que objetivam informar o leitor sobre determinados assuntos — abordados por uma pessoa conhecida do público. Leia, por exemplo, um trecho da entrevista que a Revista da Folha fez com a esportista Hortência.

Ficha técnica
Nome: Hortência de Fátima Marcari Oliva
Nascimento: 23 set 59, Potirendaba, SP
Pai e mãe: Luiz Marcari e Marcelina Dalbei Marcari
Altura e peso: 1,74 m, 59kg
Formação: Educação Física
Idiomas que fala: Italiano, espanhol e inglês
Hobby: Colecionar xícaras antigas
Palavra predileta: Vencer
Bate-bola

Assiste aos jogos de basquete americanos? “Não. Não gosto de assistir ao jogo na televisão. Já penso em basquete o tempo todo, vou ficar pensando também nas horas de folga?”
Número de sorte: Uso o 4 para jogar basquete, mas não tenho número de sorte. Não gosto que me falem de superstições, são manias idiotas que acabam pegando.”“.
Mania: ‘Sou muito perfeccionista, acho que isso é uma mania.”“.
                                                                                            Bárbara Gancia. Hortência boa de luta. Revista da Folha
                                                                                                                               São Paulo, n. 4, jul/ago. 1992. p. 11
     Em relação ao texto lido, observe que:
  • a entrevista é concisa, de rápida leitura, pois seu suporte (a Revista da Folha) é um suplemento de jornal dominical, supondo um leitor que deseja distração e alguma informação semanal;
  • a entrevista se divide em ficha técnica (série de dados objetivos sobre a pessoa) e bate-bola (perguntas rápidas que esperam respostas curtas) tratando de aspectos subjetivos: costumes, gostos.
     Revistas mensais ou jornais especializadas em certos assuntos (esportes, televisão, moda, viagens) publicam entrevistas mais detalhadas e longas, enfocando personalidades relacionadas a seu tema. Em toda entrevista o entrevistador faz perguntas com o objetivo de bem informar os leitores sobre o assunto em pauta. No final da entrevista o entrevistador pode fazer uma conclusão resumindo e ressaltando a importância da entrevista.


Perfil

     Você já deve ter percebido que existe diferença entre uma biografia e um perfil.
  • Biografia — descrição da história da vida de uma pessoa. Em geral, é objetiva.
  • Perfil — descrição de uma pessoa em traços mais ou menos rápidos. É subjetivo; exige um posicionamento mais claro de quem redige.
     Vemos que, para biografar alguém, precisamos contar toda a sua vida, ou pelo menos os pontos principais, formando um retrato preciso e detalhado do personagem. Já para fazer um perfil, mostramos um retrato rápido, um instantâneo, que permite conhecer apenas alguns aspectos da pessoa.
     Leia agora este trecho do perfil do músico e poeta Arnaldo Antunes que foi membro do grupo de rock Titãs.
     (....) “Arnaldo é um revolucionário, conseguiu tirar a poesia do papel”, diz o escritor Décio Pignatari.
     Arnaldo Antunes, na verdade, sempre foi mais amigo das palavras do que das partituras. Ele tem a mesma intimidade com os instrumentos que com a rainha da Inglaterra. Em compensação, durante a Faculdade de Letras, que acabou interrompendo quando os Titãs começaram a emplacar, conseguiu proezas como estudar os idiomas iorubá e chinês, além de escrever um ensaio acadêmico sobre o escritor baiano Gregório de Matos Guerra, que lhe valeu glórias entre os professores da Universidade de  São Paulo. Eles preconizaram que Arnaldo poderia ser um escritor de muito sucesso e, de certa forma, acertaram. Isso porque Arnaldo, em proezas mais recentes, é um best-seller na área da poesia. Num gênero que é considerado o trampolim para o fracasso no mercado editorial, ele já vendeu cerca de 23000 exemplares dos três livros que publicou desde 1 986 – Psia, Tudos (ambos na terceira edição) e As coisas (na segunda). (....)                           
                                                                                                       Okky de Souza. Um roqueiro mais que família
                                                                                                                                     Veja, 29 set 1993, pp. 78-9.                                   
Produção de textos publicitários
     Você já sabe que, para vender seus produtos, as empresas contratam agências de publicidade. Elas criam anúncios e comerciais para divulgar seus produtos e deixar as pessoas com vontade de comprá-los.
     A propaganda pode aparecer em:
  • folhetos ou volantes distribuídos nas ruas.
  • anúncios impressos em jornais ou revistas.
  • cartazes de rua.
  • comerciais gravados para rádio.
  • comerciais filmados para televisão e cinema.
  • merchandising — produtos mostrados ou citados em filmes, novelas, programas em geral.

     Vamos também criar textos de propaganda para anúncios impressos de um produto? Lembre-se:
1. Todo texto publicitário deve ser adequado ao seu receptor, isto é, aquele que vai comprar o produto. Você deve escrever pensando nesse tipo de pessoa.
2. Um ótimo meio de divulgar um produto é criar uma frase bem fácil de ser lembrada para acompanhar os anúncios: o slogan.


     No anúncio impresso, a imagem é tão importante quanto as palavras. Ao criar seu anúncio distribua bem o texto e o desenho de seu produto.

Textos opinativos

     Você já viajou em textos poéticos, ficcionais, crônicas, definições. Em todos eles, pôde perceber a opinião dos autores, sua maneira de ver o mundo. Mas há textos em que a opinião do autor é diretamente colocada, sem poesia ou ficção: quando ele quer defender seu ponto de vista. Isso geralmente acontece em textos jornalísticos ou teses, nos quais — a partir de pesquisas, entrevistas ou leituras anteriores — o autor tira conclusões e as defende. Vejamos um texto em que esse processo pode começar a ser observado.
     Num texto opinativo o autor manipula fatos, estatísticas, informações variadas e sobrepõe tudo isso numa ordem coerente (introdução, apresentação dos fatos, conclusão), de maneira que o resultado final expresse a opinião dele sobre o assunto e informe o leitor.
     Derivan Ferreira Lima tem as mãos esfoladas de carregar folhas de sisal, uma planta dura, áspera e ácida da qual se retira a fibra que dá maciez aos colchões de dormir. Derivan tem 11 anos. Desde os 5 batalha para a Sisaleira Retiro, em Retirolândia, no interior da Bahia. Derivan apanha feixes num depósito e os leva até uma máquina de beneficiamento, a batedeira. E um trajeto de 100 metros, que percorre e repercorre doze horas por dia, cinco dias por semana. Numa jornada de trabalho, carrega 1 tonelada de sisal. A seu lado, labutam outro garoto, que acabou de completar 10 anos. Mais adiante fica Luciana dos Santos, de 13 anos, uma das mais aplicadas no serviço. Como os meninos, Luciana passa o expediente com um lenço amarrado ao rosto, como urna máscara. E um cuidado para evitar que a fuligem do sisal contamine os pulmões.
     Derivan é um dos 7,5 milhões de trabalhadores brasileiros com menos de 18 anos que ocupam 11,6% dos empregos disponíveis no pais. Entre esses pequenos trabalhadores, o menino baiano está entre os 3 milhões na faixa de 10 a 14 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, TBGE. Se fossem consideradas uma categoria profissional, essas crianças — cujo trabalho só é legalmente autorizado a partir dos 12 anos, e ainda assim com o caráter de aprendizado — seriam duas vezes mais numerosas que os trabalhadores da construção civil, a maior do Brasil, com 1,5 milhão de operários. Somam quatro vezes o número de bancários e cinco o de metalúrgicos.
     O Brasil come, veste e dorme em produtos feitos pelas mãos de crianças. Meninos e meninas colhem laranjas em fazendas no interior de São Paulo. Laranjas que depois viram suco no almoço de meninos e meninas de classe média e, em forma de concentrado, rendem 700 milhões de dólares em exportações. Meninas e meninos colhem o algodão usado nas roupas. Também ajudam a fabricar o carvão para produzir o aço, que faz automóveis e talheres para a mesa de jantar. Crianças fabricam sapatos para as indústrias de Franca, que faturaram 6,5 bilhões de dólares no ano passado. Crianças também fazem sanduíches no McDonald são office-boys, engraxam sapatos. “É difícil encontrar no Brasil uma mercadoria que na cadeia produtiva não tenha por trás a marca da mão de uma criança”, atesta José Carlos Alexim, diretor da Organização Internacional do Trabalho, a OIT.
                                                                                   Valéria França e Joaquim de Carvalho, O suor dos pequenos.
                                                                                                                                       Veja, 30 ago. 1995. pp. 70-1.
    
     Perceba como os autores se utilizam de uma estrutura para mostrar sua indignação com a participação dos menores nas estatísticas de trabalho do pais:
“Derivan Ferreira Lima tem mãos esfoladas (...) a fuligem do sisal contamine os pulmões.”
    
     Nesse trecho é feita uma introdução do assunto, apresentando as crianças que trabalham arduamente.
“Derivan é um dos 7,5 milhões de trabalhadores (...) quatro vezes o número de bancários e cinco o de metalúrgicos.”

     Agora são colocados os fatos apurados em pesquisas ou entrevistas.
“0 Brasil come, veste e dorme em produtos feitos pelas mãos de crianças (...) Organização Internacional do Trabalho, a OIT”.

    Afinal, baseando-se nos fatos apurados, os autores encerram o assunto, deixando clara sua conclusão sobre a participação do menor trabalhador na produção industrial brasileira.
     Para redigir textos objetivos em que expressamos nossa opinião, nossas conclusões, ou defendemos nossos pontos de vista, defina a conclusão ou opinião que você quer expressar sobre o assunto. A sua opinião, não a do autor do artigo lido!



Definição

     Leia a seguinte notícia:
     “O Palmeiras não encontrava espaço para armar as jogadas no meio-de-campo. Rivaldo e Válber, principalmente, eram constantemente vigiados por Dinho e Luís Carlos Goiano. Assim, a maneira mais fácil de se chegar ao gol adversário estava nos contra-ataques”.
     Se por um lado o time paulista encontrava dificuldades para tocar a bola e construir as jogadas, a defesa estava tranqüila. As investidas gremistas eram facilmente contidas por Antônio Carlos e Cléber.
     Aos 13 minutos, aconteceu um lance polêmico que deixou o Palmeiras em desvantagem. Em uma dividida com o zagueiro Rivarola, Rivaldo acabou sendo expulso pelo juiz Cláudio Vinícius Cerdeira. Com um jogador a mais, o Grêmio passou a cadenciar o jogo.”O Estado de S. Paulo, 27 jul. 1995. p. E—1”.

     Se você compreendeu esse texto, é porque conhece um pouco de futebol. Imagine, porém, alguém (pode ser extraterrestre) que nada entenda do assunto. Ao ouvir falar em contra-ataques e investidas, esse ser pensaria tratar-se de uma batalha — pois desconheceria a definição dessas expressões. O mesmo aconteceria com você, ao ler um texto sobre Física Quântica!
    Cada campo do conhecimento faz uso de termos específicos, que os leigos desconhecem. No dia-a-dia, ao ouvirmos palavras desconhecidas, vamos procurar sua definição no dicionário. Mas... qual é a definição de definição? Eis algumas.
• Explicação precisa, significação de uma palavra ou expressão.
• Enunciação das qualidades próprias, essenciais, de um ser.
• Exposição, clara e exata, do que diferencia uma coisa de outra.
     A definição é um processo importante de expor idéias. É pelas definições que aprendemos quase tudo, perguntando: “o que é isto?”
Exemplo: Bola: artefato esférico de borracha ou de outro material, freqüentemente envolto em couro, feltro, etc., que, em geral, salta por efeito da elasticidade e é usado em diversos esportes.
     Geralmente uma definição apresenta os elementos:
·         o termo: o ser, o objeto, a idéia que será definida
·         a classificação genérica do termo
·         características que distinguem esse termo dos demais

Confira alguns exemplos:

Termo           Classificação genérica                        Características Particularizantes
Dividida        jogada de futebol                                  em que dois jogadores disputam a bola
Medo             sentimento                                            de grande inquietação ante um perigo real ou imaginário
Zagueiro        jogador de futebol                                que ocupa a zaga
Violência       ato                                                        de agredir, de violentar

Nas frases, a definição aparece formada por:
·         sujeito (o termo) +
·         verbo (geralmente ser) +
·         predicativo (classificação genérica) +
·         adjuntos (características particularizantes)
Assim, a definição de dividida é: Dividida é uma jogada de futebol em que dois jogadores disputam a bola.

OBS:
• A definição deve ser afirmativa. Não podemos definir amor dizendo: “o amor não é ódio”.
• Deve haver precisão na classificação do termo. Por exemplo: o cachorro é um animal, não um
objeto.
• Devemos ser breves quando definimos algum ser, de preferência usando um só período. Definições muito longas não são definições, são explicações.

Produção de Cartas

     A forma mais tradicional de comunicação à distância é a carta.

    Uma carta deve incluir alguns elementos importantes:
  • o local e a data
  • o nome do destinatário
  • o “corpo” da carta
  • a assinatura do remetente


                                                  Buraco Quente, 10 de junho de 1999
                                                  
                                                          Hermengarda

                                                          Tudo legal ai?

                                                                                        Arquibaldo.



     E pode ter também alguns elementos opcionais:
  • adjetivos qualificando o destinatário
  • uma despedida
  • P.S. (Post Scriptum) = “escrito depois”



                                                           Buraco Quente, 10 de junho de 1999

                                                                  Querida Hermengarda:

                                                                  Tudo legal aí?

                                                                                Abraços do Arquibaldo.

                                                            P.S.: Mande logo a resposta!


I.EMBRE-SE:
  • DESTINATÁRIO:  É a pessoa para a qual mandamos uma carta.
  • REMETENTE: É a pessoa que manda carta.
  • Você deve escrever o nome e o endereço do destinatário na frente do envelope.
  • No verso do envelope escreva nome e endereço do remetente — você
    
Produção de cartaz

     Uma das mais eficazes peças de comunicação é o cartaz. Seja para vender um produto, anunciar um espetáculo ou promover um candidato, os cartazes causam impacto imediato aos que os vêem. Tanto faz se são pequenos. destinados a exposição em lugares públicos, ou grandes, exibidos nas ruas (outdoors).
     Os elementos que constituem um cartaz podem variar, mas em geral, aparecem na seguinte ordem:
- um titulo,
- uma ilustração ou fotografia,
- um texto,
- um endereço, telefone, créditos ou referências.
     E agora que tal criar o seu próprio cartaz? Escolha, abaixo, uma das sugestões para desenvolvê-lo. Se você não gostar de nenhuma delas, invente outra coisa.
- Carta anunciando apresentação de uma peça teatral.
- Cartaz anunciando o único show, na cidade, do famoso grupo de rock: Os Tubérculos Destrambelhados.
- Cartaz promovendo a grande liquidação anual de dentaduras postiças para vampiros na loja Sangue Fresco e Companhia.
-  Cartaz lançando o mais recente modelo de carro desenvolvido pela indústria nacional, movido a xixi de cachorro.
- Cartaz anunciando a Feira de Livros de seu colégio contando com a presença de autores famosos.
- Carta pedindo votos para o Demagogo Salafrário, candidato a prefeito na cidade de Batata Quente da Serra, pelo Partido dos Espertinhos Desempregados.
     Lembre-se seu cartaz deve ser claro e de fácil compreensão, os dizeres devem ser bem legíveis e concisos e as ilustrações devem estar integradas ao texto. Pode-se criar também um slogan anunciando o produto.
     Use como suporte para este trabalho, cartolina ou papel cartão. Para a ilustração, prefira materiais de cores fortes como o guache ou tinta acrílica. Colagem também é uma técnica adequada para cartazes. Para as letras, se você não quiser fazer colagem de recortes de revistas, pode usar textos compostos e impressos em computador, ou letras transferíveis que se vendem em papelarias. Desenhar as letras com normógrafo e pintá-las com guache ou nanquim é a técnica mais simples.

Produção de Poema
 Você já sabe que, nos poemas, cada linha se chama verso.
                                       ‘‘Quando eu era menina..  
Cada conjunto de versos se chama estrofe.  
                                        “Quando eu era menina
                                         bem pequena,
                                         em nossa casa,     
                                         se fazia um bolo,  
                                         assado na panela  
                                         com um testo de borralho em cima.”
      Você sabe também que há poemas com rimas e sem rimas. Porém, todos possuem ritmo: os versos são escritos de forma que sua métrica, ou número de sílabas, varie — formando uma cadência. Compare estas estrofes de Chico Buarque com o texto a seguir. escrito em prosa, mas dizendo a mesma coisa que o poema.
                                   “Junto à minha rua havia um bosque
                                    que um muro alto proibia.”
Perto da rua em que eu morava, quando era pequeno, havia um bosque onde ninguém podia entrar porque um muro alto cercava tudo.
     Notou a diferença? Em poesia, os autores não estão transmitindo apenas informações ao leitor, mas principalmente emoções, sentimentos. Além disso, a cadência (ritmo) dos versos predispõe o leitor a uma leitura mais gostosa, descontraída do que a leitura de um texto em prosa.
Agora escolha uma destas sugestões para escrever um poema. Os trabalhos produzidos pela classe serão reunidos numa coletânea.
  • Arco-íris
  • Chuva caindo no telhado
  • Um pouco de verde
  • A casa em que eu morava antigamente
  • Onde andam as cores?
  • Figuras que as nuvens formam no ar
  • A vida em cor-de-rosa
  • Brincando de fazer bolhas de sabão

Aqui vão algumas dicas para você produzir seu poema.
  • Depois de escolher uma das sugestões, anote, numa folha à parte, todas as palavras que vierem à sua memória relacionadas com o tema.
  • Separe entre essas palavras aquelas que tenham sons parecidos. O uso dessas palavras, intercaladas, dará sonoridade ao poema.
  • Se quiser, use rimas, ou, ainda aproveitando a sonoridade das palavras escolhidas, repita sons parecidos de consoantes e vogais.
  • Dê preferência a substantivos concretos.
  • Não abuse dos adjetivos.
  • Faça versos curtos, ritmados; tente dar ritmo às estrofes, alternando frases com o mesmo, numero de silabas, como se estivesse escrevendo a letra de uma canção.
  • Use recursos de metáfora, comparação e outras maneiras que dêem novos sentidos às palavras, além dos sentidos comuns.
  • Escreva sempre pensando em transmitir ao leitor — um jovem da sua idade — aquilo que você sente.

Para montar a coletânea poética da classe:
  • todos farão uma cópia de seu poema num papel de formato previamente combinado: por exemplo, meia folha de papel sulfite;
  • as folhas serão grampeadas juntas, encadernadas com uma espiral, ou mesmo colocadas em uma pasta com plásticos;
  • se quiserem, poderão fazer várias cópias da coletânea, para que cada aluno tenha a sua.

     A avaliação de um poema depende muito mais de critérios individuais e subjetivos que de “fórmulas”, pois mais sentimos que analisamos a poesia. Mesmo assim, faça uma avaliação dos poemas da coletânea, verificando se a linguagem é adequada aos leitores e se não foram cometidos erros de concordância e ortografia — além de checar o uso das dicas que foram dadas. Faça uma auto-avaliação de seu poema, comparando-o com os outros e verificando o que você poderia mudar para dar a de mais expressividade. Tente reescrevê-lo pensando nisso.

47 – MANUAL DE REDAÇÃO 2

     Que tipos de texto usamos habitualmente? Mesmo com o progresso veloz dos instrumentos de comunicação neste final de milênio, ainda há ocasiões em que, de fato, precisamos escrever uma carta, redigir um requerimento ao diretor de uma empresa, montar um currículo, fazer um recibo ou remeter um simples telegrama.
     Esses textos apresentam diferentes graus de formalidade, mas, de qualquer maneira, exigem do remetente a habilidade de expor-se com clareza e precisão para se fazer compreender pelo destinatário. Além disso, é indispensável dominar o idioma em que se escreve e conhecer as regras básicas de formulação desses textos, pois o sucesso da mensagem também depende de uma boa apresentação.

1. Carta
     A carta é a forma mais freqüente de correspondência, usada desde a Antiguidade. A primeira carta de que se tem registro foi escrita há mais de quatro mil anos, na Babilônia, e era uma correspondência amorosa. Há três tipos básicos de carta:
• Correspondência particular: dirigida a amigos, conhecidos; trata de assuntos particulares e é o registro menos formal de todos. Costumam ser escritas em uma linguagem mais simples e espontânea, até subjetiva. No entanto, a correspondência que será lida por mais de uma pessoa (convites, participações) ser mais objetiva. As cartas particulares em geral trazem:
a) O lugar e a data, que normalmente são colocados no início da carta à esquerda ou no final, abaixo da assinatura.
b) Introdução: fórmula de cortesia que varia segundo o destinatário (caros amigos, estimado senhor, Rosa querida...). Pode ser seguida de dois pontos, de vírgula ou não trazer pontuação nenhuma.
c) Texto: numa carta amistosa, a linguagem é livre, espontânea, podendo incluir gírias.
d) Despedida; também uma fórmula de cortesia, que nesse tipo de carta varia muito (um forte abraço, uma beijoca).
e) Assinatura: em geral sem sobrenome, nesse tipo de carta.
f) PS.: é o post scriptum traz as anotações que se fazem depois das despedidas.

• Correspondência comercial: ligada a assuntos comerciais e financeiros, é trocada para pedidos de emprego, demissões, vendas. Segue fórmulas fixas, que devem ser observadas.
As cartas comerciais são bem mais formais do que as particulares. Devem iniciar-se com fórmulas respeitosas, como — Prezado Senhor, Prezado Senhor Diretor — e encerrar-se com protestos de estima, agradecimentos e saudações formais, como — Atenciosamente, Cordialmente. O tratamento dado ao destinatário, nos casos de maior formalidade, deve ser o de VSa. (Vossa Senhoria) ou VSas. (quando no plural). Se os assuntos da carta são múltiplos, pode-se organizá-los em tópicos, indicados por letras maiúsculas. Se a empresa é muito grande, convém indicar o departamento a que se destina a carta, assim como destacar o assunto de que se trata acima da introdução, indicando-o como Ref. (Referência). Exemplo:


• Correspondência oficial: dirigida a instituições públicas ou delas provenientes; são portarias, certidões ou avisos. Bastante formal, respeita padrões determinados.
-Requerimento: É o texto administrativo mais freqüente, por meio do qual se faz um pedido, uma solicitação. Quando o requerimento traz a solicitação de várias pessoas, chama-se memorial. Confira, a seguir, um modelo de requerimento:


- Aviso: É uma forma de correspondência muito utilizada por bancos, repartições e órgãos públicos. Não traz um destinatário específico, mas coletivo: público em geral, correntistas, clientes ou a população de uma cidade. Dele devem constar:
• Nome da pessoa ou instituição que emite o aviso.
• Comunicação que se quer transmitir.
• Dados objetivos e essenciais.
• Local, data e assinatura.





- Ata - É o registro do que se passou numa reunião, num congresso ou em uma convenção, para futura comprovação das discussões e decisões tomadas. Segue uma forma fixa, não se admitindo parágrafos (a não ser o inicial) para se evitarem adulterações. Pelo mesmo motivo, é assinada pelos participantes do encontro logo após a última linha. Deve conter:
• Número da ata.
• Data e local da reunião.
• Registro do nome dos presentes.
• Pauta, ou ordem do dia, isto é, a descrição do assunto que vai ser tratado.
• Relato dos assuntos tratados, nomeando-se as pessoas que se manifestaram.
• Registro das conclusões, soluções. Além disso, a ata, antes de ser assinada, deve ser lida e aprovada pelos presentes à reunião.

- Currículo - Curriculum Vitae - Documento cujo nome é tomado por empréstimo do latim (e significa carreira de vida), o currículo reúne informações sobre o preparo profissional e as experiências anteriores de alguém que se candidata a um emprego. Seu modelo mais comum, que tradicionalmente conserva a identificação escrita em latim, contém os seguintes itens:


- Procuração: É um documento expedido por uma pessoa (o mandante ou outorgante), autorizando uma segunda pessoa (o procurador ou outorgado) a tratar de seus negócios. Pode ser geral, quando o mandante autoriza o procurador a agir em seu nome em qualquer transação, ou específica, quando concede ao procurador um ou alguns poderes sobre determinados assuntos. O próprio mandante pode redigir a procuração (que recebe o nome de procuração por instrumento particular), sendo obrigatório o reconhecimento de firma. A procuração também pode ser lavrada por tabelião público, em cartório. Exemplo:


- Declaração: É um documento que dá uma informação sobre determinada pessoa ou fato. Como também é válida perante a Justiça, a declaração deve expressar a verdade e ser datada. O declarante, assim como o beneficiário, deve vir identificado, como no exemplo ao lado:


- Recibo: Documento que comprova o recebimento de um pagamento, de uma encomenda ou de uma mercadoria qualquer. As importâncias em dinheiro devem vir em algarismos e por extenso e as mercadorias especificadas. E obrigatório o registro da data e do local, assim como a assinatura:


- Telegrama: Utilizado para comunicação urgente; é transmitido pelo correio, pelo telégrafo ou por telefone. Tem como principal característica a síntese, já que o número de palavras é que determina seu preço. Assim, no telegrama, devemos suprimir: qualquer palavra dispensável à compreensão da mensagem, como artigos, preposições, conjunções, e sinais de pontuação, a não ser os indispensáveis, que serão grafados PT (ponto) ou VG (vírgula).


Glossário
Convenção: encontro, reunião ou assembléia de pessoas e de representações de classe ou de associações em que se delibera sobre assuntos de terminados.
Destinatário: aquele que recebe a mensagem, o receptor.
Fórmula de cortesia: expressão de frases feitas, respeitosas e cordiais, usada para iniciar ou encerrar uma correspondência.
Síntese: exposição resumida, em que se usa um mínimo de palavras.
Subjetiva: individual, pessoal, particular.


48 – MAPAS HISTÓRICOS

Opção 1
     Para compreender o que um mapa histórico mostra, você precisa, antes de tudo, saber como se interpretam mapas, qualquer que seja o seu tipo.
     Você sabe o que é um mapa? Mapa é uma forma de representação de uma par te da superfície do planeta Terra. Outra forma de representação da Terra é a fotografia, como a que você pode ver nesta página. E uma foto da Terra, vista do espaço. Mas, como a Terra é esférica, só podemos ver uma de suas faces. Porém, um globo terrestre pode nos dar informações sobre qualquer parte do planeta. Os globos terrestres mostram geralmente os continentes, os oceanos, os mares, as ilhas maiores, a divisão em países e as principais cidades.
     Mas podemos reproduzir as informações do globo terrestre também numa folha de papel. Teremos, então, um mapa chamado planisfério, isto é, a esfera terrestre representada num plano. O planisfério é um mapa que mostra as duas faces da Terra. Você precisa conhecer bem o planisfério para compreender qualquer outro mapa. Assim, analise o planisfério, observe a posição dos continentes, dos mares e dos oceanos. Procure fixar essa imagem na memória. Isso vai ajudar muito a compreender a história.
     Outra regra importante é conhecer a indicação dos pontos cardeais nos mapas. Eles facilitam a localização dos espaços representados. Você já conhece os pontos cardeais, claro: norte, sul, leste e oeste. Existe uma convenção (uma regra) de que nos mapas, os pontos cardeais devem aparecer sempre na mesma posição.
     O leste indica a direção na qual, em qualquer parte do mundo, as pessoas vêem o sol aparecer de manhã; o oeste, a direção na qual vêem o sol se põe. O leste é também chamado de oriente, enquanto o oeste é chamado de ocidente. O nome oriente é significativo, pois, durante muito tempo, o sol foi o único ponto de referência para as pessoas se orientarem e saberem que direção tomar. Então, o sol nascente é o que orienta as outras direções.
     Agora que você conhece bem o planisfério, será mais fácil compreender um mapa que mostra apenas uma parte da superfície terrestre. Todas as vezes que consultar qualquer mapa, a primeira coisa a fazer é descobrir no planisfério o espaço que ele representa. Desse modo, você saberá qual é a posição que esse espaço ocupa no mundo.

As legendas
     Nem todas as informações podem ser indicadas no mapa por escrito Por isso, os mapas apresentam outros recursos, como cores e sinais, para transmitir informações. Esses códigos traduzidos na legenda, que se coloca em um dos lados do mapa, geralmente na parte inferior. Com esses recursos, os mapas podem conter um grande número de in formações, como o tamanho das cidades, o número de habitantes, as altitudes dos terrenos, os tipos de clima e de vegetação, a distribuição de produtos, etc. Observe a legenda de uma mapa e procure interpretar seu significado.

Os mapas históricos
     Os mapas podem trazer informações sobre o espaço terrestre e sua ocupação pelo homem tal como é na atualidade ou como foi em outras épocas. Esse último é o caso dos mapas históricos. Veja o exemplo seguinte.
Comparando os mapas 1 e 2, você pode perceber grandes diferenças. Faça um exercício de interpretação, analisando os dois mapas. Que conclusões é possível tirar sobre as mudanças ocorridas nessa área, durante o período que separa as duas épocas?
Época
     Nos mapas históricos, é fundamental que esteja indicada a época a que as informações se referem.

Opção 2
1. Ler o título do mapa.
2. Identificar as regiões do mundo que
estão sendo representadas.
3. Identificar a posição relativa no peque no mapa-múndi situado na parte superior do mapa.
4. Verificar os oceanos, mares e rios representados.
5. Verificar se há representação de relevo OU vegetação.
6. Verificar as indicações acerca de cidades, remos, impérios ou outra divisão
política no mapa.
7. Fazer a leitura da legenda. Identificar no mapa os sinais e cores apontados.
8. Situar o mapa no tempo.
9. Relacionar o assunto e as informações representadas no mapa ao tema desenvolvido no capítulo.

49 - MONOGRAFIAS
Opção 1

1 - Pesquise, na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. os direitos que podem ser relacionados a temática do Expansionismo e o direito ao autodesenvolvimento dos povos
2 - Escolha, entre os conteúdos estudados neste primeiro capítulo, uma temática de seu interesse para você fazer uma monografia
3 - Formule uma hipótese de trabalho ou uma pergunta para se de problemática a ser analisada E importante que existam fontes disponíveis sobre a temática para que a pesquisa possa ser realizada
4 - Estabeleça um recorte temporal para o seu tema: período, século, década, anos.
5 - Pesquise primeiro em obras mais gerais e depois em obras mais especializadas Organize um arquivo para registrar os dados encontrados O arquivo pode ser em fichas de
papel ou em disquete de computador. Não se esqueça de anotar as referências da fonte
consultada, inclusive a página, se for o caso. Fique atento para o objetivo principal da pesquisa monográfica que é aprofundar a análise de um problema ou aspecto de uma questão.
6 - Além de fontes escritas, você também pode utilizar fontes iconográficas e orais. Consulte o(a) professor(a) sobre como trabalhar com as diferentes fontes.
7 - Para escrever sua monografia, procure orientar-se a partir dos seguintes itens:
- introdução: contextualização do problema que esta sendo analisado, objetivos do trabalho e a justificativa, isto é, porque foram escolhidos o tema e a problemática;
- explicação dados acontecimentos informações que ajudem a explicar o tema e a problemática;
- opiniões: diferentes opiniões que foram encontradas sobre o assunto;
- conclusão: pode ser feita sob a forma de argumentação conclusiva ou uma breve recapitulação do tema abordado, com suas opiniões pessoais;
- referências em ordem alfabética

Opção 2
Monografia – O cotidiano da Escravidão no Brasil

     O tema poderá ser aprofundado com esta atividade desenvolvida em equipes e considerando as seguintes sugestões.
1. Definir os aspectos que deverão ser privilegiados na pesquisa;
2. Selecionar fontes bibliográficas disponíveis, que poderão ser consultadas
pelos alunos para pesquisar textos e imagens
3. Selecionar se houver possibilidade, documentos em jornais antigos, em bibliotecas ou casas da memória, fatos,  anúncios, notícias, todos são fontes importantes para analisar o tema;
4. incluir pesquisa na localidade para levantar informações sobre a existência de locais de práticas de escravidão.

50 – MONUMENTOS E MUSEUS

     Como já vimos, os monumentos públicos, os nomes de ruas e os museus são uma forma de construir a memória de um povo, pois através deles selecionam-se eventos, pessoas e momentos a serem lembrados. Mas que lembranças estão registradas em nossa cidade? Quais aspectos estão sendo destacados e que outros estão sendo esquecidos? Haverá um sentido para isso?
Para responder a estas perguntas, acompanhe o roteiro a seguir:
1. Localize um monumento, pesquise os nomes das ruas ou vá a um museu de sua cidade.
2. Em relação ao monumento:
a) Identifique o que está sendo lembrado e que personagens ou eventos são destacados.
b) De que época é?
c) Que artista o construiu?
d) Alguém financiou a construção? Quem?
3. No museu, visite suas salas, anote os tipos de obras existentes e selecione algumas para responder às questões que se seguem:
a) De que época são?
b) De que temas tratam?
c) Qual o seu título?
d) Qual a sua aparência?
e) Como é o prédio do museu?
4. Faça um pequeno texto organizando as informações recolhidas e mostrando quais relações podem ser estabelecidas entre o tema pesquisado e o que você leu sobre memória.
5. Se você fosse escolher um monumento para a sua cidade, qual seria? O que considera importante ser lembrado pelas pessoas? O que destacaria? Por quê?

51 - NARRAÇÃO

Opção 1
   
     O que é narrar? Narrar é relatar falos e acontecimentos vistos, ouvidos, lidos ou imaginados, em um momento e local determinados. Todos os dias acontecem situações interessantes, divertidas ou desagradáveis, que podemos relatar aos nossos amigos ou à família. Assim fazemos uma narração. Podemos, às vezes, narrar por escrito.
 
1. Elementos da narração literária
     A narrativa literária, também chamada de ficção, é aquela elaborada por um escritor que recria ou inventa uma realidade. Toda narração pressupõe um narrador que é quem conta a história, e uma trama ou enredo que é a seqüência dos fatos relatados segundo uma ordem, cronológica ou não. O tema é a matéria-prima do enredo. Qualquer terna pode originar uma excelente narrativa, dependendo do escritor. Mas é importante saber que relatar fatos não basta para prender a atenção do leitor. E preciso que do enredo faça parte um conflito urna complicação; ou seja, um elemento que desvie os fatos de seu percurso habitual, previsível.
Nessa narrativa, as personagens podem ser reais ou fictícias e até mesmo animais ou seres inanimados, aos quais atribuímos qualidades humanas. Às personagens principais dá-se o nome de protagonistas

2. Diferenças entre descrição e narração
     O ambiente em que se movem as personagens é retratado através da descrição. As vezes, o que cativa e torna interessante a narração não é tanto a trama, mas a qualidade descritiva do cenário — a atmosfera de uma sala de jogos. o mistério da cena do crime. Ambas as formas de expressão se alternam e se complementam num relato.
     A descrição situa as coisas no espaço como se fosse um quadro. Destaca os elementos plásticos tal como existem ou como são imaginados. Utiliza-se de adjetivos, comparações, metáforas. O tempo verbal mais freqüente na descrição é o pretérito imperfeito. A narração situa as coisas no tempo o importante é o que acontece. As palavras que predominam na narrativa são os verbos que expressam ação e os pronomes pessoais. Os tempos verbais mais freqüentes são o pretérito perfeito e o mais-que-perfeito também pode aparecer o presente histórico, que, atualizando os fatos, tem valor de passado.

3. Foco narrativo
     Foco narrativo é o ponto de vista do narrador. Basicamente há dois focos distintos — do narrador em terceira e em primeira pessoa. O narrador em terceira pessoa conta os fatos sem participar da ação. Nesse caso, ele pode ser:
• Narrador onisciente: aquele que tudo sabe, que conhece o interior das personagens, pode explicar seu passado e adiantar o que farão no futuro.
• Narrador observador: aquele que se limita a contar o que pode ser testemunhado de fora.
• Narrador em primeira pessoa: o narrador é uma personagem que conta sua própria história ou de outrem. Esta forma propicia a auto-análise e a reflexão do narrador. É o recurso básico para o monólogo interior, que ganhou destaque na literatura do séc. XX e é indispensável na elaboração das memórias.

4. Formas da narrativa
Além dos romances, novelas e contos, há outras formas de narrativa:
• Crônica: narrativa curta que geralmente tem como ponto de partida um fato real comentado pelo autor, muitas vezes de maneira lírica ou bem-humorada. Nas últimas décadas no Brasil, muitos escritores notabilizaram-se por suas crônicas: Rubem Braga, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo, entre outros.
• Parábola: narrativa curta e alegórica, isto é, que simboliza uma outra realidade. Os ensinamentos de Cristo foram transmitidos por meio de parábolas.
• Saga: narrativa extensa que conta a história de uma família importante, no contexto de um povo. Exemplo: O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo..
• Lendas, contos de fada, mitos: narrativas que participam da cultura coletiva, impregnadas de seres e acontecimentos sobre-humanos. Essas narrativas fazem parte do patrimônio da literatura oral, como os contos de fadas: Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Cinderela, A bela e a fera e os mitos de Prometeu e de Perséfone.

Glossário
Memórias: escrita de fatos ou acontecimentos passados, dos quais o autor foi protagonista.
Monólogo interior: ato de comunicação que uma pessoa faz consigo mesma, ou quando se dirige a uma ou mais pessoas das quais não espera uma resposta (um povo, Deus).
Presente histórico: atualiza um fato do passado ou o apresenta como se estivesse acontecendo naquele momento.

Opção 2
NARRATIVAS

     Quando ouvimos a leitura ou o relato de uma história, participamos, mesmo calados, ativamente do enredo narrativo, da caracterização das personagens e da linguagem em que o relato vai sendo feito.
     Essa participação tem muitas facetas, já que põe em jogo nossos níveis de percepção, nossa capacidade de apreensão de fatos e de concatenação lógica das ações.
     O texto ficcional mobiliza competências e amplia os limites do imaginário pessoal e coletivo. Assim, enquanto alguém lê ou conta uma história, um fato imaginado ou baseado no dia-a-dia, conferimos a coerência do relato e procedemos a antecipações da narrativa, que podem ou não ocorrer da forma como as construímos.
     E quanto mais especial for o texto da narrativa, mais presos estaremos a ela e maior será nosso diálogo com o que está sendo lido ou contado.
     Pensando na possibilidade de antecipações ou complementações de narrativas por parte de crianças em séries iniciais, é preciso que sejam selecionados relatos densos, mas curtos, para que elas se interessem e mantenham a atenção desperta e ligada no que está sendo contado.
     Escolhendo, por exemplo, bonitas crônicas que tragam relatos do cotidiano ou do “maravilhoso” e que envolvam as crianças, é possível realizar um trabalho de complementação autoral/textual de tais crônicas já entre crianças que tenham de 8 a 10 anos.

52 - PAINEL - Ser feliz na minha cidade

     A idéia aqui é pesquisar, em sua cidade, tudo o que você acha que contribui para que os habitantes sejam felizes. Para isso:
1. Recolha documentos como depoimentos orais, fotos, artigos de jornais e outros que você encontrar.
2. Selecione e organize o material recolhido, lembrando de indicar locais, datas, nomes dos entrevistados (que desejarem ser identificados), fontes usadas para a pesquisa.
3. Organize um painel com o material que você recolheu, atendendo as orientações do(a) professor(a). Vale a pena expor, também, um texto de síntese, contendo sua opinião sobre o tema em questão.

53 – PATRIMÔNIO HISTÓRICO BRASILEIRO

     Chamamos de “patrimônio histórico” o conjunto de bens considerados importantes para a preservação da história e da memória de um povo ou de um pais. Eles podem ser escritos (cartas, tratados, diários, livros, etc.), materiais (construções e monumentos arquitetônicos, sítios arqueológicos, obras de arte, etc.) ou sonoros (gravações).

1. Com seu grupo, crie uma campanha publicitária em defesa desse patrimônio ameaçado por alguns turistas e pelo comércio ilegal de achados arqueológicos:
a) Criem um slogan para a campanha.
b) Escrevam um roteiro de uma chamada para a TV, com duração de um minuto. Redijam
as falas, que devem sensibilizar as pessoas sobre a necessidade da preservação do
patrimônio histórico, e indiquem as imagens e músicas que devem aparecer.
c) Façam um cartaz para a campanha. Vocês podem usar ilustrações ou colagens para ilustrá-lo.

2. Agora você será o pesquisador. Que tal seguir o exemplo dos estudiosos que vimos neste capítulo e resgatar a história da ocupação do seu bairro ou da sua cidade? Para tanto, siga estes passos:
a) Desenhe um mapa ou planta de seu bairro ou de sua cidade, indicando os principais
pontos de referência (igrejas, praças, escolas, prédios antigos, etc.).
b) Pesquise a data de construção de pelo menos três desses pontos, entrevistando as pessoas ou pesquisando em livros sobre a história da sua cidade.
c) Entreviste pelo menos cinco adultos (incluindo seus pais) que moram no seu bairro ou na sua cidade, perguntando:
— há quanto tempo eles vivem nesse lugar; qual o local de nascimento (se for da mesma cidade, qual o bairro; se for do mesmo estado ou país, qual a cidade; se for estrangeiro, qual o país de origem);
— qual o local de nascimento dos pais e avós dos entrevistados.

3. Em seguida, em uma cartolina, copie o mapa do Brasil ou do mundo (dependendo do local de origem das pessoas) e trace as rotas de migração dos entrevistados até terem chegado ao bairro ou cidade atual.

4. Monte, junto com seus colegas, um mural com todos os mapas de rotas de migração. Sob orientação do professor, cada aluno deve relatar brevemente o que descobriu e explicar seu mapa. Comentem os resultados da pesquisa: são semelhantes ou diferentes?

5. Faça um levantamento de todos os bens de sua cidade (ou bairro) que, conforme sua pesquisa, podem ser considerados parte do patrimônio histórico do município”. Quais as medidas necessárias para preservá-los?

54 - PESQUISA
 
     A pesquisa é uma atividade praticada em todas as ciências, com o objetivo de ampliar e aprofundar o conhecimento.
     O historiador é o pesquisador da ciência da História. Seu trabalho parte sempre de algumas questões relativas a um assunto e a uma época, que são os problemas de pesquisa para os quais ele deseja encontrar respostas.
     As fontes de informação do historiador são documentos, objetos, obras de outros historiadores ou depoimentos de pessoas vivas. A partir das informações obtidas, o historiador procura interpretar os fatos, explicando como e por que eles ocorreram.
O estudante também pode ser um pesquisador. Por meio dos trabalhos de pesquisa ele amplia seus próprios conhecimentos, compreendendo melhor os temas que está estudando.
Mas, para que a pesquisa tenha esse resultado positivo, é necessário que ela se oriente por algumas normas ou regras. Em primeiro lugar, o estudante deve ter bem claro o que vai pesquisar, isto é, qual é o assunto da sua pesquisa e o que deseja saber sobre o assunto. Ele deve formular uma ou mais questões ou perguntas, que orientarão a sua pesquisa.
     O próximo passo será procurar as fontes de in formação. Serão pessoas? Serão livros sobre o assunto? Serão enciclopédias? Serão documentos da época?
     Analisaremos aqui três tipos de fontes: os depoimentos pessoais, as obras escritas e os documentos. A seguir estão indicados os procedimentos básicos que devem ser seguidos nos três casos.



A entrevista
     Se a pesquisa se basear em depoimentos pessoais, o pesquisador precisa escolher seus informantes, preparar um roteiro de entrevista ou um questionário e realizar a entrevista com as pessoas.  As informações obtidas devem ser registradas. Algumas vezes o próprio entrevistado escreve suas opiniões ou respostas. Outras vezes, o entrevistador é quem escreve o que o entrevistado fala. Em outros casos, ainda, a entrevista é gravada, para que haja total fidelidade às opiniões do entrevistado.

A pesquisa bibliográfica
     Pesquisa bibliográfica é aquela que tem como fontes obras escritas. O primeiro problema que se coloca ao pesquisador é o de onde encontrar as obras. O local mais indicado para procurar fontes bibliográficas é uma biblioteca.

O uso da biblioteca
     A maioria das bibliotecas possui um fichário, ou catálogo, isto é, um arquivo de fichas, uma para cada livro da biblioteca. (O conjunto de obras da biblioteca se chama acervo.) Algumas bibliotecas têm um fichário por autor, outro por título e outro ainda por assunto, todos organizados em ordem alfabética.
     Isso quer dizer que, se o leitor sabe o nome do autor da obra que deseja consultar, pode localizar a obra no fichário de autor (que segue a ordem alfabética dos sobrenomes dos autores). Se o leitor tem o título do livro, mas não sabe quem é o seu autor, procura no fichário de títulos. Finalmente, caso o leitor não saiba qual o livro que deve consultar, a procura poderá ser feita no fichário de assuntos, no qual se encontra o nome de todas as obras existentes na biblioteca sobre determinados assuntos. Na ficha de cada livro há um número que auxilia a localização nas prateleiras. Em algumas bibliotecas, é o próprio leitor quem procura o livro, e em outras é um funcionário da biblioteca.
     Lembre-se de que os livros de uma biblioteca são para uso de todos. Por isso devem ser manuseados com cuidado.

A coleta de informações
     Tendo em mãos os livros, o pesquisador deve iniciar a sua consulta analisando o índice de cada obra, pois ele oferece uma visão geral dos assuntos tratados no livro. Por essa análise, é possível verificar quais são os livros que servem e quais os que não interessam ao trabalho. Depois de separar as obras que considera necessárias à pesquisa, inicia a coleta de informações. Chamamos coleta de informações ao registro das informações encontradas nos livros e que serão usadas, depois, para a redação final do trabalho.

As anotações
     Você pode fazer as anotações da leitura de duas maneiras diferentes:
• Copiando as partes do texto que lhe interessam. Nesse caso, você deve colocar entre aspas o trecho copiado e logo em seguida o número da página em que ele se encontra.
• Resumindo, com suas próprias palavras, as idéias do autor que interessam ao seu trabalho.
Se você fizer comentários sobre a leitura, use uma caneta de outra cor para diferenciar as informações do livro e os seus comentários.

A pesquisa em jornais
     As pesquisas em jornais antigos são feitas nas bibliotecas públicas ou nos arquivos dos próprios jornais. Nesses últimos, é possível encontrar pastas organizadas por assunto: elas contêm todas as notícias e matérias jornalísticas sobre um determinado assunto. Solicitando a pasta, você tem acesso a to das essas informações. Mas, se desejar consultar um jornal antigo, deve solicitar o jornal, indicando o dia, o mês e o ano do exemplar.

A redação do trabalho
     Após a realização da pesquisa. costuma-se redigir um trabalho final, que não deve consistirem uma simples cópia das informações que foram encontradas nas fontes. Ao escrever seu trabalho, procure usar suas próprias palavras. Não se esqueça de que todo trecho copiado das obras consultadas deve ficar entre aspas. Quando isso é feito, coloca mos a indicação bibliográfica entre parênteses, logo após o trecho citado.

A bibliografia
     Todo trabalho de pesquisa deve terminar com a indicação das obras que foram consultadas Por isso, a última parte do trabalho é a bibliografia. Para fazer a bibliografia, oriente-se pela bibliografia apresentada nos livros, observando como são indicados os livros: o sobrenome e o nome do autor, o título do livro, a cidade em que ele foi publicado, o nome da editora e o ano da publicação.


Produzindo uma Pesquisa - Corpo e beleza

     A partir das discussões feitas nesta unidade e de seus conhecimentos sobre o tema, organize, em equipe, uma pesquisa do tipo enquete para saber o que os jovens de sua localidade pensam sobre a beleza. Para isso, considere as seguintes orientações:
1. Selecione cinco rapazes e cinco moças da mesma faixa etária dos alunos da turma para serem entrevistados.
2. Elabore as perguntas relacionadas a: padrão de beleza e de corpo, cuidados e produtos relacionados à higiene, saúde e beleza do corpo.
3. Selecione e organize as informações para apresentar para a turma, ou para a escola, na forma de cartazes, palestras ou painéis.

Projeto de Pesquisa – Memórias da Guerra na História Local

     Escolha um tema relativo à influência das guerras mundiais em sua localidade e faça uma proposta de pesquisa sobre ele.
1. Faça um esquema dos itens que você pode pesquisar.
2. Identifique as fontes que podem ser consultadas para fazer a pesquisa: jornais e revistas antigos, monumentos, visitas a museus, obras de consulta bibliográfica, imagens (fotos, gravuras, filmes), outros documentos escritos, depoimentos orais.
3. Faça um roteiro para pesquisar os documentos que você identificou em sua localidade e que revelem dados sobre o tema.
4. Registre os dados que foram pesquisados em uma ficha de consulta.
5. Selecione um aspecto do tema que você achou interessante, nos documentos que foram consultados.
6. Consulte obras de historiadores que foram sugeridos por seu(sua) professor(a) para aprofundar informações e análises sobre o aspecto que você selecionou.
7. Organize um roteiro para redação do texto da pesquisa, organizando-o assim:
a. Introdução.
b. Desenvolvimento.
c. Conclusões.
d. Referências.


Pesquisas bibliográficas

1. Seleção das fontes e localização dos temas. E importante que os alunos sejam orientados a consultar os índices das obras.
2. Leitura dos textos. São os passos 1, 2 e 3 dos procedimentos para a leitura
de textos.
3. Registro das informações. Orientar os alunos a registrar as informações solicitadas de forma pessoal e resumida.
4. Organização das informações e apresentação. Os alunos deverão reler suas anotações e organizá-las conforme a proposta de trabalho: elaboração de um texto, cartaz, painel, exposição oral ou outra forma de apresentação.
5. Bibliografia. Os alunos deverão anotar o nome do autor, da obra, o local e
a data da publicação, o nome da editora e as páginas consultadas. No caso de pesquisa em fontes da imprensa, deverão ser citados pelo menos o nome e a data do(s) periódico(s) consultado(s). No caso de pesquisa na internet, os procedimentos permanecem os mesmos, devendo ser citado o endereço eletrônico do site visitado.
Pesquisa
     Como buscar informação para pesquisas?
     Qualquer aluno, além de fazer os seus exercícios, precisa estudar, preparar-se para exames durante o curso e realizar trabalhos específicos relacionados com as matérias que estuda. Para cumprir essas tarefas tem, em primeiro lugar, que buscar informações em livros e artigos acessíveis e fáceis de consultar: manuais didáticos, enciclopédias gerais ou especializadas, monografias, revistas, jornais. Tendo selecionado as fontes que tratam do tema, ele poderá iniciar o seu trabalho.

1. Consulta ao dicionário enciclopédico
No dicionário enciclopédico é possível encontrar informações sobre os principais assuntos científicos, humanísticos e artísticos, e também sobre a vida dos mais ilustres personagens das ciências e das artes, tudo organizado por ordem alfabética. Nomes de pessoas devem ser procurados pelo último sobrenome conhecido. Exemplo: Fernando Pessoa deve estar no verbete Pessoa, Fernando. No caso de pseudônimos, como Moliêre (Jean-Baptiste Poquelin), deve-se procurar pelo pseudônimo. Na lombada de cada volume existe geralmente a primeira e a última palavra tratada em cada tomo.

Informações iniciais
Alguns elementos permitem localizar a informação que procuramos num livro
• Sumário ou índice geral, em que estão indicados os capítulos e subtítulos do livro, pela ordem em que aparecem;
• Prólogo ou introdução, com dados e comentários sobre o autor e a obra. Às vezes convém ler o prólogo após a leitura do livro, para evitar que a opinião do comentarista influencie demasiadamente a nossa;
• Índices (temático, de autores, de topônimos, de ilustrações). Geralmente eles se encontram no final do livro e permitem localizar alfabeticamente aquilo que
procuramos, dando indicação da página;
• Bibliografia, também ordenada alfabeticamente, nos mostra outros textos em que o assunto foi tratado.

2. Consultas em bibliotecas
Deve-se considerar a biblioteca — escolar, municipal ou de centros comunitários — como um centro de convivência, de estudo e de intercâmbio cultural. Uma simples carteirinha permite o acesso a muitos livros importantes. Eles podem ser consultados na própria biblioteca ou emprestados para leitura em casa.

3. Como se procura um livro na biblioteca
Na biblioteca, cada livro é registrado em um fichário. A ficha bibliográfica contém o nome do autor, o título do livro, o local da edição, a editora e o ano da publicação. Cada uma das fichas figura de três maneiras diferentes, mudando somente o cabeçalho:
• Pelos sobrenomes e nomes do autor (Alencar, José de)
• Pelo título do livro (Senhora)
• Pela matéria (Literatura Brasileira)
Nas fichas existe também um código alfanumérico que permite localizar o livro nas estantes.

4. Como se solicita um livro
É preciso preencher uma ficha impressa com os dados pessoais do leitor, o título do livro, o nome do autor e, principalmente, o código alfanumérico do livro, que permitirá ao bibliotecário encontrá-lo facilmente nas prateleiras.

5. Fichário pessoal
É constituído de fichas com dados considerados importantes pela pessoa que faz a pesquisa. Esses dados também podem ser armazenados num computador. As fichas mais freqüentes são as bibliográficas, que trazem o nome do autor, título do livro ou do artigo de jornal ou de revista com indicação do nome da editora, ano e local em que foi publicado. Pode-se fazer um pequeno resumo do conteúdo do livro, comentários a respeito dos personagens, época e estilo, e acrescentar citações temáticas, ou seja, frases chamativas de autores transcritas em uma epígrafe temática.

Glossário
Alfanumérico: sistema de codificação que combina letras e números.
Bibliografia: conjunto de livros e textos consultados para estudar um assunto.
Enciclopédia: obra de consulta organizada alfabeticamente ou por matéria, que resume conhecimentos gerais ou relativos a uma especialidade.
Epígrafe temática: rase inicial de uma ficha, que resume a idéia geral do assunto tratado.
Lombada: lado do livro em que fica a costura, oposto ao corte da frente e no qual normalmente estão o título e outras informações.

55 – PESQUISA NA TV

     Que necessidades a publicidade produz? No Brasil, uma das principais maneiras de fazer propaganda dos produtos é através da televisão, principalmente no chamado horário nobre - entre 20 e 22 horas.
     Organize um grupo para pesquisar e analisar alguns anúncios de publicidade de produtos, veiculados pela televisão. Para isso, considere as seguintes orientações.
1. Durante uma semana, no horário nobre, faça uma lista dos anúncios veiculados nos diferentes canais de televisão. Procure observar:
a. anúncios nos quais a figura da mulher está presente e de que forma isso ocorre;
b. anúncios em que aparecem crianças jovens, e de que forma isso ocorre;
c. anúncios de automóveis: se as marcas anunciadas informam sobre aspectos técnicos do veículo, como: consumo de combustível, potência, suspensão, velocidade, cilindrada,
estabilidade etc;
d. verifique se os anúncios ridicularizam pessoas que não consomem os produtos marcas anunciadas ou se menosprezam outras marcas.

2. Entreviste várias pessoas sobre os canais de TV que costumam assistir, se consomem os produtos anunciados e por que consomem esses produtos.

3. Após a pesquisa, elabore um texto discutindo os resultados da pesquisa e procurando estabelecer relações entre publicidade, produção das necessidades e o direito à felicidade.

56 - POESIAS

     Neste módulo é enfatizada a importância de a função poética da linguagem ser desenvolvida nas crianças, isto é, de oferecer-lhes constantes oportunidades de utilização da linguagem em sua dimensão poética e de convidá-las a se expressar, oralmente e por escrito, de forma criativa. A escrita criativa realizada por meio desta modalidade permite a expressão dos sentimentos e da imaginação do autor, mediante a utilização de comparações, metáforas, antíteses e outros recursos literários.
     A aplicação educativa da função poética da linguagem permite, além de tudo, estimular a leitura de poesias e desenvolver o bom gosto literário. Quando os professores convidam seus alunos a escrever poemas sem lhes oferecer estratégias pedagógicas para desenvolverem essa habilidade, geralmente eles ficam tensos ou se frustram, exceto aqueles dotados de talento especial, que são capazes de escrevê-los de forma espontânea. Portanto, as sugestões que são oferecidas a seguir referem-se a estratégias que facilitam a criação poética dos alunos, com base em atividades como a criação de empréstimos feitos da poesia, acrósticos, associações de palavras, utilização de comparações e metáforas, limericks, poemas-diamante, ad-versos e haiku (plural de haikai, no japonês).(1)

Sugestões Metodológicas

1. Empréstimos da poesia
Para facilitar a criação de poemas, para as crianças, é produtivo convidá-las a fazer empréstimos da poesia, isto é, tomar por base algum poema que conheçam e recriá-lo, respeitando sua estrutura, ritmo e rima, mas modificando seu conteúdo. Para a realização dessa atividade sugerimos os seguintes passos:
- Leia poesia para seus alunos com freqüência, ou faça-os ouvir gravações de diferentes autores. A leitura de um só autor limita a possibilidade da interiorização de diferentes temas e estilos. A literatura brasileira conta com excelentes poetas, como Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Paulo Leminski, Manuel Bandeira, a partir dos quais pode ser selecionada uma variada gama de poemas, além da poesia infantil tradicional.
- Organize sessões de leitura e escrita de poemas, durante as quais os alunos escolhem aqueles de que mais gostam e depois os copiam e lêem ou recitam para seus colegas.
- Peça que se preparem para ler ou para recitar, lendo várias vezes os poemas escolhidos.
- Convide-os para assistirem a apresentações de poesias e para entrevistarem uma poetisa ou um poeta, quando se apresentar a oportunidade.
- Mostre um modelo de “empréstimo poético”. Por exemplo, os conhecidos versos de Gonçalves Dias:

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorgeiam como lá.

Foram assim transformados por Mário Quintana:

Minha terra não tem palmeiras.
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Os mesmos versos ficariam assim, na versão de uma criança:

Minha classe tem pessoas
Cantam elas tra-la-lá
Como aves que gorjeiam
Não desafinam como lá.

- Estimule os alunos a fazer esse tipo de empréstimo, seguindo os passos descritos a seguir:
a) Peça aos alunos que escolham um poema para transformá-lo. O trabalho pode ser feito individualmente ou em pequenos grupos. b) Convide-os a transformar o poema, mudando determinadas palavras ou expressões portadoras de sentido. Estimule-os a mudar a ordem, parodiar, omitir, acrescentar etc., tomando cuidado para que as transformações sejam coerentes com o poema em sua globalidade. c) Estimule-os a mostrar e editar os novos poemas criados e a apreciá-los, comentá-los e compará-los.

2. Acrósticos
     Os acrósticos são composições poéticas realizadas a partir das letras iniciais, do meio, ou finais de uma palavra significativa para o escritor. Algumas sugestões para se realizar essa atividade são as seguintes:
- Apresente a seus alunos, como exemplo, acrósticos criados por outros meninos ou meninas. Eles devem corresponder às diversas modalidades: partindo da letra inicial, da final, ou com letras que fiquem no meio da linha. Por exemplo:



Convide os alunos a fazer acrósticos coletivamente, na lousa.
- Peça que escolham uma palavra de que eles gostem: um nome próprio, o nome de um animal, de um sentimento ou de um objeto.
- Diga-lhes que, ao fazer acrósticos, imaginem estar criando palavras cruzadas ou um quebra-cabeças poético.
- Ajude-os dizendo: ‘Prestem atenção à primeira letra (ou à do meio, ou do final) e a ela associem livremente uma palavra ou frase que comece, ou termine com essa letra” (ou que a tenha no meio ou no final).
- Peça que continuem as outras linhas, usando as letras restantes da palavra escolhida.
- Solicite que compartilhem seus acrósticos, se desejarem.
- Uma vez terminados, peça que revisem a ortografia e os aspectos gramaticais, para mostrá-los ou publicá-los.

3. Associações de palavras
     Esta atividade consiste em convidar os alunos a associar palavras usando sua criatividade e imaginação. Como resultado, surgem relações inesperadas ou divergentes entre palavras que servem de base para elaborar poemas. Algumas sugestões para desenvolver essa atividade são as seguintes:
- Apresente um modelo da atividade, escolhendo uma palavra ou frase como ponto de partida. Escreva-a na lousa com giz de cor, ou então circunscreva-a.
- Organize uma rede de associações significativas para você, escrevendo as palavras que lhe venham à mente ao escutar a palavra-estímulo. Por exemplo, se você escolheu a palavra frio, poderá associá-la ao seguinte:


- Partindo dessa rede de associações significativas, crie um poema diante de seus alunos. Pense em voz alta, retifique, apague as palavras, substitua etc., para que eles percebam que a revisão, a correção e a reescrita fazem parte do processo de escrever.
- Peça-lhes que formem grupos e realizem a atividade, selecionando uma palavra ou expressão que lhes sirva de ponto de partida para gerar um poema. Sugira que fechem os olhos e pensem em silêncio na palavra escolhida, deixando fluir as associações que lhes surjam naturalmente.
- Peça que escrevam as palavras e as compartilhem com o grupo. Estimule a interação, convidando a explicar a seus colegas as associações que cada um estabeleceu, principalmente quando estas não são óbvias.
- Convide os alunos a fazer uma lista com as palavras que surgiram do grupo. Depois, peça que façam um retângulo em volta da palavra escolhida e que a liguem, com uma seta, às palavras que foram associadas no trabalho em grupo.
- Peça que leiam as palavras, as frases ou as expressões encerradas nos retângulos e que deixem sua imaginação vagar, até que lhes surja mentalmente um texto poético baseado nas relações entre esses conteúdos.

- Convide-os a escrever o poema que a rede de associações significativas lhes inspirou, utilizando algumas ou todas as palavras surgidas.
- Sugira que compartilhem suas criações e façam as correções que julgarem necessárias, a partir de suas próprias opiniões ou das de seus colegas.
- Proponha que realizem a mesma atividade individualmente, compartilhando os resultados com seus colegas, se desejarem.

4. Comparações e metáforas
     As comparações e as metáforas são recursos literários que consistem em estabelecer, respectivamente, semelhança ou identidade entre dois elementos.
     Nas comparações, a relação entre dois elementos (objetos, pessoas, animais etc.) é de semelhança e se estabelece através de um elemento comparativo (é como). Por exemplo: O elefante é como urna luva com cinco dedos.
     Na metáfora, a relação de identidade significa que um elemento pode ser totalmente substituído por outro, omitindo-se o elemento comparativo. Por exemplo, ao transformar a comparação em metáfora, eliminando-se os conectivos ou elementos comparativos, ela fica assim: Elefante, luva de cinco dedos. Como se pode ver, a transformação da comparação em metáfora acrescenta mais conteúdo poético.
Para estimular a criação de comparações e metáforas, sugerimos a realização das seguintes atividades:
- Apresente, para seus alunos, poemas ou prosas poéticas em que apareçam comparações e metáforas. Leia esse material para eles, fazendo com que notem e apreciem seu caráter poético.
- Peça que se recordem e escrevam algumas expressões que são usadas com freqüência e que implicam comparações. Por exemplo:
                              

- Peça aos alunos para fazerem uma lista de palavras que correspondam a cores, ações ou emoções e que associem mentalmente cada uma com outras palavras ou expressões que se assemelhem a elas. Por exemplo:
                              

- Estimule-os a utilizar os conectivos: como, assim como, tal como, parece, tal qual etc., entre as palavras ou expressões comparativas que tenham associado.
- Peça que selecionem as comparações que sejam descritivas, originais ou simpáticas e, depois, eliminem os conectivos, convertendo assim a comparação em metáfora.
- Solicite que escrevam um poema, utilizando as comparações e/ou metá foras criadas individualmente ou em grupo. Por exemplo:
                                


5. Limericks
Um limericks (ou verso disparatado) é unia estrofe de cinco versos. Seu nome refere-se ao povoado irlandês onde nasceu o autor desse tipo de rimas. Os dois primeiros versos rimam entre si, e também o terceiro e o quarto. O último verso repete o primeiro, embora com algumas variações. Trata-se, quase sempre, de situações divertidas ou absurdas.
Para estimular os alunos a criar limericks, sugerimos as seguintes atividades:
- Apresente-lhes algumas estrofes criadas por outros alunos, tais como:
 
                                  

 - Sugira que os alunos formem grupos para escreverem limericks. Para isso, peça que sigam os seguintes passos:
• Imaginar uma personagem: um astronauta, uma flor, um animal, uma estrela, um chapéu, um fantasma etc. Tudo serve.
• Descrever brevemente a personagem. Por exemplo: um chapéu preto com abas; uma flor pequenina e enfermiça etc.
• Escrever o primeiro verso. Pode começar com: Era uma vez...; certo dia...; Um...
• No segundo verso, imaginar algo que tenha acontecido á personagem ou algo que ela deseja ser ou fazer. Lembrar-se de que deve rimar com o primeiro verso.
• Escrever os dois versos seguintes e rimá-los entre si. Não se esquecer de que os limericks são versos absurdos que fazem rir.
• Terminar o limerick, escrevendo o quinto verso e incluindo nele a personagem do primeiro.

6. Haiku
     O haikai é um poema curto de origem japonesa. Geralmente não tem rima, possui uma estrofe de três linhas e é escrito no tempo presente. Seu tema relaciona-se com um pensamento ou sentimento sobre a natureza e menciona, direta ou indiretamente, uma estação do ano. Algumas sugestões para a criação de haiku são as seguintes:
      

- Explique as características deste tipo de poema, ressaltando especialmente que ele se baseia na observação direta da realidade. Convide os alunos a observar ao seu redor e fixar sua atenção em algo que chame sua atenção: uma árvore, um morro, uma nuvem, um inseto, um passam, uma planta etc.
- Sugira que recorram a seus sentidos e percebam como o objeto ou o ser vivo é visto, ouvido, sentido ao ser tocado, que aroma tem, que emoções inspira etc.
- Estimule-os a escrever uma linha sobre sua sensação e, em seguida, pensar em um ato relacionado com ela, Por exemplo, uma sensação visual sobre uma nuvem pode ser associada a atos como “navega”, “flutua” , “veste-se”, “observa”, “luta”.. .etc.
- Lembre-os de que é desejável que seu significado tenha alguma relação com as estações do ano, embora não seja necessário esta estar explícita.
- Solicite que escrevam a terceira linha, imaginando algo mais sobre o ato. Por exemplo, dizendo que pensem no lugar onde ele ocorre:

- Sugira que recorram à rima, à repetição, ao contraste, ou a qualquer outro recurso literário para essa última linha do haikai.
- Convide-os a mostrar, ler, ou publicar seus haiku, realizando previamente as correções formais necessárias.

7. Poemas-diamante
     Tal como o nome indica, o poema-diamante tem a forma de um losango, devido ao modo pelo qual é construído. Recomenda-se propor a criação desse tipo de poema a alunos do ensino médio, porque sua elaboração requer um certo domínio de conceitos gramaticais que os mais novos não possuem. É necessário, por exemplo, conhecer o conceito de nome ou substantivo, verbo e adjetivo.
     Para adquirir a forma de um diamante esse poema deve ter sete versos com as seguintes características:
1ª linha: Um nome de pessoa ou coisa.
2ª linha: Dois adjetivos que descrevam o nome da primeira linha.
3ª linha: Três verbos relacionados com a primeira linha.
4ª linha: Quatro substantivos: dois relacionados com a primeira linha e dois com a sétima linha.
5ª linha: Três verbos relacionados com a sétima linha.
6ª linha: Dois adjetivos que descrevam a sétima linha.
7ª linha: Um nome oposto ou um antônimo do nome da primeira linha.
     Para estimular os alunos a realizar “poemas-diamante”, são sugeridas as seguintes atividades:
- Apresente algum “poema-diamante” criado por outras crianças. Por exemplo, apresente-lhes o seguinte, que foi criado a partir da oposição dia-noite:
                                       

                         

- Exemplifique a criação de um “poema-diamante” na lousa, antes de pedir que os alunos experimentem por si mesmos, de acordo com os seguintes passos:
• Selecionar dois substantivos opostos. Por exemplo: criança-adulto; dia- noite; água-fogo; ou de idéias contrastantes como mar-terra; primavera-outono etc.
• Colocar na primeira linha do poema uma das palavras selecionadas e na última linha a outra palavra. Caso se escolha primavera-outono, o poema começará a ser construído assim:                

         

• Pensar em dois adjetivos que possam descrever a primavera e colocá-los na segunda linha.
• Selecionar três verbos relacionados com a primavera e escrevê-los na terceira linha.
• A quarta linha é especialmente importante, porque é nela que se deve efetuar a transição de um sujeito para o outro, usando quatro substantivos: os dois primeiros relacionados com a palavra primavera e os outros dois com a palavra outono.
• Procurar três verbos relacionados com a palavra outono e escrevê-los na quinta linha.
• A penúltima linha requer dois adjetivos que descrevam a palavra outono.
• O resultado poderia ser algo como:


- Estimule seus alunos a escrever seus próprios poemas diamante individualmente ou em grupo
- Selecione junto com os alunos um ou dois poemas que se destaquem e peça que eles os escrevam em uma folha de cartolina, recortando a silhueta de diamante. Depois, podem colocá-los em uma das paredes da sala de aula.
- Proponha que eles editem um livrinho de “poemas-diamante”, com folhas recortadas nessa forma.

8. Poemas de nunca acabar
Esse tipo de poema caracteriza-se pelo fato de poder continuar indefinidamente, uma vez que se trata de encadear rimas, retomando-se sempre da anterior. Esses poemas têm uma base temporal, visto que começam sempre com o advérbio “quando”.
Para estimular seus alunos a criar esse tipo de poema, faça o seguinte:
- Leia para eles um poema de nunca acabar criado por outras crianças. Por exemplo:


- Peça aos alunos que descubram a regra de funcionamento desse tipo de poema e convide-os a criá-los na forma de um jogo.
- Forme vários grupos de cinco a seis alunos e peça que cada grupo elabore uni verso, que deve ser continuado por outro grupo, e assim sucessivamente,

9. Ad-versos
Este tipo de versos t uma variação dos poemas de nunca acabar e também servem para ser criado na forma de um jogo em grupo.
Para que seus alunos os realizem, ponha em prática as sugestões abaixo:
- Leia para eles alguns ad-versas criados por crianças, como o seguintes:


Explique a regra desse jogo para os alunos:
- O primeiro jogador cria uma pequena história de quatro linhas, em versos que rimem. A última linha deve se referir a algo presente, ausente, encontrado, perdido, comprado ou vendido.
- O jogador seguinte deve acrescentar duas linhas de verso à história. Na primeira, deve dizer algo sobre o objeto que o primeiro aluno mencionou e, na segunda linha, deve apresentar um novo objeto.
- O jogo continua até que alguém se engane ou não possa continuar com a rima.
- Escreva os versos dos alunos à medida que o jogo avança, para que possam vê-los e copiá-los depois que terminarem o jogo. Peça que desenhem os versos.
- Proponha que copiem alguns ad-versos em uma cartolina grande, façam ilustrações e os exponham em uma das paredes da sala de aula. Também podem escrevê-los em folhas grandes e formar um livro gigante para dar de presente às crianças menores do colégio.

Poesia

Sobre os meus cadernos de escola
Sobre a minha escrivaninha e as árvores
Sobre a areia sobre a neve
Escrevo o teu nome

Sobre todas as páginas lidas
Sobre todas as páginas em branco
Pedra sangue papel ou cinza

E pelo poder de uma palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para te conhecer
Para te chamar
                   Liberdade.

(Poesia escrita pelo francês Paul Éluard, durante a
Segunda Guerra Mundial, quando a França foi ocupada
 pelos nazistas. Citado por NOUSCHl, Marc. O século
XX. Lisboa: Instituto Piaget, 1995. p. 553.)

Leia a poesia, discuta com seus colegas e depois entreviste cinco jovens do sexo masculino e cinco do sexo feminino, de sua idade, sobre “O significado da Liberdade para o jovem de
hoje em dia “. Para isso:
1. Registre a idade e a escolaridade do(a) entrevistado(a).
2. Solicite que eles (elas) informem o significado que dão a:
a) liberdade pessoal;
b) liberdade política;
c) liberdade financeira;
d) outros tipos de liberdade que o(a) entrevistado(a) indicar
3. Registre todas as respostas por escrito ou, se puder, grave as entrevistas e depois transcreva as opiniões em sala.
4. Na data marcada, leve as entrevistas para apresentá-las
5 Organize, com a turma, um painel com as opiniões dos(as) entrevistados(as). Lembre-se de incluir a poesia de Paul Éluard no centro do painel.


TRABALHANDO COM O POEMA

A IMPORTÂNCIA DA POESIA
     O texto poético é o espaço mais rico e amplo, capaz de permitir a liberação do imaginário e do sonho das pessoas.
     Segundo o poeta José Paulo Paes, “um mundo sem poesia é o mais triste dos mundos”. (1) Assim, é preciso que o fato poético esteja muito presente e seja bem trabalhado pela escola, para que o universo escolar possa romper o tédio e a indiferença com que muitas vezes se vê recoberto.
     Na verdade, existe um certo preconceito em relação à poesia, baseado no senso comum, e que permeia a família, os grupos sociais e a própria escola. Alguns, desavisados, acreditam que mexer com poesia “é perda-de-tempo”. Outros, equivocados, pensam que poesia feita para crianças é “coisa menor”. Uns tantos mais, desenganados, por não perceberem o poder encantatório dos poemas e por não disporem de condições mínimas de análise - que lhes permitam estudar e entender essa matéria prima tão especial e que se configura por um refinadíssimo trabalho com as palavras - preferem fugir do poema.



A POESIA E A ESCOLA
     Poetas de textos refinadíssimos vêm, já, há mais de 30 anos, dedicando- se a criar também poesia para crianças.
     Antes dos anos sessenta, como demonstram trabalhos de renomados estudiosos, o que se oferecia aos pequenos eram os textos correntes de poesia, que não se voltavam a uma estética verbal mais própria a crianças. E o trabalho escolar sobre tais textos era quase todo dirigido à obtenção e aplicação de regras moralistas e didáticas a partir dos escritos. A condição essencial para se estabelecer uma desejável e indissociável relação entre criança-poesia e escola é que o professor domine alguns conceitos para embasar suas opções. Assim caberá ao professor, em séries iniciais:
• Escolher trabalhos de grandes autores, não se deixando levar pelos “pseudopoemas, que constituem a grande massa da produção colocada ao alcance do público infantil”.
• Que tais poemas, para séries iniciais, tenham teor narrativo e tragam uma estrutura baseada em jogos verbais provocadores, trocadilhos, refrões instigantes, figuras e imagens bonitas, além de momentos marcados por forte ironia e ludicidade.
     Escreveram e escrevem, também poesia para pequenos, poetas como Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Mário Quintana, José Paulo Paes, para citar alguns. Apesar disso, a poesia continua não sendo bem tratada pela escola, de modo geral.
E por que razões? Além dos preconceitos e distorções já referidos, nem sempre o professor está preparado para realizar um trabalho com poemas, a partir de características e critérios, próprios desses textos. Assim, é freqüente verificarmos que, na escola, ao invés de boa parte dos professores se deter nas formas artísticas, no que tem de lúdico, nas imagens, ele se debruçam antes, sobre os poemas, para deles tirar exemplos de situações gramaticais, as mais diversas, que devem abordar em seus programas. Ensinar Gramática é fundamental! Mas não triturando, para isso, um texto poético.
     Desvios de tal natureza, além de violentarem a especificidade da poesia, conseguem ainda a infeliz proeza de impedir não só um real contacto da criança com o poema, mas também impedir o refinamento do mundo da poesia.

O TRABALHO COM POEMAS NA ESCOLA
     Caberá também ao professor:
• Atuar como mediador na relação entre crianças-poemas e tópicos a serem analisados. Sem falar em rótulos, o professor deve ir puxando todos os fios da organização verbal do texto e, a eles juntar o tecido das páginas, onde se dá a disposição gráfica especial dos versos e de todo o poema, já que, em um texto, tudo significa
     Poemas, em todas as suas dimensões, mais as crianças, mais o professor, interagem todo o tempo. E dessas atividades surgirá uma relação sistemática, constante e muito prazerosa.

57 – PROJETOS - METODOLOGIA

     Todos nós já tivemos a experiência de ver uma criança que ainda não está na escola ansiosa para ser aluna de algum colégio, para aprender a ler, ter uniforme e mochila como seus irmãos mais velhos e para entrar nesse mundo de crianças, livros e desenhos, onde vai aprender. No entanto é muito comum essa mesma criança, algum tempo depois, manifestar uma rejeição pela escola, pelas tarefas, pela leitura. Freqüentemente, as atividades realizadas na escola mostram-se alheias a suas experiências, a seus jogos e brincadeiras, e não encerram desafios que a motivem a enfrentá-las. O diálogo abaixo mostra uma situação diferente:


     Ao contrário do que se afirma no primeiro parágrafo, Pedro está contente porque hoje sua ida à escola tem sentido; ele tem algo para fazer lá: vai visitar o aeroporto com todos os seus colegas e seu professor; vai ver, no próprio local, como os aviões voam e vai gravar a entrevista com o Chefe da Torre de Controle. Sua classe já está preparando esse projeto a alguns dias: já leram livros sobre aviação e sobre aeroportos, já aprenderam qual é a diferença entre um aeroporto pequeno e simples, e um grande e moderno. Já perguntaram para seus pais e seus parentes sobre suas experiências de vôo e já prepararam perguntas para entrevistar um piloto e o Chefe da Torre de Controle. Cada um tem uma tarefa a fazer...
Um projeto de curso pode ser definido corno uma estratégia pedagógica centrada, por parte de um professor e de seus alunos, no planejamento, execução e avaliação de um conjunto de atividades e procedimentos que visam a atingir determinado fim proposto por eles, de acordo com suas necessidades e interesses; neste caso, uma visita ao aeroporto.
Essa estratégia metodológica estimula e facilita o aprendizado, visto que reúne algumas condições importantes, como:
- Surge dos interesses e necessidades dos alunos; isto significa que responde a uma problemática própria, que leva em consideração suas experiências, seus padrões culturais, suas motivações. O conteúdo do projeto tem suas raízes nos conhecimentos prévios dos alunos, oferecendo-lhes uma ocasião de estabelecer novas redes de significado.
- É uma atividade complexa que se assemelha ás situações da vida real; por esse motivo, os aprendizados surgidos a partir dela referem-se a totalidades; não representam para os alunos uma matéria de estudo, mas uma ferramenta para compreenderem e interagirem com o meio que os rodeia, adquirindo assim novos conhecimentos de maneira vivencial e não referencial.
- O projeto é planejado, realizado e avaliado de modo interativo pelo professor e seus alunos. Isto significa que se produz uma mudança no status dos alunos, uma vez que estes são considerados interlocutores válidos pelo professor. Desse modo, adotam atitudes autônomas, responsáveis e comprometidas com seu próprio processo de aprendizagem, atingindo níveis de criatividade e compreensão mais profundos.
- As ações empreendidas pelos participantes surgem da análise da situação e de acordos conjuntos; isso significa que os alunos têm unia noção clara dos propósitos da tarefa.
- É uma ocasião para se relacionarem com vários tipos de textos, Isto permite que a criança tome contato de maneira significativa com a linguagem oral e escrita, adquirindo consciência de seu caráter portador de significado e de suas características específicas. O caráter multidisciplinar de um projeto possibilita que a criança utilize a linguagem escrita em suas diversas funções e construa uma tipologia de textos que lhe facilite sua utilização na vida cotidiana.
- Por último, um projeto é uma situação de consolidação sistemática dos aprendizados abordados em ocasiões anteriores.,visto que permite aplicá-los a situações novas. Cada etapa do projeto é uma boa ocasião para o professor observar os alunos e interagir com eles; para sistematizar seus conhecimentos, para regular suas próprias representações e objetivos, para controlar seus conhecimentos e progressos. Por exemplo, de que modo os alunos utilizam a linguagem ao realizarem um projeto de visita ao aeroporto?
• Escrevem uma carta para o Chefe de Relações Públicas do aeroporto, pedindo autorização para fazerem a visita.
• Comunicam ao diretor do colégio, por escrito, sua próxima saída.
• Procuram e lêem informações sobre aviões e aeroportos.
• Copiam ou resumem textos ou informações verbais.
• Desenham aviões e equipamentos próprios dos aeroportos.
• Solicitam e transcrevem informações dadas por seus familiares e amigos.
• Planejam como será feita a visita, com que meio de transporte, com que recursos.
• Formulam pergunta para fazer as entrevistas.
• Distribuem responsabilidades etc
     Nos dias que se seguem à visita, os alunos têm muitos temas para comentar e muito trabalho para realizar: cada um expressa suas observações, compara-as com o que sabia antes, desenha os profissionais que trabalham no aeroporto, os aviões que viu, os hangares; transcreve as entrevistas realizadas etc.
     Finalmente, os alunos decidem fazer uma exposição para mostrar o que aprenderam sobre os aeroportos. Nela serão incluídas entrevistas, fotografias, desenhos, diagramas e também uma linda maquete do novo aeroporto com os aviões, helicópteros, pessoas e... até as vacas que estavam no pasto vizinho.
     O produto obtido por meio de um projeto é concreto, visível e comunicável; é o resultado de múltiplas ações e a comprovação de numerosos e diversos aprendizados obtidos dentro de um contexto educativo integrado, não parcelado em disciplinas isoladas.
    Para os alunos, o êxito do projeto materializa-se no produto concreto, Para o professor, o êxito do projeto se reflete no aprendizado dos alunos nos planos cognitivo, afetivo e social.
Os projetos, como estratégia pedagógica, constituem situações funcionais da vida real durante as quais os alunos relacionam-se com o mundo por meio da ação. Estimulam aspectos cognitivos, motrizes e ético-afetivos, e facilitam procedimentos que permitem levar a cabo um produto coletivo e explorá-lo em todas as suas potencialidades.

Sugestões Metodológicas
     Para que um projeto se transforme em uma verdadeira ocasião de aprendizagem é conveniente observar algumas etapas, que devem ser vistas com flexibilidade, sendo adaptadas à situação particular de cada curso ou escola. Essas etapas são as seguintes:

1. Análise da situação
Partindo das motivações e necessidades pessoais ou grupais das crianças, estimule-as a propor idéias e a tomar decisões sobre possíveis projetos a serem empreendidos; a fundamentar suas propostas e a discuti-las em pequenos grupos ou coletivamente.



2. Definição de objetivos
Paralelamente à definição do conteúdo do projeto e de sua viabilidade, estimule os alunos a esclarecer seus objetivos e a chegar a acordos verbais ou escritos.

3. Seleção dos meios necessários
- Oriente as crianças para que se informem e selecionem os recursos, materiais e humanos, com que conta o colégio, suas famílias ou o bairro, para realizarem o projeto.
- Organize a elaboração de uma lista feita pelos alunos, onde constem os recursos suplementares necessários para a realização do projeto. Por exemplo:
• Convidar pessoas que possam trazer seus conhecimentos ou sua experiência: artistas, artesãos, bibliotecários, cientistas, jornalistas etc.
• Realizar eventos para conseguir fundos, tais como exposições, quermesses etc., ou então solicitar a cooperação de instituições como a APM, empresas, centros culturais, órgãos municipais, embaixadas, secretarias de turismo.

4. Definição de providências e elaboração do contrato
Estimule o grupo a definir as providências do projeto e a formular um contrato de trabalho negociado com os alunos. Esse contrato implica:
- Definir e repartir tarefas. Cada participante se compromete a assumir a sua com responsabilidade.
- Estabelecer um cronograma que inclua todas as etapas do processo.
- Determinar um calendário de reuniões periódicas para avaliar o anda mento do projeto e para fazer a sua avaliação final.

5. Execução do projeto
Essa etapa cobre todo o processo de realização do projeto, desde a elaboração do contrato até a avaliação final.

6. Seleção dos meios de avaliação
    Oriente os alunos para selecionarem alguns meios de avaliação, tanto do processo como do produto do projeto. Para isso, é necessário estabelecer procedimentos ou instrumentos específicos, em relação aos objetivos, que permitam avaliá-los em cada uma de suas etapas. Apóie-se nesta avaliação para efetuar, em conjunto com os alunos, os ajustes necessários, de acordo com exigências, obstáculos ou êxitos que forem surgindo.
     Estes procedimentos podem ser: balanço periódico, oral ou escrito, individual ou coletivo; produções escritas; diário da vida ou trajetória do projeto; reuniões periódicas com registro escrito das intervenções.
    Terminado o projeto, deve ser feita unia avaliação do processo, do produto e dos participantes. O produto do projeto deve ser confrontado com seus objetivos. Algumas perguntas que facilitariam essa confrontação são as seguintes:
• Foi realmente obtido o que se esperava?
• Valeu a pena o esforço?
• Os destinatários compreenderam e apreciaram o projeto?
• Pode ser utilizado pelos destinatários?
     A avaliação dos participantes envolvidos direta ou indiretamente no projeto pode ser realizada com base nas perguntas a seguir, que podem ser formuladas ou respondidas pelo(s) aluno(s) ou por outras pessoas envolvidas:
• Os participantes manifestam sentimentos de êxito e satisfação pela tarefa realizada?
• Demonstram ter desenvolvido sua auto-estima?
• Observa-se desenvolvimento ou modificação de atitudes e de qualidades, tais como perseverança, responsabilidade, tolerância para com a frustração e espírito de cooperação?
• Os esquemas conceituais dos participantes foram enriquecidos?
• Observa-se um desenvolvimento de suas habilidades e capacidades?
• Observa-se uma maior expressão de criatividade pessoal?
• Melhorou a qualidade da interação dentro da sala de aula, diminuindo os conflitos a partir da aceitação das diferenças e do estímulo à cooperação?
     A seguir, são apresentados dois exemplos de projetos: visita ao aeroporto, criação de pintinhos:

Visita ao aeroporto

1. Análise da situação
Através de um projeto de correspondência escolar, os alunos receberam uma carta de um colega, que foi morar na Espanha há pouco tempo, contando sua saída do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, sua viagem de avião e sua chegada ao aeroporto de Barajás, em Madri. Isso despertou a curiosidade dos alunos: alguns contam suas experiências de viagens de avião, outros contam o que viviam no aeroporto quando foram se despedir de seus pais que vi outros comentam as diferenças entre o aeroporto de Guarulhos e o de Madri, que se refletem na carta do ex-colega. Depois de muitos comentários, os alunos decidem saber mais sobre aviões e aeroportos; um deles propõe irem visitar o aeroporto de Congonhas e outro sugere que, depois da visita, façam uma exposição sobre o que vão ver e aprender.
Essa etapa permite estimular a linguagem oral e escrita por meio de:
•          exposição oral, chuva de idéias, discussão, debate, argumentação, síntese;
•          ouvir com atenção;
•          leitura e redação escrita de livros, folhetos, jornais ou revistas que tragam
            informações sobre o tema etc.

2. Definição de objetivos
     O professor estimula a classe para que estabeleçam os objetivos do projeto, por meio de perguntas como:
•          Por que querem ir ao aeroporto?
•          O que gostariam de saber sobre os aviões e os aeroportos?
•          O que poderia ser feito com esses dados?
     Os alunos formulam seus objetivos por meio de colocações como as seguintes: “eu gostaria de ir ao aeroporto para...”
•          conhecê-lo;
•          ver como são os aviões;
•          saber quem trabalha lã;
•          entrevistar o piloto;
•          saber onde são guardados os aviões;
•          entrar em um avião;
•          conhecer uma torre de controle;
•          saber quanto custa uma passagem para a Ilha de Páscoa.
     O professor, por sua vez, estabelece os seguintes objetivos e os comunica aos alunos era uma linguagem direta e facilmente compreensível:
•          Estimular suas habilidades cognitivas e ético-afetivas quanto a:
- Desenvolvimento do espírito cientifico através da busca de informação, e de observar, formular e verificar hipóteses, tirar conclusões, classificar.
- Desenvolvimento da linguagem expositiva através da organização da informação e de sua comunicação a terceiros.
- Desenvolvimento das competências de leitura através do contato com diversos tipos de textos escritos e seu questionamento, partindo das experiências prévias dos alunos e de seus esquemas cognitivos.
- Integração dos conteúdos de diferentes disciplinas, como Estudos Sociais, Português, Matemática e Arte-Educação.
- Conhecimento de diversos tipos de avião e sua utilidade como meios de transporte.
- Resolução de problemas de matemática: divisão e multiplicação; cálculo de quantidades proporcionais.
- Desenvolvimento da responsabilidade, perseverança e o cumprimento dos compromissos assumidos.
- Desenvolvimento do espírito de colaboração e do trabalho em grupo.

3. Seleção dos recursos materiais
     Depois de analisar os objetivos, a classe chega à conclusão de que necessita    dos seguintes recursos para realizar o projeto:
•          material escolar: papel, cartolina, papelão, lápis, pincel atômico etc.;
•          máquina fotográfica e filmes;
•          gravador e fitas cassete;
•          livros, revistas e folhetos informativos;
•          transporte de ida e volta para o aeroporto;
•          painéis para a exposição,
     O professor, junto com os alunos, conclui que a informação encontrada rios materiais de consulta pode ser complementada com entrevistas com alguns pais, com ex-alunos do colégio ou com outras pessoas que tenham conhecimentos sobre o assunto. Para se obter estes materiais decide-se:
•          Escrever urna carta ao diretor do colégio para pedir colaboração.
•          Conseguir um meio de transporte e calcular a cota de contribuição de cada um.
- Leitura de listas de material escritas pelos alunos; respostas de cartas enviadas; livros, revistas, folhetos, dicionários, enciclopédias; listas telefônicas para encontrar fornecedores dos materiais necessários e fazer tomada de preço; notas fiscais e faturas.
- Redação de cartas enviadas pela classe para solicitar que sejam recebidos no aeroporto; para pedir autorização aos pais e ao diretor do colégio; para obter colaboração ou informação de outras pessoas das famílias dos alunos ou do bairro.

4. Elaboração do contrato
     Uma vez estabelecidos e esclarecidos os objetivos e resolvido o problema dos recursos, os alunos, junto com o professor, fazem um acordo para dar andamento ao projeto. Esse acordo é concretizado na forma de um contrato de trabalho que define e divide as tarefas, ao mesmo tempo que determina quando deve ser realizada.
As tarefas, individuais ou em grupo, consistem em:
• obter informação por meio de materiais impressos;
• fazer entrevistas;
• escrever cartas solicitando autorização, informação e/ou colaboração;
• registrar por escrito a informação obtida, desenhos, esquemas, fotos;
• planejar a visita, o percurso, o meio de transporte;
• preparar perguntas de interesse para as entrevistas;
• planejar, organizar e fazer os painéis para a exposição;
• enviar os convites para o diretor, pais e alunos de outros cursos;
• elaborar um calendário de atividades para cada uma das etapas, incluindo as reuniões de avaliação.
• Fazer uma previsão de orçamento, calculando a quantia de dinheiro necessária para a compra dos materiais e para o transporte.
• Escrever uma carta para os membros da APM, comunicando a próxima
saída e pedindo sua colaboração.
• Conseguir livros ou materiais de consulta na biblioteca ou nas casas dos
alunos. Essa etapa permite estimular a linguagem oral e escrita, por meio de:
- Chuva de idéias, argumentação, discussão, conclusões,
- discussão, debate, argumentação, conclusões;
- leitura e redação de materiais de consulta para realizar melhor a tarefa, quadro de rodízio, registros das observações realizadas, calendário de atividades.

5. Execução do projeto
     Uma vez estabelecido o contrato, realizam-se as seguintes atividades, deixando espaço para incluir algumas outras não previstas:
• Escrever cartas para autoridades do aeroporto, solicitando serem recebidos, como também aos pais e ao diretor pedindo autorização.
• Procurar informação em livros, revistas ou outros documentos.
• Realizar a visita ao aeroporto.
• Compilar e redigir textos informativos e criativos sobre o tema.
• Fazer uma maquete do aeroporto.
• Fazer desenhos criativos, caricaturas, fotos etc.
• Fazer uma exposição com toda a informação obtida e o material audiovisual.
     Ampliar a informação sobre o tema por meio de perguntas como: Qual é o maior aeroporto do mundo? E do Brasil? Quem inventou o avião e em que ano? Quanto tempo leva um avião para chegar a tal lugar? Quanto custa uma passagem de avião para tal lugar? etc.
     Essa etapa permite estimular a linguagem oral e escrita, por meio de:
- formular e escrever perguntas para as entrevistas;
- comunicar o resultado das entrevistas;
- expor oralmente a informação encontrada nos materiais;
- registrar observações;
- relatar visitas, experiências e observações;
- criar e redigir textos relacionados com o tema;
- elaborar painéis, cartazes etc.

6. Seleção dos meios de avaliação
     A classe avalia o projeto baseada nas sugestões que se encontram na seção “Seleção dos meios de avaliação” da presente obra, Ampliar a informação sobre o tema por meio de perguntas como: Que outros animais se reproduzem por ovos? Quanto tempo demora a incubação? Por que não deixam as próprias galinhas chocarem seus pintinhos?
Essa etapa permite estimular a linguagem oral e escrita, por meio de:
- formular e escrever perguntas para as entrevistas;
- comunicar o resultado das entrevistas;
- expor oralmente a informação encontrada nos materiais;
- registrar observações;
- relatar visitas, experiências e observações;
- criar e redigir textos relacionados com o tema;
- elaborar cartazes, painéis etc.

Outras idéias de projetos de curso
•          Campanha a favor da conservação do meio ambiente.
•          Decorar paredes com cenas criadas, desenhadas e pintadas pelas crianças.
•          Fazer pesquisa sobre os artesanatos tradicionais da localidade.
•          Organizar um festival, uma exposição ou um concurso.
•          Editar um jornal da classe.
•          Cultivar uma horta.
•          Criar caracóis, peixes, sapos etc.
•          Formar uma biblioteca na sala de aula.
•          Fazer um jornal mural.
•          Organizar saídas e visitas.
•          Trocar correspondência entre classes ou entre escolas.
•          Organizar um teatro de fantoches.
•          Elaborar material de apoio para outras disciplinas: Matemática, Música, Educação                       Física, Estudos Sociais, Ciências etc.
• Compilar lendas, tradições, canções, adivinhações, trava-línguas, piadas, receitas e outras manifestações da cultura oral da comunidade.

Indicadores de Êxitos
     Para avaliar os êxitos obtidos na utilização destes novos contextos para desenvolver a linguagem dos alunos, leve em conta os seguintes aspectos:
- Os alunos lêem com freqüência diferentes jornais, sem dividi-los e sem recortá-los, manifestando interesse por seu conteúdo.
- Relacionam os conteúdos dos jornais com os que são abordados na escola.
- Conhecem e sabem o nome das distintas partes de um jornal, utilizando a terminologia adequada.
- Definem o perfil e a identidade dos jornais, associando-os às suas principais características.
- Conhecem os diferentes jornais e distinguem suas características e suas intenções comunicativas.
- Lêem criticamente as informações dos jornais, comparando distintas fontes, discriminando entre fatos e interpretações, descobrindo as conotações e intenções implícitas etc.
- Expressam seus pontos de vista referentes às informações e notícias encontradas nos jornais.
- Elaboram jornais de classe, definindo previamente seu perfil, sua identidade e suas intenções comunicativas.
- Pesquisam sobre diversos temas, utilizando os jornais como fonte de informação.
- Melhoram suas competências na linguagem oral e escrita,
- Os alunos utilizam a Biblioteca da Classe com o fim de desfrutar de leituras escolhidas por eles ou recomendadas por seu professor, ou por seus colegas.
- Fazem consultas sobre conteúdos específicos.
- Participam da renovação e enriquecimento da Biblioteca com materiais oferecidos por seus pais ou produzidos por eles.
- Solicitam livros e revistas para lerem em casa,
- Os alunos expõem verbalmente suas necessidades, interesses e propósitos em relação ao trabalho escolar.
- Participam das decisões referentes a determinados objetivos, seleção de projetos, determinação de conteúdos e de horários de estudo, tipo de atividades, distribuição de responsabilidades, prazos, produtos, avaliação de resultados.
- Realizam projetos variados como “Concursos de contos ou poesias”, ‘Conheçamos nosso município”, “Correspondência escolar, “Campanha para cuidar do meio ambiente”, “Jornal de classe”, “Oficina de teatro” etc.
- Lêem e escrevem textos variados pertinentes aos projetos específicos de que participam. Por exemplo, um projeto relacionado com o conhecimento do município implica escrever cartas para solicitar entrevistas, autorização; para agradecer; elaborar informes de resultados; ler arquivos, jornais locais etc.
- Manifestam domínio de matérias de estudo específicas envolvidas em determinados projetos ou outras instâncias contextualizadoras das aprendizagens. Por exemplo, por meio da redação de cartas do projeto “Correspondência escolar”, aprendem o uso de maiúsculas; os conceitos históricos adquirem sentido dentro do projeto “Conheçamos nosso município” etc.


58 - PROVÉRBIOS E DITADOS POPULARES

PROVERBIOS E DITADOS: EXPRESSOES INTELIGENTES E DIDÁTICAS
     Provérbios e ditados são expressões muito comuns na linguagem corrente da maioria dos povos. Em geral, vêm recobertas de um teor didático que leva ao ensinamento de alguma coisa, sugerindo ou dando exemplos.
     Chamamos os provérbios e ditados de expressão popular, querendo, com isso, dizer que se originaram a partir do imaginário coletivo, da “alma popular”. Em verdade o “povo” , como alguma coisa que é abstrata, não cria concretamente a arte, a literatura. Há sempre um autor. É ainda uma visão romântica que tenta atribuir a diferentes textos (epopéias, canções, provérbios, ditados) uma autoria que fosse proveniente da imaginação coletiva popular. Não, A criação é individual, ainda que sua gestação possa ser o resultado de muitas trocas.
Se é verdade que a criação dessas expressões é de cunho individual, é também verdade que elas “só se tornam locuções proverbiais depois de terem recebido do povo uma forma definitiva, dotada de aceitação universal, revestida de um reconhecimento integral”, a partir do que, o próprio povo, as pessoas, adquirem a liberdade de retocar tais locuções, de recortá-las, imprimindo nelas a feição com que acabam sendo oralmente repetidas para todos.

A ESCOLA E O TRABALHO COM AS EXPRESSÕES PROVERBIAIS
     Para que uma expressão, uma locução possa ser chamada de proverbial, é preciso que seja conclusiva, breve e encerre grande sabedoria. E isso deve vir expresso em linguagem de uso corrente, de uso de toda uma comunidade; e que esse uso não seja provisório, mas duradouro.
     O texto, as expressões verbais, apesar da feição lingüística compacta que devem apresentar; precisam, por isso mesmo, ser muito elaboradas verbalmente. Provérbios são, pois, material inventivo de grande riqueza textual. E se constituem como formas densas, condensadas, mas fáceis de serem trabalhadas por professores e alunos, desde as séries iniciais.
     Provérbios e ditados, juntamente com outros textos, mais longos, constroem novas interfaces na relação dos alunos com a leitura.

CRIANÇAS, PROFESSOR E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
COM PROVÉRBIOS E DITADOS POPULARES
     Com alguma antecedência, o professor e as crianças organizam uma atividade de “garimpar”, recolher provérbios e ditados entre pessoas da vizinhança, familiares e amigos.
     Essa “coletânea” virá para a classe, onde será feita, pelas crianças e professor, uma seleção dos melhores ou dos mais atraentes “achados”. São escolhidos alguns provérbios e ditados da coletânea para serem analisados e interpretados pelos pequenos.
     Como exercício final, o professor propõe que as crianças produzam um texto, desenvolvendo um provérbio ou que tentem, elas próprias, criar algum ditado. Elege-se um dos alunos para ler o trabalho que deve ser comentado pela classe.

JOLLES, 5. A. Formas Simples. São Paulo, Cultrix, 1976, pp 137-140.
BIBLIOGRAFIA
COURJIAN, A.L. O Gesto e a Palavra. São Paulo, Martins Fontes, 1983, 2 vais,
JOLIES, 5. A. Formas Simples. São Paulo, Cultrix, 1976.
(LAJOIÁ). M. e ZIIBERMAN, Rua (org.) Um Brasil para Crianças. São Paulo, Global,
1986

59 – REAVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES


E.M. Dr. Ângelo Cônsoli – Reavaliação das atividades –  _____  Bimestre
Aluno: ____________________________________Nº: ____   Série:______

     Esta reavaliação é a oportunidade de você repensar as atividades e o trabalho do grupo que participou. Agora você pode diferenciar a sua nota, se você trabalhou mais ou menos que seus colegas, e comentar fatos relevantes do dia-a-dia do grupo. Depois da reavaliação de cada atividade, os outros membros do grupo lêem e assinam sua folha. Seja coerente e honesto.

Atividade nº 1 -  _______________________________________________________________________ Valor: ________
Conceito _______________  Notas de ________________ a ________________   Minha nota:______________________
Membros do grupo e resultado do trabalho (C, NF, F): _________________________________________________(        ), ________________________________________(        ) _______________________________________________(        ), ________________________________________(        ),_______________________________________________(        ).
Justificativa:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinaturas:_________________________________________________________________________________________

Atividade nº 2 -  _______________________________________________________________________ Valor: ________
Conceito _______________  Notas de ________________ a ________________   Minha nota:______________________
Membros do grupo e resultado do trabalho (C, NF, F): _________________________________________________(        ), ________________________________________(        ) _______________________________________________(        ), ________________________________________(        ),_______________________________________________(        ).
Justificativa:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinaturas:_________________________________________________________________________________________

Atividade nº 3 -  _______________________________________________________________________ Valor: ________
Conceito _______________  Notas de ________________ a ________________   Minha nota:______________________
Membros do grupo e resultado do trabalho (C, NF, F): _________________________________________________(        ), ________________________________________(        ) _______________________________________________(        ), ________________________________________(        ),_______________________________________________(        ).
Justificativa:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinaturas:_________________________________________________________________________________________

Atividade nº 4 -  _______________________________________________________________________ Valor: ________
Conceito _______________  Notas de ________________ a ________________   Minha nota:______________________
Membros do grupo e resultado do trabalho (C, NF, F): _________________________________________________(        ), ________________________________________(        ) _______________________________________________(        ), ________________________________________(        ),_______________________________________________(        ).
Justificativa:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinaturas:_________________________________________________________________________________________

Atividade nº 5 -  _______________________________________________________________________ Valor: ________
Conceito _______________  Notas de ________________ a ________________   Minha nota:______________________
Membros do grupo e resultado do trabalho (C, NF, F): _________________________________________________(        ), ________________________________________(        ) _______________________________________________(        ), ________________________________________(        ),_______________________________________________(        ).
Justificativa:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinaturas:_________________________________________________________________________________________

Comentário Final:  ___________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________________________________________



60 – REGISTRANDO A HISTÓRIA
Estudando a história de sua escola

     Procure conhecer aspectos da história de sua escola. Para isto, você pode escolher algumas temáticas como a história das formas de medir o tempo escolar, a história dos objetos escolares, a história dos manuais escolares, a história dos recreios, a história das formas de disciplina (castigos, sanções) e a história das pessoas que trabalharam na escola.
     Organize-se junto com seus colegas de sala para uma pesquisa sobre esses temas e converse com seu(sua) professor(a) para as orientações necessárias
     Pesquise nos arquivos da escola e na biblioteca.
     Entreviste pessoas que trabalham ou trabalharam na escola, professores e ex-professores.
     Pesquise junto aos alunos e ex-alunos da escola.
     Após realizar as pesquisas, procurem estudar os documentos que vocês localizaram, seguindo o roteiro:
a) tipo de documento, contexto em que foi produzido, datas;
b) explicação dos principais elementos históricos contidos no documento
c) análise do conteúdo do documento;
d) relação do conteúdo do documento com a história da escola.
• Feita a análise dos documentos junto com seu grupo de sala de aula, você poderá construir uma problemática histórica buscando relacionar aspectos que estão presentes na documentação, as informações e a importância da sua escola na formação do cidadão.

Registrando a sua história

     Os documentos em estado de arquivo pessoal são aqueles que as pessoas guardam, como os escritos, fotos, objetos e roupas. Eles podem ser testemunhos da história individual da pessoa, ou também indícios de como era o modo de vida de uma determinada época histórica.
     Escolha alguns dos seus documentos pessoais que permitam identificar como você foi educado. Procure documentos como:
1. Fatos que identifiquem a sua forma de vestir.
2. Tipos de brinquedos.
5. Brincadeiras que você fazia quando era criança.
4. Depoimentos orais de pais, parentes, pessoas de sua convivência, sobre a sua
educação.
5. Tipos de livros e revistas que você lia.


     Junto com seu(sua) professor(a) organize uma exposição com os documentos que você
coletou. Durante a exposição, você e seus colegas podem fazer um jornal sobre o evento. Cada equipe pode ficar encarregada de uma parte do trabalho do jornal: elementos gráficos, as reportagens, os editoriais, crônica, pequenas notícias.

61 - SEMINÁRIO

     Muitas vezes o trabalho escolar de pesquisa deve ser complementado com uma apresentação para a classe. Essa apresentação chama-se seminário. O seminário é uma atividade escolar cujo objetivo é proporcionar a transmissão de conhecimentos entre os alunos.
     É comum os seminários tornarem-se monótonos, gerando desinteresse entre aqueles que estão assistindo. Isso acontece, quase sempre, porque a pessoa que está apresentando o seminário não consegue manter uma boa comunicação com seus ouvintes. A seguir relacionamos algumas recomendações para que isso não aconteça.

A preparação do seminário
     Quando um seminário é realizado por um grupo, a apresentação pode ser feita por um ou alguns de seus integrantes. Porém é importante que todos os componentes do grupo tenham um bom conheci mento do assunto.
     Quem apresenta o seminário deve conhecer muito bem o assunto sobre o qual vai falar. Se ele apenas copiou alguns trechos de uma obra qualquer, não estará em condições de comunicar seus conhecimentos aos outros. Só conseguimos comunicar o que sabemos. Isso não significa que é preciso decorar tudo que se tem para falar, pois uma fala decorada também é muito monótona. Quem conhece um assunto não precisa decorar.
Fazer uma leitura do trabalho é a pior saída. Ninguém agüenta ficar ouvindo uma leitura, pois é difícil acompanhar as idéias de um texto dessa forma.
     A preocupação básica do apresentador deve ser a de que seus ouvintes acompanhem aquilo que está falando. Portanto, convém que as informações sejam complementadas por explicações e esclarecimentos.
     Para que haja uma boa comunicação entre o apresentador e os ouvintes, é importante preparar um roteiro da exposição, que deve ser consultado durante o seminário. Ele poderá também ser colocado na lousa, para que os colegas acompanhem melhor as idéias.
     Os itens do roteiro devem ter ligação uns com os outros, evitando-se assim que as informações fiquem “soltas”.
     Além da exposição oral, o apresentador pode utilizar outros recursos para enriquecer a exposição e torná-la mais interessante para os ouvintes. Esses recursos podem ser ilustrações (cartazes), linhas do tempo, maquetes, mapas, gráficos e até mesmo dramatizações.

O comportamento do apresentador
     Para facilitar a boa comunicação, o apresentador deve ficar atento a alguns detalhes:
• Falar para todos os ouvintes e não apenas para o professor.
• Não falar virado de costas para os ouvintes.
• Ao mostrar algum cartaz, mapa, etc., tomar cuidado para não se colocar na frente daquilo que está mostrando.
• Falar com naturalidade, como se estivesse conversando.
• Fazer algumas pausas. colocando-se à disposição dos ouvintes para esclarecer dúvidas.

O comportamento dos ouvintes
     Diante da apresentação de um seminário, os alunos da classe devem lembrar-se de alguns pontos:
• Seu colega não é um especialista no assunto. Portanto, ele não é obrigado a conhecer tudo o que se refere ao tema.
• Seu colega não tem prática em transmitir conhecimentos. E, para algumas pessoas, a situação do seminário causa um certo nervosismo. Portanto, os colegas devem colaborar para que o apresentador se sinta bem, mostrando-se atentos e interessados.

Seminário – Colonização na América
 
     O Seminário tem como finalidade aprofundar os conhecimentos sobre determinado assunto ou tema — neste caso, a colonização de alguns povos da América. Para realizar essa tarefa, sugere-se:
1. Organizar equipes para que cada uma fique responsável por um tema.
2. Em sala de aula, selecionar alguns povos que serão estudados, como por exemplo: astecas, incas maias e grupos indígenas brasileiros.
3. Fazer levantamento das fontes disponíveis para a pesquisa: livros, revistas, filmes, sites, entre outras fontes, poderão ser consultadas para localizar os elementos que serão aprofundados no estudo. É importante identificar quem eram esses povos no período de colonização e como se situam no mundo atual.
4. Feita a seleção dos elementos que serão privilegiados, selecionar entre os materiais disponíveis aqueles que serão utilizados.
5. Organizar o conteúdo por meio de esquemas, para direcionar o trabalho da equipe.
6. Produzir um primeiro texto, organizando-o em itens (títulos) relacionados aos temas que foram privilegiados.
7. Conferir informações, efetuar correções e ajustes, com orientação do(a) professor(a).
8. Elaborar o texto final.
9. Organizar, com a turma, a apresentação dos trabalhos, definindo datas e formas de apresentar; usar imagens, se possível, com recursos como transparências, cartazes, slides, vídeos e computador.

62 - SENSIBILIZAÇÃO

FELICIDADE REALISTA
Mário Quintana
     A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
    Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
     Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor ? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
     Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
    E o que dá ver tanta televisão.
    Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceira, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo. Principalmente quando se trata de amor-próprio.
     Dinheiro é unia benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco fé e um pouco de criatividade.
     Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar.
     É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.
     A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras,demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.


VIDA DE PROFESSOR
Viver e ter que preparar aula correndo, não encontrar o livro desejado, sair de casa às pressas, dirigir o carro com uma perua Kombi bem na nossa frente, ficar rodando em volta do prédio da escola à procura de um lugar para estacionar, entrar na aula ofegante e perguntar: “Onde foi que nós paramos na última aula?”, e ver que ninguém sabe.
Viver é ter que ir mais uma reunião da escola na segunda-feira, sabendo que não vai ser decidida coisa nenhuma.
Viver é ir correndo ao banco no fim das aulas de manhã, desfilar fila por fila em frente ao guichê para pagar a conta de luz, da água, do gás, do telefone, o aluguel, o condomínio, o carnê de prestação, o IPTU, o IR, o ISS, a licença do carro 1978, o plano privado de saúde... perdendo horas e horas que não são roubadas pelo sistema financeiro nacional.
Viver é ter guardada em casa uma lista de livros que um dia a gente acha que vai ter tempo de ler.
Viver é ter que ler mais uma proposta curricular feita por pessoas que parecem jamais ter entrado em uma sala de aula, uma proposta cheia de jargão acadêmico, com objetivos delirantes e abstratos e, ainda por cima, com aquele jeitão de ciência.
Viver é fazer força para passar aos nossos alunos todos os valores nos quais fomos educados e que já começamos a colocar em dúvida.
Viver é ter que acordar cedo, tirar xerox, autenticar, reconhecer firma, ir ao dentista, passar no supermercado, levar o aspirador de pó para o conserto, procurar um encanador, ajudar os filhos nas lições de casa, tentar renovar o cheque especial, dar aula , ir à assembléia dos professores e ... de repente perceber que esqueceu do mais importante.
Viver é ter uma agenda e perder a agenda; é ter um guarda-chuva e perder o guarda-chuva; é ter paciência e começar a perder a paciência por qualquer coisa.
Viver é ter que corrigir trezentas provas, passar a nota para o diário, na esperança de nunca mais ter que fazer isso. Até o mês que vem...
Viver é a ressaca de repor aula depois da greve.
Mas, apesar dos pesares, viver é o gosto de dar aulas, de preferência quando poucas, interessantes e bem pagas.

63– SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividades para o início do ano letivo

  • Produzir um texto, na forma de um diário de bordo, sobre uma viagem no tempo, às épocas, locais e povos estudados na série anterior. Procure se lembrar dos detalhes e da importância destes acontecimentos para o nosso dia-a-dia. Mínimo de ____ linhas. Dê um título criativo. Ilustre seu texto com ____ desenhos coloridos e explicados.

Atividades de leitura

  • dividir o texto em n partes, determinando : nº da parte, início, término e resumo. b) – sintetizar o resumo em n nº de frases. c) confeccionar um cartaz ou produzir um texto com as frases sintetizadas. d) apresentar o cartaz.

  • analisar e comentar o título do texto, b) criar um novo título e justificar, c) produzir uma introdução (apresentação do trabalho para o leitor, demonstrando as etapas da execução, se achou fácil, difícil, interessante, etc, o que você pretendia com o trabalho, é uma conversa com o seu leitor)  e uma conclusão (não é sobre o trabalho, mas sobre o assunto, o que entendeu, a sua importância e sua opinião sobre ele) para o texto, d) localizar n definições no texto, e) comentar o texto.

  • identificar os itens principais do texto e defini-los ou comentá-los, b) produzir uma conclusão.

  • elaborar e responder n perguntas sobre um texto ou sobre partes do texto.

  • elaborar n frases  que resumam cada um dos parágrafos, itens e/ou gravuras do texto, b) produzir um texto coerente com as frases, que não precisam estar em ordem.

  • resolver as questões propostas no livro, b) produzir um texto com as respostas das questões em qualquer ordem.

  • reescrever o texto em diversas variantes lingüísticas: caipira, gay, dramático, fofoqueira, pessimista, otimista, linguagem de político, policial, carioca, surfista, hip hop, gaúcho, nordestino, português de outras épocas (novela O cravo e a rosa), adolescente, etc,

  • comente o título e relacione-o com as características principais do texto.

  • relacione o texto com a nossa situação atual.

  • contextualize o texto na História: período, personagens, local, etc, transcrevendo trechos do mesmo.

  • oficina, sobre o texto, produzir: novos textos, desenhos, paródias, poesias, dramatizações, mímicas, etc.

  • procure n palavras e/ou conceitos históricos desconhecidos, verifique o seu significado em um dicionário ou enciclopédia e depois explique seu significado no texto.

  • retirar do texto n trechos que concorde e n trechos que discorde e justifique-os.

  • compare personagens do texto, históricos ou não, com personagens atuais e comente.

  • compare formas de governo, de trabalho, da natureza presentes no texto com as atuais e comente.

  • resumir, comentar e atualizar o texto.

  • montar um mural com as principais idéias do texto, só com desenhos ou gravuras, não se pode escrever, e apresente-o.

  • responder as perguntas: o que o texto me diz? O que eu diria ao autor do texto? 

  • classificar gravuras, vídeos e textos (ou partes deles) em políticos, econômicos, sociais, religiosos ou culturais. Juntar todas as informações sobre política e produzir textos ilustrados. Repetir o processo com os outros itens.

  • dividir o texto em  x partes uma para cada grupo, que a explicará através de uma seqüência de ___ desenhos comentados (tantos quantos forem os membros do grupo). b) colar os desenhos na parede próxima ao grupo e apresentá-los à turma, que anotarão as explicações. c) os alunos circularão pela sala, observando os desenhos e fazendo as anotações necessárias. d) juntando todas as informações produzir um texto sobre todo o assunto, englobando todas as apresentações e desenhos. Ilustrar o texto.

  • Imagine que tenha ocorrido um assalto e que você tenha de relatá-lo a uma pessoa adulta que, representando você, tomará as providências necessárias com relação ao ocorrido. Escreva dois textos em seu caderno. No primeiro, você deverá se colocar no papei de vítima; no segundo, no papel de alguém que tenha presenciado um assalto a uma outra pessoa, ou seja, nesse caso você é testemunha de um assalto. Reveja seus textos e responda no caderno:
      a) A linguagem utilizada está adequada quanto à situação da pessoa no assalto?
            b) Os textos apresentam uma seqüência de fatos?
      c) Há indicação de onde e quando ocorreu o assalto?
      d) Há descrição do assaltante? Ela é precisa?

Atividades de aprofundamento

  • Álbum de figurinhas: de cada parte (parágrafo, item ou capítulo) do assunto resultará uma folha do álbum. Em cada folha, as definições e características resultarão em figurinhas desenhadas e coloridas, que será colada de preferência por outro aluno, no álbum, em cima da definição escrita.

  • Álbum de fotografias: elaborar um álbum de fotografias de viagens a determinados lugares, produzindo as fotos com desenhos e personagens através da leitura de textos; obs: as fotos poderão identificar o relevo, a hidrografia, as características da população, etc.

  • Álbum: sobre um determinado tema, apresentar filmes, textos, gravuras, objetos, que deverão ser analisados separadamente e depois unidos através de uma introdução e uma conclusão.

  • Almanaque: montar um almanaque utilizando a cultura popular sobre um determinado assunto.

  • Análise de reportagens: após a leitura de várias reportagens, comentá-las e produzir um texto reunindo todas as idéias.

  • Classificados: produzir anúncios classificados que reflitam o modo de vida de um país ou de uma época histórica.

  • Completando o desenho: apresentar figuras cortadas ao meio para a turma, em duplas escolhem uma figura, e desenham completando-a; depois produzir mensagens sobre a figura completa.

  • Completando o desenho: apresentar um desenho de um local, o aluno deverá imaginar e escrever sobre personagens e fatos relacionados ao conteúdo, que poderiam ser inseridos coerentemente à gravura.

  • Contextualizar personagens: produzir um texto onde n personagens vivam em um determinado contexto; ex: globalização, produzir um texto onde 3 personagens vivam situações só possíveis em um mundo globalizado.

  • Desenho 1: desenhar detalhadamente o modo de vida dos homens de um determinado período.

  • Desenho 2: dividir um texto em tantas partes, quantos forem os membros do grupo, cada aluno desenha a sua parte, junta-se tudo, discutem e produzem uma introdução e uma conclusão.

  • Desenho 3: Ler o texto e produzir n desenhos e n frases sobre os seus itens.

  • Diálogo: produzir diálogos coerentes entre os alunos e os personagens históricos, onde eles propõem aos personagens outras possibilidades que acreditam melhores às aquelas que foram tomadas historicamente.

  • Diorama: cena arrumada numa caixa aberta; ex: uma fazenda, uma doca, uma cozinha colonial, uma rua da Atenas antiga, um castelo, etc; material para esculpir: sabão, madeira, isopor, etc.

  • Dramatização 1: dramatizar utilizando apenas expressão corporal ou mímica.

  • Duplas rotativas: os participantes formulam perguntas e depois formam dois círculos concêntricos; o interno fica imóvel e o externo gira, com os alunos de fora entrevistando os de dentro; anotam-se as respostas e depois inverte o processo; pode-se produzir um texto com as perguntas e respostas.

  • Eleições: do nome da turma, do representante, das regras (direitos e deveres), anotar datas, representantes, resultados, lavrar ata, etc.

  • Entrevista: fazer o questionário na sala e analisar as respostas em grupo.

  • Entrevista 1: imaginar entrevistas com opiniões diferentes.

  • Entrevista 2: cada participante deverá formular n perguntas e entrevistar e ser entrevistado pelos colegas, comentar e concluir.

  • Filmes: em uma fita de papel, desenham-se gravuras que contam uma história, colam-se as extremidades em rolos (lápis) e colocam-se estes em uma caixa, à medida que se enrola de um lado o filme vai passando.

  • Gráficos: montar uma tabela, decidir os intervalos de tempo e de medida, traçar o gráfico e analisá-lo.

  • Hipertexto: apresentar palavras-chaves, que deverão ser definidas e unidas formando um texto; apresentar em um cartaz no formato de um hipertexto; poderão ser produzidos diversos hipertextos, cada um sobre um tema de um determinado conteúdo; e poderá ser produzido um texto final, concluindo o trabalho.

  • Introdução e conclusão de trabalhos: leia o seu trabalho e produza dois textos, o primeiro, apresentando o trabalho, suas intenções e o conteúdo com o nº mínimo de linhas  estabelecido; e o segundo , concluindo com suas análises sobre o que você aprendeu e  a importância do conteúdo estudado; elabore também um índice  e uma capa criativa para o trabalho.

  • Jogo da Memória: ler um texto, elaborar ___ perguntas com respostas, anote a pergunta em um cartão e a resposta em outro, até encerrarem todas as perguntas e respostas; produzir uma caixa de cartolina para guardar os cartões.

  • Jogo de Tabuleiro: ler o texto, retirar os principais fatos; organizar as idéias em forma de etapas, encadeando-as; analisar as idéias, classificando-as em benéficas ou prejudiciais sob determinado ângulo; montar um jogo de tabuleiro e dados, determinando a saída (contexto inicial), a chegada (contexto final) e a trilha (etapas intermediárias); o jogo deverá ser jogado, analisado e criticado por um grupo diferente daquele que o elaborou.

  • Jornal: produzir 2 jornais, um censurado e um real, sobre um determinado assunto; depois os mesmos devem ser analisados, sintetizados individuais e/ou conjuntamente, com este material produzir uma conclusão.

  • Livro: produção de um livro infantil com: capa, prefácio, n páginas (desenho grande e aproximadamente 4 linhas) e moral da história; toda a história deve ser contada no nível de crianças, as ilustrações devem ser grandes, ricas em detalhes e coloridas; leitura dos livros e apreciação; os livros podem ser produzidos a partir de textos, filmes, poesias, etc.

  • Livro: produzir um livro, onde cada capítulo corresponda a uma questão proposta; o livro deverá conter ilustrações ou colagens que devem transmitir ao leitor o significado das questões.

  • Mural: dividir o conteúdo em partes, cada grupo produzirá um mural da sua parte e apresentará; os murais deverão ser expostos na sala, onde os alunos sintetizarão o conteúdo através de sua análise e das apresentações.

  • Mural: com desenhos ou gravuras sobre assuntos específicos; ex: inventores famosos, aspectos da vida medieval.

  • Mural coletivo: cada aluno ou grupo escreve uma mensagem  sobre um determinado tema, afixa-a no quadro, todos lêem as mensagens, comentando e sintetizando-as individual ou coletivamente.

  • Mural: ler um texto, retirar n mensagens, recortar gravuras ou desenhar e montar um mural, expor e comentar os trabalhos.

  • Música: execução da música, leitura da letra, retirar a parte que mais gostou e comentar.

  • Música: execução da música, leitura da letra, retirar as partes relacionadas com o assunto determinado e comentar.

  • Música: produzir paródias ou raps sobre o assunto.

  • Pacote: preparar um pacote com vários pacotes dentro; entre um papel e outro, colocar uma pergunta; o pacote vai passando de mão em mão, ao som de uma música, quando esta parar, a pessoa que estiver com o pacote desembrulha-o e responde a pergunta; obs: intercalar as perguntas com situações engraçadas.

  • Página de jornal: elaborar uma página de um jornal sobre o conteúdo com texto principal, textos auxiliares (informativos ou das duas ou mais partes envolvidas), gravuras ou desenhos, gráficos, etc.

  • Perguntas e respostas: preparar n perguntas e n respostas, uns ficam com as perguntas e os outros com as respostas; quem estiver com as respostas tem que prestar atenção quando as perguntas forem feitas.

  • Propaganda: elaboração de uma propaganda, vendendo um sistema econômico, um sistema político, um país ou uma região; cada grupo poderá criar uma propaganda diferente, podendo ser out-doors, cartazes turísticos, anúncios de rádio ou tv. Na propaganda deverá conter as definições e principais características do tema tratado.

  • Propaganda: produção de cartazes de agências de turismo sobre regiões, países ou épocas históricas, destacando as características físicas, humanas, econômicas, pontos positivos e negativos; o cartaz elaborado deverá ter um desenho grande de uma característica marcante ao fundo e em primeiro plano, um slogan, em letras grandes e as características retiradas em letras menores; os trabalhos serão expostos na sala, e todos fazem umas sínteses individuais, que posteriormente será transformada em uma síntese coletiva; obs: as sínteses deverão destacar a característica principal  do país, região ou época, comentar as demais características, e se os alunos através da análise dos cartazes, gostariam de visitar um país e porquê, além de criticar o cartaz.

  • Quebra-cabeças: montagem de quebra-cabeças em grupo, cada um monta um quebra-cabeça diferente e a um toque, trocam e continuam montando o do outro; após terminar a montagem, elaborar um out-door, e/ou uma propaganda de rádio ou uma produção de texto sobre o quebra-cabeça; apresentar.

  • Receitas: comparar sistemas através de descrição de processos (receita); descrever 2 processos, na forma de uma receita; relacionar primeiro os ingredientes e depois o modo de preparo detalhadamente (mínimo de ___ linhas); produzir depois uma conclusão pessoal sobre os dois processos.

  • Resolução de problemas: observando figuras, escolha uma e: explore a imagem, buscando as razões da sua escolha e anote-as, imagine um problema real que envolva a imagem que você escolheu e produza uma história; represente com desenhos a solução para o problema; variação: um grupo cria o problema e um outro grupo resolve.

  • Resumo de livros paradidáticos: ler os capítulos e: comentá-los, retirar o fato histórico mais importante e comentá-lo, comentar também as gravuras, e dar um novo título para o capítulo; finalizar produzindo uma introdução e uma conclusão para o livro.

  • Revista: através da técnica do painel integrado, dividir um conteúdo em n partes para n grupos, cada grupo prepara desenhos e textos sobre a sua parte, cada aluno fazendo o seu; depois reagrupar os alunos e cada um explicará a sua parte até o final da história e juntando as suas partes montarão a revista; produzir uma introdução  constando os nomes dos personagens, o local, as datas principais, o assunto tratado e a maneira como ele foi tratado, e uma conclusão, com o que aconteceu com os diversos personagens, as opiniões dos grupos sobre o assunto as influências do tema estudado até os nossos dias, e uma capa; obs: talvez seja necessário fazer algumas correções no final de cada folha, apagando, alterando e incluindo novos quadros para que a história tenha coerência.

  • Revista: a partir de frases (manchetes), produzir comentários, artigos, ilustrações e textos.

  • Revista: através da colagem de gravuras, frases e palavras de revistas e da produção de um determinado número de frases, resumir item a item, capítulo, determinados capítulos, em folhas de sulfite, para formar uma revista; em uma folha a parte, analisar e comentar  suas colagens para concluir o trabalho.


  • Romance histórico: produzir uma história com personagens e ambientada em determinada época ou local histórico. Os personagens fictícios deverão conviver com os fatos e personagens históricos.

  • Semelhanças e diferenças: entre dois textos sobre o mesmo assunto, estabelecer n semelhanças e diferenças; produzir um texto comentando o assunto.

Técnica de produção de textos

  • Redija 2 textos com discursos opostos sobre um determinado assunto.

  • Produza um texto, relacionando 2 outros textos e expondo argumentos que sustentem seu ponto de vista.

  • Escreva um texto em resposta a um outro texto.

  • Produzir um texto narrativo o a partir de uma história em quadrinhos, de uma peça de teatro, etc, estruturado da seguinte forma:

  • Construa um texto que se relacione com outro por imitação ou subversão.

  • A partir de alguns personagens pré-estabelecidos, produzir uma narração sobre um determinado assunto. O narrador pode ser um dos personagens.

  • Elabore um texto narrativo, em que um dos personagens utilize uma variante lingüística, ou que cada personagem utilize uma variante lingüística diferente.

  • Dar continuidade a um fragmento de um determinado texto.

  • Produzir um texto a partir de uma gravura ou de uma seqüência delas.

  • Produzir um texto jornalístico, a partir de uma ou mais informações.

  • Produzir um texto a partir de uma gravura seguindo um roteiro determinado. Ex: gravura de uma índia com uma criança na floresta. Produza um texto seguindo o roteiro: dê um nome à índia e a criança; descreva alguns traços característicos de  suas personalidades e de seus físicos, compatíveis com o papel que elas vão representar na história; caracterize o espaço em que elas vivem e como elas agem dentro dele ou que interagem com ele; mostre como elas se sentiriam dentro de um novo espaço ou época........

  • A partir de 3 gravuras ou imagens de um mesmo local em épocas diferentes, imagine-se um repórter na época da gravura intermediária, analisando problemas que não existiam no passado e vão ser provocados no futuro. O texto pode ser produzido a partir de 2 textos do passado, mas épocas diferentes.

  • Produzir textos, a partir de elementos fornecidos previamente, como: personagens, cenários, contextos, etc.

  • Apresentar duas opiniões diferentes sobre um determinado texto ou tema, após a leitura, produzir um texto em forma de carta a um dos autores das opiniões, concordando ou discordando e justificando.

  • Redija um texto narrativo em que dois personagens estejam movidos por sentimentos opostos, procure explicitar o duelo de paixões envolvidas no conflito.

  • Produzir um texto, em forma de carta, a um político, argumentando sobre a necessidade de propor ou alterar uma determinada lei, ou resolver uma determinada situação.

  • Explorar o subentendido, a partir de gravuras ou textos publicitários, procurando analisar o comportamento, pensamento ou contexto de uma determinada época.

  • Produzir textos ironizando heróis, características de locais, pessoas, fatos, fotos, etc.

  • Produzir um texto coletivo, onde o primeiro aluno inicia e o seguinte acrescenta mais uma idéia e assim em diante. Os textos ficarão circulando até retornarem às mãos do primeiro. Obs: cada aluna inicia o seu, e no final faz a sua conclusão.

  • Produzir um texto sobre a natureza, os aromas e os sons observados por um personagem qualquer em uma determinada época e/ou lugar.

  • Produzir com palavras determinadas, frases histórica ou geograficamente corretas, depois produza um texto com personagens determinados e as frases acima.

  • Analisando diversos livros didáticos sobre o mesmo tema e a partir de um roteiro determinado produzir um texto crítico, comparando as diversas fontes.

  • Produzir um texto sobre tema pré-determinado, acrescentando itens absurdos pré-estabelecidos ou não. Os demais deverão analisar e comentar o texto e os absurdos.

  • Produzir um texto jornalístico com manchete e lead (lide).

  • Produzir uma seqüência de documentos oficiais. Ex: um requerimento, um ofício, dando seqüência no assunto.

Atividades com material do livro didático

  • Classificação de gravuras: Analisar as gravuras indicadas nas pág’s ___ e:
      a) indicar se elas estão relacionadas à política (governo e poder), economia (produção de riquezas, atividades que fazemos para sobreviver, dinheiro), sociedade (fatos relacionados à pessoas vivendo em comunidade, grupos e classes sociais, ricos e pobres), religião (deuses, cultos, assuntos espirituais, vida após à morte) ou cultural (modo de vida, artes, intelectualidade).             
            b) descrever a gravura com um mínimo de ____ linhas, sem copiar do livro.

Atividades de análise e crítica de trabalhos

  • Identificar o trabalho pelo título e/ou pelo nome dos autores. Observar: conteúdo (se o assunto foi realmente trabalhado), originalidade (se o assunto não simplesmente copiado do livro, mas explicado de uma forma nova), criatividade (se o assunto foi desenvolvido de uma maneira criativa e interessante), organização e capricho (se o trabalho está limpo, escrito com letra legível, com margens, e bom acabamento).


64 – VÍDEO NA SALA DE AULA

Opção 1
APRESENTAÇÃO
Finalmente o vídeo está chegando à sala de aula. E dele se esperam, como em tecnologias anteriores, soluções imediatas para os problemas crônicos do ensino-aprendizagem. O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional.
O vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula.
Vídeo significa também uma forma de contar multilingüística, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante da linguagem educacional, mais apoiada no discurso verbal-escrito.
LINGUAGENS DA TV E DO VÍDEO
O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele -nos toca e "tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos.
O vídeo explora também e, basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Desenvolve um ver entrecortado -com múltiplos recortes da realidade -através dos planos- e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro. O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, o narrar, o contar histórias. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam habitualmente. Os diálogos expressam a fala coloquial, enquanto o narrador (normalmente em off) "costura" as cenas, as outras falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. A narração falada ancora todo o processo de significação.
A música e os efeitos sonoros servem como evocação, lembrança (de situações passadas), de ilustração -associados a personagens do presente, como nas telenovelas- e de criação de expectativas, antecipando reações e informações. O vídeo é também escrita. Os textos, legendas, citações aparecem cada vez mais na tela, principalmente nas traduções (legendas de filmes) e nas entrevistas com estrangeiros. A escrita na tela hoje é fácil através do gerador de caracteres, que permite colocar na tela textos coloridos, de vários tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a significação atribuída à narrativa falada. O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.
TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianças como adultas. O ritmo torna-se cada vez mais alucinante (por exemplo nos videoclips). A lógica da narrativa não se baseia necessariamente na causalidade, mas na contigüidade, em colocar um pedaço de imagem ou história ao lado da outra. A sua retórica conseguiu encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos.
Os temas são pouco aprofundados, explorando os ângulos emocionais, contraditórios, inesperados. Passam a informação em pequenas doses (compacto), organizadas em forma de mosaico (rápidas sínteses de cada assunto) e com apresentação variada (cada tema dura pouco e é ilustrado).
As mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo). Há maior possibilidade de interação: televisão bidirecional, jogos interativos,  CD e DVD. A possibilidade de escolha e participação e a liberdade de canal e acesso facilitam a relação do espectador com os meios.
As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. O jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender. Toda a sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata. Lê, vendo.
A linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica.


PROPOSTAS DE USO DO VÍDEO
Proponho, a seguir, um roteiro simplificado e esquemático com algumas formas de trabalhar com o vídeo na sala de aula. Como roteiro não há uma ordem rigorosa e pressupõe total liberdade de adaptação destas propostas à realidade de cada professor e dos seus alunos.
 USOS INADEQUADOS EM AULA
Vídeo-tapa buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for feito com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa -na cabeça do aluno- a não ter aula.
Vídeo-enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso.
Vídeo-deslumbramento: O professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los,junto com os alunos, e questioná-los.
Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.
PROPOSTAS DE UTILIZAÇÃO
Vídeo como SENSIBILIZAÇÃO
É, do meu ponto de vista, ouso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria.
Vídeo como ILUSTRAÇÃO
O vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos. Por exemplo, um vídeo que exemplifica como eram os romanos na época de Julio César ou Nero, mesmo que não seja totalmente fiel, ajuda a situar os alunos no tempo histórico. Um vídeo traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos, como por exemplo a Amazônia ou a África. A vida se aproxima da escola através do vídeo.
Vídeo como SIMULAÇÃO
É uma ilustração mais sofisticada. O vídeo pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratório ou que exigiriam muito tempo e recursos. Um vídeo pode mostrar o crescimento acelerado de uma planta, de uma árvore -da semente até a maturidade- em poucos segundos
Vídeo como CONTEÚDO DE ENSINO
Vídeo que mostra determinado assunto, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre um tema específico orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.
Vídeo como PRODUÇÃO
- Como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e dos futuros alunos. O professor deve poder documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar as suas aulas. O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas.

- Como intervenção: interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo assim como ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.

- Vídeo como expressão, como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los.
Vídeo como AVALIAÇÃO
Dos alunos, do professor, do processo.
Vídeo ESPELHO
Vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes. Vídeo-espelho para análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada um, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem mais espaço aos colegas.
O vídeo-espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos.
Vídeo como INTEGRAÇÃO/SUPORTE
De outras mídias.
- Vídeo como suporte da televisão e do cinema. Gravar em vídeo programas.
importantes da televisão para utilização em aula. Alugar ou comprar filmes de longa metragem, documentários para ampliar o conhecimento de cinema, iniciar os alunos na linguagem audiovisual.
- Vídeo interagindo com outras mídias como o computador, o CD-ROM,  com os videogames, com a Internet.
COMO VER O VÍDEO
Antes da exibição
. Informar somente aspectos gerais do vídeo (autor, duração, prêmios...). Não interpretar antes da exibição, não pré-julgar (para que cada um possa fazer a sua leitura).
. Checar o vídeo antes. Conhecê-lo. Ver a qualidade da cópia.
Deixá-lo no ponto antes da exibição. Zerar a numeração (apertar a tecla resset). Apertar também a tecla "memory" para voltar ao ponto desejado.
.Checar o som (volume), o canal de exibição (3 ou 4), o tracking (a regulagem de gravação), o sistema (NTSC ou PAL-M).
Durante a exibição
. Anotar as cenas mais importantes.
. Se for necessário (para regulagem ou fazer um rápido comentário)
apertar o pause ou still, sem demorar muito nele, porque danifica a fita.
. Observar as reações do grupo.
Depois da exibição
. Voltar a fita ao começo (resset/memory)
. Re-ver as cenas mais importantes ou difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo uma segunda vez, chamando a atenção para determinadas cenas, para a trilha musical, diálogos, situações.
. Passar quadro a quadro as imagens mais significativas.
. Observar o som, a música, os efeitos, as frases mais importantes.
Proponho alguns caminhos -entre muitos possíveis- para a análise do vídeo em classe.
DINÂMICAS DE ANÁLISE
Análise em conjunto
O professor exibe as cenas mais importantes e as comenta junto com os alunos, a partir do que estes destacam ou perguntam. É uma conversa sobre o vídeo, com o professor como moderador.
O professor não deve se o primeiro a dar a sua opinião, principalmente em matérias controvertidas, nem monopolizar a discussão, mas tampouco deve ficar encima do muro. Deve posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o ideal e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e o que costuma ser (modelo real).


Análise globalizante
Fazer, depois da exibição, estas quatro perguntas:
- Aspectos positivos do vídeo
- Aspectos negativos
- Idéias principais que passa
- O que vocês mudariam neste vídeo
Se houver tempo, essas perguntas serão respondidas primeiro em grupos menores e depois relatadas/escritas no plenário. O professor e os alunos destacam as coincidências e divergências. O professor faz a síntese final, devolvendo ao grupo as leituras predominantes (onde se expressam valores, que mostram como o grupo é).
Análise Concentrada
Escolher, depois da exibição, uma ou das cenas marcantes. Revê-las uma ou mais vezes. Perguntar (oralmente o por escrito):
- O que chama mais a atenção (imagem/som/palavra)
- O que dizem as cenas (significados)
- Conseqüências, aplicações (para a nossa vida, para o grupo).
Análise "funcional"
Antes da exibição, escolher algumas funções ou tarefas (desenvolvidas por vários alunos):
- o contador de cenas (descrição sumária, por um ou mais alunos)
- anotar as palavras-chave
- anotar as imagens mais significativas
- caracterização dos personagens
- música e efeitos
- mudanças acontecidas no vídeo (do começo até o final).
Depois da exibição, cada aluno fala e o resultado é colocado no quadro negro ou flanelógrafo. A partir do quadro, o professor completa com os alunos as informações, relaciona os dados, questiona as soluções apresentadas.
ANÁLISE DA LINGUAGEM
- Que história é contada (reconstrução da história)
- Como é contada essa história
. o que lhe chamou a atenção visualmente
. o que destacaria nos diálogos e na música
- Que idéias passa claramente o programa (o que diz claramente esta história)
. O que contam e representam os personagens
. Modelo de sociedade apresentado
- Ideologia do programa
. Mensagens não questionadas (pressupostos ou hipóteses aceitos
de antemão, sem discussão).
. Valores afirmados e negados pelo programa (como são apresentados a justiça, o trabalho, o amor, o mundo)
. Como cada participante julga esses valores (concordâncias
e discordâncias nos sistemas de valores envolvidos). A partir de onde cada um de nós julga a história.
COMPLETAR O VÍDEO
. Exibe-se um vídeo até um determinado ponto.
. Os alunos desenvolvem, em grupos, um final próprio e justificam o porquê da escolha.
. Exibe-se o final do vídeo
. Comparam-se os finais propostos e o professor manifesta também a sua opinião.
MODIFICAR O VÍDEO
. Os alunos procuram vídeos e outros materiais audiovisuais sobre um determinado assunto.
. Modificam, adaptam, editam, narram, sonorizam diferentemente.
.Criam um novo material adaptado a sua realidade, a sua sensibilidade.
VÍDEO PRODUÇÃO
. Contar em vídeo um determinado assunto
. Pesquisa em jornais, revistas, entrevistas com pessoas.
. Elaboração do roteiro, gravação, edição, sonorização. . Exibição em classe e/ou em circuito interno.
. Comentários positivos e negativos. A diferença entre a intenção e o resultado obtido.
VÍDEO ESPELHO
A câmera registra pessoas ou grupos e depois se observa o resultado com comentários de cada um sobre seu desempenho e sobre o dos outros.
O professor olha seu desempenho, comenta e ouve os comentários dos outros.
Outras dinâmicas interessantes:
- Dramatizar situações importantes do vídeo assistido e discuti-las comparativamente. Usar a representação, o teatro como meio de expressão do que o vídeo mostrou, adaptando-o à realidade dos alunos.
Um exemplo:
-Alguns alunos escolhem personagens de um vídeo e os representam adaptando-os a sua realidade. Depois comparam-se os personagens do vídeo e os da representação, a história do vídeo com a adaptada pelos alunos.
- Adaptar o vídeo ao grupo: Contar -oralmente, por escrito ou audiovisualmente situações nossas próximas às mostradas no vídeo.
- Desenhar uma tela de televisão e colocar o que mais impressionou os alunos. O professor exibe num mural os desenhos e todos comentarão as coincidências principais e o seu significado.
- Comparar - principalmente em aulas de literatura portuguesa ou estrangeira- um vídeo baseado em uma obra literária com o texto original. Destacar os pontos fortes e fracos do livro e da adaptação audiovisual.

A INFORMAÇÃO NA TV E NO VÍDEO
Um dos campos mais interessantes de utilização do vídeo para compreender a televisão na sala de aula é o da análise da informação, para ajudar professores e alunos a perceber melhor as possibilidades e limites da televisão e do jornal como meio informativo.
O professor pode propor inicialmente algumas questões gerais sobre a informação para serem discutidas em pequenos grupos e depois no plenário.
* Como eu me informo.
* Que telejornal prefiro e porquê.
* O que não gosto deste telejornal e gostaria de mudar.
* Que semelhanças e diferenças percebo nos vários telejornais.
* Que análise faço dos dois principais jornais impressos. Pode-se fazer uma análise específica de um programa informativo da televisão (por exemplo, do Jornal Nacional) e de dois jornais impressos do dia seguinte. O professor pede a um dos alunos que anote a seqüência das notícias do telejornal e, a outro, que cronometre a duração de cada notícia. Depois da exibição, o professor pede que os alunos se dividam em grupos e que alguns analisem o telejornal e pelo menos dois analisem os jornais impressos (cada grupo um jornal).
Questões para análise do telejornal
* Que notícias chamaram mais a sua atenção (notícias que sensibilizaram mais,que marcaram mais). Por que.
* Que notícias são mais importantes para cada um ou para o grupo. Por que.
* O que considerou positivo nesta edição do telejornal (técnicas, tratamento de algumas matérias, interpretação...)
* De que discorda neste telejornal (de algumas notícias em particular ou em geral).
Questões para análise do jornal impresso
* Notícias mais importantes para o jornal (quais são as mais importantes da primeira página). Que enfoque é dado.
* Que notícias coincidem com o telejornal (a coincidência é total ou há diferenças de interpretação?)
* Que notícias são diferentes do telejornal (notícias que o telejornal anterior não divulgou).
* Qual é a opinião do jornal nesse dia (análise dos editoriais, das matérias, que normalmente estão na segunda ou terceira página e não estão assinadas).
O professor pode reconstruir a seqüência das notícias por escrito na frente do plenário e pede ao cronometrista que anote a duração de cada matéria.
Cada grupo coloca no plenário as respostas à primeira questão. O professor procura reconstruir com todos os alunos as notícias mais importantes para a emissora e para o jornal impresso. Vê as coincidências e as discrepâncias. Convém analisar a notícia mais importante com calma, exibindo-a de novo, observando a estrutura, as técnicas utilizadas, as palavras-chave, a interpretação. E assim vão respondendo às outras três questões, sempre confrontando a informação da televisão com a do jornal impresso, observando as omissões mais importantes.
Com esta análise não se chega a uma visão de conjunto, mas se percebe a parcialidade na seleção das notícias, na ênfase dada, na relativização da informação, na espetacularização da televisão como uma das armas importantes para atrair o telespectador.

A Informação a partir da Produção
A análise também pode partir de uma dinâmica que utiliza a produção de um jornal pelo grupo utilizando o mesmo material informativo prévio. O coordenador grava um ou dois telejornais da mesma noite e adquire alguns exemplares de dois ou três jornais impressos do dia seguinte. Os grupos recebem os mesmos jornais impressos. Cada grupo elaborará um noticiário radiofônico, de cinco minutos, a partir dos jornais, seguindo a ordem que achar mais conveniente.
Cada grupo grava o seu noticiário ou o lê como se fosse ao vivo. Pede-se a alguns participantes que anotem a seqüência das notícias, a sua duração e as palavras-chave de cada notícia. Colocam-se esses dados em público -num quadro negro ou cartolina. Discute-se no plenário as coincidências e diferenças de cada grupo na seleção e tratamento do mesmo material informativo inicial.
Numa segunda etapa os alunos relatam acontecimentos que presenciaram - pessoalmente ou que conhecem bem - e os comparam a como apareceram nos jornais e na televisão.
Esta técnica enriquece a análise com o processo de seleção de cada grupo. Exemplifica os mecanismos envolvidos no tratamento da informação mais claramente porque são percebidos na análise da própria produção. De outro lado, as interferências ideológicas no processo de escolha também se mostram mais evidentes. De qualquer forma, mais que a análise de um programa, o importante é tornar a pessoa mais atenta a todo o processo informativo, às mediações conjunturais e do processo de produção da indústria cultural que interferem nos resultados informativos.
Os alunos também podem fazer um pequeno jornal impresso ou em vídeo, com notícias das aulas e da vida deles. Depois, o professor discute com os alunos como foi o processo de seleção das notícias e de produção do jornal ou telejornal.

José Manuel Moran
Diretor Acadêmico da Faculdade Sumaré-SP e
Assessor do Ministério de Educação para avaliação de cursos a distância
jmmoran@usp.br

Artigo publicado na revista Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995 (com bibliografia atualizada)


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
*MACHADO, Arlindo. A arte do Vídeo. São Paulo, Brasiliense, 1988.
*MORAN, José Manuel. Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo, Ed. Pancast, 1993.
* __________________. Como ver Televisão. São Paulo, Ed. Paulinas, 1991.
* FDE - FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Multimeios aplicados à educação: uma leitura crítica. Cadernos Idéias, n.9, São Paulo, FDE, 1990.

Bibliografia mais atualizada:
BABIN, Pierre e KOPULOUMDJIAN, Marie-France. Os novos modos de compreender; a geração do audiovisual e do computador. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989.
FERRÉS, Joan. Vídeo e Educação. 2a ed., Porto Alegre: Artes Médicas (atualmente Artmed), 1996.
____________. Televisão e Educação. São Paulo: Artes Médicas (Artmed), 1996.
MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1988.
MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal. 2a ed. São Paulo: Paulinas, 2000.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 7ª ed., Campinas: Papirus, 2003.
PENTEADO, Heloisa Dupas. Televisão e escola: conflito ou cooperação?. São Paulo: Cortez, 1991.


Opção 2
VÍDEO EM SALA DE AULA
Resumo: Assumindo como pressuposto que a utilização de vídeos em processos educativos depende de um planejamento criterioso, discutimos no presente texto a utilização do vídeo em sala de aula e apresentamos algumas sugestões para a leitura e análise deste tipo de recurso audiovisual de modo a aproveitá-lo de forma adequada e competente. Discutimos a importância e apresentamos sugestões para a organização do acervo de vídeos e para a criação de catálogos visando facilitar a consulta e escolha de um vídeo por professores que queiram utilizá-lo não apenas um apêndice da aula, mas como um instrumento que contribua de fato para do processo de ensino e aprendizagem e para a formação e/ou construção de conceitos. Finalizamos apresentando uma lista de questões que devem ser consideradas durante o visionamento e análise de um produto audiovisual para uso pedagógico.
INTRODUÇÃO
Você é professor ou professora e trabalha no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. Em sua função de educador ou educadora você está sempre preocupado(a) com a formação de seus alunos e procura sempre se atualizar. Para isso, faz cursos, lê revistas, artigos ou livros sempre que possível. A escola em que você trabalha tem TV e vídeo e há algumas fitas disponíveis. Seus alunos adoram assistir TV e sempre chegam comentando os programas que vêem. Você resolve, então, aproveitar essa animação provocada pelo entretenimento dos programas de TV e utilizar o vídeo em sua sala. Provavelmente, neste momento, você se depara com algumas questões: como usar o vídeo na sala de aula? Como planejar a aula? Como discutir com os alunos as cenas e mensagens mostradas no vídeo? Como levar a turma a fazer uma leitura consciente destas mensagens ? Que atividades propor aos alunos antes e/ou depois de assistirem ao vídeo? Como conciliar o vídeo com o programa a ser cumprido?
As questões acima representam algumas das dúvidas levantadas por professores que desejam usar o vídeo, não apenas como um apêndice da aula, mas como um instrumento que contribua de fato para o processo de ensino e aprendizagem, para a formação e/ou construção de conceitos e para as relações interpessoais desenvolvidas no ambiente escolar. Considerando a inexistência de uma resposta única para as questões apresentadas, e tomando como pressuposto que a utilização de vídeos em processos educativos, como qualquer outra atividade pedagógica, pressupõem um planejamento criterioso, discutimos a utilização do vídeo em sala de aula. No entanto, a introdução de um recurso audiovisual, produzido muitas vezes com propósitos distintos daqueles pretendidos pelo professor, exige cuidados especiais. Assim, apresentamos algumas sugestões para a análise e leitura do vídeo de modo a aproveitá-lo de forma adequada e competente, não apenas do ponto de vista dos conteúdos curriculares, mas buscando um aproveitamento pleno, inter e transdisciplinar e principalmente estimulando a alfabetização do olhar. Terminamos este artigo levantando algumas questões que devem estar presentes numa análise e no momento de escolher um vídeo, ou programa de TV, que será utilizado no planejamento de uma aula.
A LINGUAGEM DA TV E DO VÍDEO
Sabemos que o vídeo ou a televisão, por si só, não garantem uma aprendizagem significativa. A presença do(a) professor(a) é indispensável. É ele/ela, com sua criatividade, bom senso, habilidade, experiência docente, que deve ser capaz de perceber ocasiões adequadas ao uso do vídeo. No entanto, criatividade, bom senso, experiência, não surgem do nada.
A sociedade contemporânea é caracterizada pela multiplicidade de linguagens e por uma forte influência dos meios de comunicação. É preciso que o professor entenda as linguagens do cinema, da TV e do vídeo e que possa identificar suas potencialidades e peculiaridades. O professor precisa estar preparado para utilizar a linguagem audiovisual com sensibilidade e senso crítico de forma a desenvolver, com seus alunos, uma alfabetização audiovisual.
As técnicas básicas de filmagem, desenvolvidas pelos cineastas, deram origem à linguagem audiovisual. A TV, apesar de ter herdado do cinema suas primeiras técnicas, possui hoje linguagem, ritmo e objetivos próprios. Uma diferença básica entre as obras de cinema e de televisão é que, enquanto a primeira produz mercadoria cultural que poderá ser explorada durante vários anos, a televisão tende a produzir programas para serem consumidos no instante da sua difusão. Outra característica típica da linguagem da TV é basear-se em fragmentos de realidade, pedaços de informação e muita agilidade. Além disso, com a transmissão via satélite, criou-se a possibilidade de a TV trazer para nossa sala, em tempo real, outros povos, outras culturas, outros lugares.
O vídeo, primeiramente concebido como um meio de divulgação do cinema, é hoje a base de divulgação da linguagem audiovisual como um todo. Ele tornou acessível o registro e a documentação histórica das produções audiovisuais; a facilidade de ver, rever e analisar um produto audiovisual; a possibilidade de intervir parando, pausando, mudando o ritmo e até alterando uma seqüência de imagens.
A TV E O VÍDEO EM SALA DE AULA
"A televisão não pode ser compreendida em si. Ela não é um instrumento puramente técnico, o uso dela é político." FREIRE1
Por oferecer recursos vantajosos para o trabalho pedagógico vamos considerar o vídeo como o principal instrumento de trabalho com a linguagem audiovisual. Nesse sentido, gostaríamos de reafirmar e ressaltar sua importância no processo de ensino e aprendizagem. Vídeos têm a capacidade de mostrar fatos que falam por si mesmos, mas necessitam do professor para dinamizar a leitura do que se vê. Gadotti 2 afirma que "a educação sendo essencialmente a transmissão de valores, necessita do testemunho de valores em presença. Por isso, os meios de comunicação e a tecnologia não podem substituir o professor".
A utilização de programas de vídeo como instrumento didático depende de uma análise competente do material disponível. A utilização de fitas de vídeos pré-gravadas, visionadas, avaliadas e selecionadas torna possível uma escolha consciente, por parte do professor ou equipe de professores, dos programas de TV ou filmes que atendam aos objetivos do planejamento educacional. Segundo Moran,
"O professor deve poder documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar suas aulas. O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas". 3 
A criação de um acervo escolar de fitas, ou seja, de uma videoteca escolar, é, entretanto, uma das principais dificuldades apontadas por professores segundo as pesquisas do Nepp/Unicamp/1997 e da Fipe/USP/19984. Os argumentos levantados pelos professores foram principalmente "a falta de tempo (37%) ou a ausência de pessoas responsáveis pelas gravações (55%)". Seguindo este raciocínio podemos deduzir que a criação de acervos, sua organização e catalogação ficam prejudicadas, o que acarreta o uso indevido e não planejado deste recurso tecnológico. Um exemplo disso é apontado em pesquisa realizada pela BBC com professores do Reino Unido5. Apesar da maior valorização profissional e tempo de experiência no uso da TV com fins educacionais daqueles professores, muitos utilizam os programas educativos assistindo-os pela primeira vez em conjunto com os alunos durante sua exibição. Esta prática, desaconselhável, deve ser evitada. Para isso, é preciso que o professor ou, como seria melhor, a equipe de professores da escola, crie um catálogo próprio, no qual seja possível encontrar uma análise básica do produto.
O vídeo só deve ser utilizado como estratégia quando for adequado, quando puder contribuir significativamente para o desenvolvimento do trabalho. Nem todos os temas e conteúdos escolares podem e devem ser explorados a partir da linguagem audiovisual. A cada conteúdo corresponde um meio de expressão mais adequado. "Cada canal de comunicação codifica a realidade de maneira diferente e influi de forma surpreendente no conteúdo da mensagem comunicada. Um meio não é somente um envelope que contém uma carta : é, em si mesmo, uma importantíssima parte da mensagem."
Ao analisarmos um vídeo é preciso verificar todas as suas potencialidades para o processo de ensino e aprendizagem. A partir desta análise é que se torna possível a construção dos planos de aula. Destacamos a seguir alguns pontos a serem considerados no planejamento de uma aula com vídeo:
  • Ao explorar um vídeo, deve-se fazer analogias com outras concepções, métodos, técnicas e resultados que já foram ou podem ser explorados em sala de aula;
  • O vídeo pode ter a função de apresentar conceitos novos ou já estudados no sentido de motivar o aluno, despertar a curiosidade e interesse, além de transmitir as idéias básicas relacionadas com o conteúdo da aula;
  • O vídeo deve ser complementado pela apresentação dos conceitos/conteúdos na forma textual. O texto pode ser mais linear, detalhado e acrescido de exercícios de fixação e aplicação. Vídeos e textos devem se complementar mutuamente;
  • O vídeo tem a capacidade de aproximar o conhecimento científico do cotidiano, fazendo com que algumas concepções do senso comum passem a se fundamentar nas ciências;
  • A dinâmica e o tempo de aula devem ser bem planejados, pois o uso do vídeo pressupõe sempre a atuação do professor;
  • O vídeo pode ser usado como instrumento de leitura crítica do mundo, do conhecimento popular, do conhecimento científico e da própria mídia.
A ESCOLHA DO RECURSO AUDIOVISUAL
Quando se fala em analisar e escolher um material didático - qualquer que seja ele - é comum associarmos esta tarefa à idéia de determinar a qualidade do material. Mas o que é qualidade?
Etimologicamente qualitas significa essência; assim alguma coisa teria qualidade somente se fosse essencial, importante, relevante. Qualidade também costuma estar associada àquilo que é perfeito. Mas, o que significa perfeição? Ou ainda, será que a perfeição é possível?
Toda produção humana faz parte de um processo em evolução, em desenvolvimento, buscando sempre aperfeiçoá-la. Não há perfeição definitiva! "O exemplo dos computadores é paradigmático. Todo modelo novo é feito para ser superado". No caso das produções televisivas ou fílmicas, os padrões de qualidade também se superam com os avanços tecnológicos e bastam poucos anos para que aquilo que se considerava ótimo já esteja superado.
Vejamos então o que consideramos importante quando falamos em analisar uma produção televisiva ou fílmica para fins didáticos.
Em primeiro lugar, esta tarefa não deve ser realizada para estabelecer classificações e separações entre o que tem pouca, média ou muita qualidade. O importante é identificar e descrever todos os aspectos envolvidos no produto, desde as propriedades técnicas até as mais subjetivas relacionadas aos sentidos e às emoções.
Em segundo lugar, não há como estabelecer parâmetros gerais de qualidade. Lembre-se sempre que o que é bom para uma finalidade pode ser desastroso para outra. Vejamos alguns exemplos de situações bastante comuns. Um vídeo pode ser tecnicamente ultrapassado, mas funcionar maravilhosamente como documento histórico da própria televisão, ou para análise do momento histórico-social em que foi criado, ou ainda por tratar competentemente de um conteúdo curricular. Um vídeo com algum erro conceitual pode ser usado para que os alunos identifiquem e discutam possíveis erros. Um vídeo que aborde algum assunto a partir de uma visão politicamente incorreta pode ser discutido pelos alunos como contraponto na construção de visão crítica de mundo.
Os exemplos acima evidenciam que o mais importante, quando analisamos um produto audiovisual, é ter em mente o que pretendemos com seu uso em sala de aula. Quais são nossos objetivos e até que ponto um programa ou filme consegue atendê-los , apesar de peculiaridades ou imperfeições que podemos superar com um bom planejamento de sua utilização. Para que haja integração do vídeo ao ensino é importante que a avaliação se converta em uma prática constante. O professor deve sempre assistir e analisar o material que pretende utilizar para poder planejar sua aula a partir de seus paradigmas educacionais.
A efetiva utilização de vídeos é que poderá resultar no desenvolvimento de padrões de qualidade tanto para o processo de produção quanto para a utilização de programas didáticos. Acreditando nesta premissa e na importância de ouvir o professor, sua prática, suas dificuldades e suas crenças, algumas instituições* vêm desenvolvendo pesquisas junto a professores que usam a TV e o vídeo em suas aulas. Talvez devido a já citada falta de tempo detectamos que o critério mais freqüente de escolha de um vídeo, para uso em sala de aula, seja a indicação de um outro professor.
Esta indicação é feita, na maioria das vezes, de modo informal e sem a preocupação com o registro. Não seria bom se você pudesse encontrar a análise, os comentários, a atividade planejada e uma avaliação do que efetivamente ocorreu? Certamente que sim! Melhor ainda seria se os professores criassem, para o acervo da escola, um catálogo com as avaliações dos vídeos no qual, além de uma ficha básica, pudessem encontrar comentários sobre cada vídeo, formas de utilização adotadas e uma avaliação dos resultados alcançados.
Reconhecendo as dificuldades encontradas na prática docente como o excesso de trabalho, falta de tempo – acrescidas dos baixos salários - ressaltamos que os critérios de qualidade e o próprio uso do vídeo em sala de aula devem ser encarados como projeto coletivo dos profissionais de uma escola. "É possível, por meio de um trabalho de preparação e sistematização de procedimentos, economizar tempo e energia".
A ORGANIZAÇÃO DO ACERVO
Um vídeo é o somatório de diversos elementos que devem funcionar de forma integrada. Quando analisamos um vídeo podemos distinguir e avaliar o formato, o texto falado, as imagens, a música e os efeitos sonoros, os efeitos especiais, o ritmo, a densidade dos conteúdos, o clima criado, etc. No entanto, é a integração destes elementos que faz com que um programa consiga criar algum interesse e expectativa, prendendo a atenção do espectador.
Um primeiro passo para facilitar a análise de programas, e que deve fazer parte da organização do um material disponível em uma videoteca escolar, é a criação de uma forma de identificação básica para cada fita e outra para cada programa do acervo. Na maioria dos acervos escolares uma mesma fita de vídeo é utilizada para a gravação de diversos programas, o que é importante por questões econômicas e de espaço físico para guardar o material. Assim, há necessidade de uma ficha de identificação de cada fita que possibilite a localização de todos os programas que ela contém. Nesta ficha, que deve ter uma cópia em etiqueta colada na fita podemos anotar apenas o título, a duração e o tempo de início de cada programa. Não podemos confundir esta identificação com uma outra documentação necessária a todos os programas do acervo, estejam eles numa mesma fita ou não. Esta tarefa de análise e documentação, que pode parecer exaustiva à primeira vista, é fundamental para agilização futura do trabalho com o material disponível. Como já mencionamos, o ideal seria que este fosse um trabalho coletivo dos profissionais da escola e que, se tornando uma prática, passaria a ser desenvolvido sem muito esforço. Se a cada programa assistido e selecionado para utilização pedagógica por algum professor da escola for criada uma ficha de análise e avaliação, em um determinado momento, todo o acervo selecionado estará identificado, analisado e avaliado. É preciso apenas alguma disciplina e ter em mente que este projeto não precisa ser realizado em curto prazo.
ALGUNS CRITÉRIOS DE ANÁLISE
Para auxiliá-lo um pouco mais na análise de produtos audiovisuais para fins didáticos vamos apresentar uma listagem de questões** que, acreditamos, podem auxiliar em uma avaliação bastante completa de um programa. Não pretendemos ser exaustivos, ou seja, não acreditamos que seja possível oferecer uma pauta completa de análise e avaliação, já que sempre haverá questões específicas de cada professor, de cada escola, de cada proposta curricular, etc.
Talvez você considere nossa listagem de questões muito extensa, mas, nem sempre precisamos ser tão minuciosos, qualquer análise dependerá, como já foi dito, dos objetivos de utilização do produto.  
Aspectos Gerais / Formato:
  • O programa consegue criar expectativas, despertar o interesse do espectador?
  • Em que se baseia o interesse do programa?
No tema abordado?
Na maneira como é tratado?
  • O vídeo foi produzido para fins educativos?  
Mensagem:
  • O tema é apropriado à linguagem audiovisual?
O que a possibilidade de visualização acrescenta?
O tema pode ser desenvolvido de forma mais eficaz por intermédio de outras linguagens?
Que outros tratamentos e enfoques podem ou devem ser acrescentados?
  • Que conteúdos curriculares das diferentes disciplinas escolares são abordados?
Os conteúdos são adequados ao currículo oficial? E ao currículo da escola?
Os conteúdos são adequados ao nível de compreensão dos alunos?
A metodologia utilizada para apresentação dos conteúdos está em consonância com um enfoque escolar?
Os conteúdos correspondem a uma unidade completa, a alguns tópicos, ou a um conjunto de unidades temáticas?
  • A abordagem do tema é atual ou já existem novos enfoques ou tendências?
O tratamento dado aos conteúdos está atualizado?
Há outros enfoques, tendências, abordagens ou descobertas científicas que precisam ser exploradas? Quais? De que forma? 
  • O programa possibilita o trabalho interdisciplinar? Com quais disciplinas?
O tema e os conteúdos são adequados ao tratamento de temas transversais como sexualidade, ética, meio ambiente, etc?
A forma de tratar os conteúdos é adequada ao processo de ensino e aprendizagem da escola?
  • Todos os aspectos relacionados com o tema e/ou conteúdos foram abordados?
Com qual profundidade?
Com qual abrangência?
A quantidade de informação é: insuficiente / superficial; suficiente / adequada; demasiada / complexa?
Que complementos e aprofundamentos são necessários?  
Linguagem:
  • Qual o tipo de linguagem empregada?
Valoriza mais as imagens ou a linguagem verbal?
Valoriza a dimensão emotiva, a imaginação e a sensibilidade?
Comunica idéias por meio das emoções? Quais? Como?
  • A obra utiliza adequadamente os recursos da linguagem audiovisual ou é apenas um discurso verbal ilustrado por imagens e acrescido de uma música de fundo?
  • Utiliza efeitos sonoros para valorizar a mensagem?
  • Utiliza efeitos visuais (gráficos, animações, legendas, etc.) para reforçar a mensagem?
  • Os elementos da linguagem audiovisual (imagem, efeitos visuais, música, efeitos sonoros e a palavra falada) são dosados e se complementam de forma eficaz evitando a monotonia e o cansaço?
  • A estética das imagens atrai e é compreendida com facilidade, ou há subjetividades de difícil interpretação?
  • A linguagem verbal é coloquial, regional, formal ou científica?
Está ao alcance da faixa etária e do contexto social dos alunos?
Será necessário um trabalho prévio com alguns termos usados para que a obra possa ser compreendida, ou a exploração do vocabulário pode ser feita após a exibição sem perdas para a compreensão da mensagem? 
Concepções e ambientação:
  • Quais preocupações e práticas sociais podem ser identificadas no vídeo?
Há relação com o cotidiano?
As práticas sociais apresentadas são do conhecimento dos alunos ou devem ser exploradas? De que forma?
As práticas sociais são enfocadas de forma preconceituosa? Como?
  • Há personagens?
Se houver, que relações interpessoais são apresentadas? (relações de parentesco, relações profissionais, relações de amizade, relações de amor e afeto, etc.)
De que forma estas relações são tratadas?
Há preconceito? De que tipo?
  • O programa explora apenas imagens de estúdio ou de animação ou apresenta imagens externas?
Se há externas, em que lugares se passam as cenas?
Como este ambiente é apresentado?
Os ambientes e lugares apresentados são do conhecimento dos alunos ou devem ser explorados? De que forma?
  • Como são tratadas as questões acerca das atitudes e dos valores sociais ?  
Questões para aproveitamento pedagógico:
  • Qual a função básica do vídeo: informar, motivar, ilustrar, sensibilizar, fixar conteúdos, facilitar a compreensão, aplicar conteúdos em situações variadas, reforçar conteúdos, etc?
  • O vídeo foi concebido didaticamente?
Há clareza e precisão no tratamento da mensagem (tema / conteúdo)?
Há erros conceituais?
Os assuntos são encadeados com nível crescente de dificuldade?
  • O vídeo possibilita ou suscita a comunicação e um trabalho posterior à exibição?
Sugere, de alguma forma, a ampliação da informação por outros meios?
Estimula a curiosidade, a pesquisa, a discussão, a polêmica?
  • A duração do vídeo permite que sejam planejadas as atividades complementares necessárias a uma verdadeira compreensão e exploração do tema / conteúdos?
A duração é adequada ao tema e à idade dos alunos?
A duração de cada parte é adequada ao conjunto da obra?
  • O vídeo seria mais bem aproveitado se trabalhado em partes? Por quê?
Há pontos de corte para se trabalhar o vídeo por partes? Quantos? Quais? Em que tempos da fita?
  • Valoriza o conhecimento prévio dos alunos? A cultura popular?
O espectador participa ou não da construção do conhecimento?
  • No caso de vídeos didáticos ou científicos que procedimentos são usados?
Que atitudes são valorizadas?
Como o conhecimento é concebido?
O programa valoriza a exposição, a discussão, a prática/aplicação ou a crítica ?
Como o ato de estudar é concebido e estimulado?
  • Caso o programa seja de comunicação social – dirigido ao público em geral – como poderá ser utilizado para fins educativos?
Opção 3

Vídeo na sala de aula 3

LENDO OS SIGNIFICADOS DE UM FILME

Ao assistir ao filme proposto pelo(a) professor, siga as dicas que ajudam a fazer una boa
leitura dele.

1. Observe atentamente as intenções da direção:
• É possível perceber o estilo do diretor pelo que é mostrado no filme?
• O enredo trata de uma história real? De uma fantasia?

2. O conteúdo:
• Este filme denuncia algo? O quê? Anuncia algo? O quê? É emocional? É reflexivo?
• Identifique as cenas/imagens/diálogos que mostram essas idéias.
• De que maneira o conteúdo do filme está relacionado ao conteúdo de que estamos tratando?

3. A qualidade:
• É um bom filme? Por quê?
• Identifique os elementos que justificam seu julgamento: imagens, atores, enredo/roteiro,  ritmo, trilha sonora, figurino, etc.

4. Sua intenção com o filme:
• Foi prazeroso assistir ao filme?
• Pode-se dizer que ele lhe trouxe contribuições? De que tipo?
• Que elementos facilitaram e/ou dificultaram sua interação com o filme? Por quê?




Opção 4
- PROPOSTA DE OFICINA -
Imagens e Movimento na Sala de Aula
André Carrieri: professor de Criação em Cinema e Vídeo; Professor de Formação de Educadores no SENAC/SP; Diretor, Roteirista e Produtor Executivo de vídeos para Educação.
No momento em que a Secretaria de Estado da Educação, em parceria com a ECA/USP, inicia um amplo projeto de capacitação do uso do vídeo em sala de aula (leia entrevista nesta edição), é importante também que os professores comecem a se aprofundar na literatura existente na área. O professor André Carrieri tem experiência de muitos anos com oficinas de vídeos educativos, e apresenta nesse artigo uma proposta de utilização do vídeo em sala de aula.

A educação para os meios de comunicação, tão necessária à formação do cidadão vem sendo discutida, atualmente, e algumas escolas, por meio de dinâmicas e atividades que se utilizam da leitura crítica da TV pensam em disponibilizar tempo para “ler” e compreender a TV e o vídeo.

No entanto, não só a leitura de imagens de vídeos, filmes, propagandas e programas completa a alfabetização para as mídias. Esse processo também passa pela vivência de um trabalho de produção de imagem, a “escritura” audiovisual, pelo fato de que, munidos de uma câmera e de um microfone, os alunos - a criança e, principalmente o adolescente - ultrapassam as quatro paredes da sala de aula e ganham ferramentas que os aproximam da realidade carregada de conteúdos transversais, e que possibilitam maior compreensão e reflexão do mundo a sua volta.
Crianças e jovens são capazes de produzir cinema e vídeo.

Conscientes ou não, eles dominam a linguagem audiovisual. O que lhes falta é ter consciência e compreender a sintaxe dessa “gramática” para fazer melhor uso dela. E isso, na escola, nós professores podemos ensinar-lhes.
Vamos acompanhar, neste texto, Imagens e Movimento na Sala de Aula, passos de uma trajetória em vários movimentos, com resultados significativos. Eles podem ajudar o professor a organizar melhor a sua prática pedagógica, tirando proveito dos modos de produção do vídeo. Mais do que um modelo, espero que as experiências aqui contidas sirvam para levantarmos novos pontos de observação para futuras aplicações.

O que vai ser apresentado são atividades iniciais para quem deseja implantar um trabalho com imagens coletadas através da câmera de vídeo junto às crianças e adolescentes.

Os exercícios a serem relatados aqui fazem parte de uma experiência de seis anos de trabalho contínuo. Ela é desenvolvida junto a alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, de 11 a 17 anos. O projeto Vídeo e TV: da idéia ao produto final faz parte de um esforço em promover a Pedagogia de Projetos de Trabalho ou Projetos de Complemento Curricular em instituições escolares e organizações não-governamentais.

As vinte e duas aulas ou encontros do projeto acontecem uma vez por semana, durante três horas, em cinco meses de trabalho, com grupos de até vinte e cinco alunos. Às vezes com muitos recursos disponíveis, às vezes com uma câmera apenas.
2. A primeira vez
Pense que trabalhar com a câmera de vídeo pela primeira vez pode definir o caráter de todo o seu trabalho. Vá com calma! Este encontro, entre a escola e a câmera de vídeo, é bem mais delicado do que se imagina.

O início da experiência pode deflagrar uma história positiva, cheia de possibilidades e desdobramentos, ou desvirtuar para uma falsa experiência, plena de vídeos apenas bonitos de se ver, ou, pior ainda, desandar para uma vivência insatisfatória que aborte qualquer tentativa de continuidade. Vamos ver como, respeitando fundamentos simples, você facilita a aproximação do aluno com este novo olhar através da câmera.
2.1 Exercícios de passagem
A curiosidade com que uma tribo indígena não aculturada lida com o espelho pela primeira vez é semelhante à curiosidade de uma classe de meninos e meninas que tem à mão uma câmera de vídeo pela primeira vez. Mudam as relações, os procedimentos, as rotinas, os “rituais” da sala de aula.

A câmera permite que eles se vejam em “outro estado”, ou seja, no “universo midiático”, como seus ídolos, como os personagens de uma novela, como os cantores de uma banda. Deve ser encarado como normal, portanto, que nos primeiros encontros entre essa “tribo” e seu novo “espelho” exista um tempo para deslumbramentos.

É neste momento que devemos planejar atividades específicas para elaborar a compreensão deste novo estado em sala de aula. Aparecer na tela de uma TV não é comum aos alunos. Imagine em situação de grupo! Imagine, então, na sala de aula!

O professor deve aproveitar a situação e dar ordem ao “caos” criado, organizando esse primeiro momento com atividades que explorem ao máximo o repertório do grupo. São exercícios que facilitam o reconhecimento do universo simbólico dos alunos e que promovem, além do fortalecimento de equipes de trabalho, a construção de uma consciência sobre o planejamento do trabalho em etapas organizadoras.

Aqui, vale a pena fazer uma ressalva sobre uma verdade considerada como negativa, mas que pode ser utilizada a nosso favor. Sabemos que os jovens têm fascínio pela TV e o vídeo e, como dizemos, eles não “desgrudam” da frente da tela.

Agora, em um processo de aprendizagem da “gramática” audiovisual, o que vale muito é a capacidade de “ler”, de saber compreender o que está sendo visto nos seus vários níveis de interpretação. E o processo de aprendizagem da “gramática” audiovisual por parte dos alunos é, também verdade, facilitado pelas horas vividas diante da tela da TV.

Por isso, podemos usar ao nosso favor todas aquelas 23 horas por semana que as crianças e adolescentes passam na frente da TV (dados de pesquisa realizada em 1997 pela UNESCO sobre os hábitos dos telespectadores em lares brasileiros).
Esse contato diário com a estrutura “gramatical” audiovisual representará, nos primeiros trabalhos em vídeo, em termos de criação, uma reprodução livre das referências culturais da TV brasileira e dos filmes de Hollywood, verdadeiros modelos, aos quais eles estão expostos, e, evolutivamente, passados os exercícios iniciais, eles poderão criar o seu próprio modelo de programa de TV ou vídeo.

Esses processos de criação são oportunos, pois nos abrem as portas cerradas do “discurso subterrâneo” dos adolescentes. Poder saber como os alunos lidam com os ingredientes simbólicos da mídia, e como eles constroem o seu imaginário, a partir deste universo, é como ter o mapa de muitos tesouros enterrados.

Aproveite e faça, antes de qualquer prática com a câmera, um levantamento dos programas, dos artistas, das bandas, dos filmes, das propagandas e das novelas preferidas. Se for o caso, peça para eles trazerem trechos de programas para serem discutidos como uma atividade para as aulas que antecedem esse trabalho de criação.

O que vamos propor são exercícios básicos que introduzem a câmera, com sucesso, no universo dos alunos. Não os considere como um Projeto de vídeo ou como aulas práticas sobre as técnicas de vídeo. O objetivo central é propor exercícios de passagem ou exercícios de reconhecimento dos alunos perante os elementos técnicos e simbólicos das obras audiovisuais para, depois, dentro do seu contexto curricular, propor os temas e conteúdos específicos e fazer uso otimizado da câmera.
2.1.1 Exercício dos 10 enquadramentos
Você pode fazer com eles um exercício de ficção. A atividade é um exercício de criatividade em que será “escrita” em vídeo uma história coletiva, com tema livre e com poucos personagens. O roteiro dessa história deve se esgotar entre 10 e 20 planos ou enquadramentos, usando apenas imagens. O desafio do Exercício dos 10 Enquadramentos pede que o grupo de alunos conte uma história curta, com começo, meio e fim. E que, logicamente, ao final todos compreendam a história contada.

Um roteiro detalhado deve anteceder a captação das imagens, pois ele ajuda na organização do trabalho e o grupo aprende que, no processo de produção de um vídeo, sempre haverá um planejamento anterior e uma intencionalidade inicial. Ele até pode ser feito em forma de uma história em quadrinhos – o storyboard – indicando as imagens em seqüências e as ações dos personagens, mas também pode ser apenas um roteiro escrito.

É bom lembrar que a captação de som sempre será um problema. As câmeras têm um microfone embutido muito limitado e, não tendo um microfone com fio, o resultado pode ficar comprometido. Portanto, para este exercício, sugerimos uma história apoiada apenas sobre a ação dramática dos personagens, sem texto. Os alunos têm que tirar proveito desta limitação e desenvolver o tema com a lógica apenas das imagens, da luz e do gesto, sem o apoio da palavra falada.
2.1.2.Exercício de abelhagem
Você pode fazer, também, um exercício de reportagem, elaborando uma pauta simples com poucas perguntas sobre um tema de que eles gostem ou queiram saber mais. A atividade chama-se Exercício de Abelhagem, pois eles irão vasculhar e investigar temas polêmicos, levantando as opiniões das pessoas como um “abelhudo” que se intromete onde não é chamado, por isso a razão do nome abelhagem.

O desafio desse exercício também pede um planejamento com etapas organizadoras. Cada grupo deverá realizar uma enquete sobre um tema de interesse próprio, fazendo uso de uma boa quantidade de entrevistas colhidas na escola ou no bairro, para depois, por fim, organizar uma discussão em sala de aula.
A pauta das entrevistas, preparada a partir de uma lista de perguntas, funciona como um roteiro também. Através de fatos reais e informações colhidos previamente em recortes de jornais, revistas e internet, o grupo poderá organizar essa pauta.

O objetivo que está por trás desse exercício, no entanto, está menos no aprimoramento da técnica de empunhar um microfone ou de saber fazer perguntar como um repórter de TV, do que no desenvolvimento de uma sensibilidade em saber fazer as perguntas certas para pessoas de diferentes origens em situações imprevisíveis.

O microfone com fio, neste caso, deve ser utilizado porque eles irão trabalhar com a palavra falada, a partir das impressões e opiniões dos vários entrevistados. O que se aprende nesse exercício, também, é a multiplicidade de opiniões que cada indivíduo traz consigo. Com os vários saberes que estão disponíveis na fala dos transeuntes e não só nas palavras dos livros, deles podemos extrair conteúdos significativos para o que se quer trabalhar em classe.
2.2 Exercícios de Decisão
Durante o processo de realização dos exercícios estarão acontecendo situações em que os alunos terão que fazer escolhas. São várias decisões em grupo o tempo todo.

Tempo para decidir as funções da equipe de produção: quem vai ser o diretor, o câmera, o produtor, o entrevistador, o ator ou a atriz. Tempo para decidir pelas melhores perguntas e os melhores entrevistados. Tempo para decidir as melhores locações, os melhores enquadramentos, as melhores imagens. E tempo para decidir pela trilha sonora que irá ser editada junto com as imagens.

Particularmente, esse momento, o da escolha da trilha sonora, no qual eles terão que trazer CDs de casa e “pensar” as músicas é muito rico. Forma-se uma roda em torno de um micro-system e meninos e meninas demonstram todos os seus conhecimentos a respeito do universo musical. Ali, junto com eles, o professor vai extrair muita informação de como o grupo lida com os seus gostos e preferências, de como o grupo opera com os símbolos que transitam pelo universo adolescente.
2.3 Mudanças de tempo e espaço
Fique atento, porque não vai ser como uma aula tradicional. A aula não deve permanecer apoiada sobre o mesmo sistema comunicacional: um professor falando diante de uma classe, giz e lousa. TV e vídeo se utilizam de sistemas de produção em que cada indivíduo de uma classe precisa estar consciente e responsável do processo e precisa, também, cumprir sua função dentro do prazo estabelecido, para todos atingirem um resultado calculado. E esses procedimentos levam mais tempo do que se imagina.

Esses exercícios podem levar várias aulas e podem render muitos conteúdos que merecerão, depois, ser desenvolvidos. A partir dos dois exercícios acima propostos, o professor vai poder elencar temas, desenvolver atividades complementares e compor suas atividades com outras atividades estruturadas na forma de dramatizações, comunicações, discussões, redações, desenhos, histórias em quadrinhos.

Estamos, dessa forma, criando novos tempos e espaços na sala de aula, mas que precisam ser entendidos e dominados. Estamos interferindo no sistema comunicacional tradicional da escola. E isto gera mudanças nas relações aluno-aluno, aluno-professor, aluno-comunidade.

Melhor do que o professor decidir por uma aula teórica sobre o uso da câmera ou pela construção de uma história com tema pré-definido, é deixar que o próprio exercício (Exercício dos 10 Enquadramentos ou Exercício de Abelhagem) trabalhe a seu favor. Use os exercícios com câmera para saber como os alunos lidam com o equipamento e com o contexto simbólico cultural e social.

Esse material, depois de assistido em classe, irá trazer momentos ricos para discussão e avaliação. Tanto os acertos quanto os erros serão bem-vindos. É importante que não se criem expectativas e não haja cobranças por resultados no padrão de emissoras de TV. O que teremos serão vídeos “imperfeitos” para serem analisados em classe. E os alunos envolvidos no processo de aprendizagem.

Comece a pensar na idéia de que os adolescentes não irão produzir um vídeo pronto, acabado, como nosso olhar está acostumado. A riqueza está no processo de trabalho, no planejamento e na organização dos alunos, na criação das idéias e na motivação de que os grupos dispõem para se articular em torno de um objetivo comum, e não em torno de um vídeo “bonitinho” para mostrar para os pais.
Atenção! Nestes vídeos “imperfeitos” pode estar toda a riqueza que buscamos.
3. Um olhar atento
O trabalho com reportagem ou ficção realizado pelos adolescentes é uma maneira sensivelmente mobilizadora para gerar novas dimensões à atividade de pesquisa na escola, ao mesmo tempo que funciona como um mediador entre o aluno, a escola e a realidade que o cerca. Mas isto só será possível, na verdade, se o professor tiver um olhar atento para os sistemas de comunicação que estão sendo utilizados pelos jovens na construção da linguagem audiovisual.
3.1 Quem é esse aluno?
Quem é, afinal, o aluno que está diante de nós? Esta é uma pergunta que pode se desdobrar em um número infinito de questionamentos, que não podemos perder de vista se quisermos trabalhar com projeto de trabalho e, principalmente, ser for com imagem e movimento.

Preste atenção nestas questões e veja se elas não são abrangentes o suficiente para serem úteis, inclusive, no nosso trabalho cotidiano de sala de aula, além de servirem como um rol de perguntas que devem acompanhar o planejamento de um Projeto de Trabalho com vídeo:
1. Como o adolescente organiza a percepção do mundo através dos audiovisuais?
2. Quem é esse aluno? No que ele “se liga”? Em que mundo ele está “plugado”?
3. Como ele constrói suas idéias, seus conceitos através destes ingredientes – imagem, som, palavra – que possuem significados e qualidades próprias?
4. Será possível, ao professor, enveredar-se por estes caminhos?
A câmera de vídeo na escola possibilita que o aluno entre em contato direto com o que está acontecendo na escola, na rua, na cidade, e possibilita, também, que ele mostre ao Mundo o seu ponto de vista sobre o Mundo, através dos mais diversos assuntos.

“A vida passa pelas mídias eletrônicas”, diz o professor Arlindo Machado, professor de semiologia e comunicação da USP e da PUC/SP, além de estudioso da poética dos meios eletrônicos. E, com certeza, com um Projeto de Trabalho de vídeo, a TV será como que uma janela na sala de aula, por onde poderão entrar os mais diversos temas, neste caso, captados e elaborados pelo olhar dos jovens. Basta você planejar e decidir por quais caminhos de tantos temas você e sua classe podem enveredar nesse ou em qualquer outro momento.
3.2 Como esse aluno se organiza?
Diferente da criação do escritor, do isolamento do pintor ou do compositor musical, o vídeo é um produto coletivo. E este é o segundo grupo de questões que a elaboração de um projeto de vídeo convoca à discussão:
5. Como o adolescente constrói uma equipe de trabalho para a produção audiovisual?
6. Como ele resolve as suas necessidades individuais e coletivas visando a um produto final, concreto – o vídeo – desde a sua concepção até a sua exibição?
7. Como ele reconstrói o espaço e o tempo na sala de aula e na escola, para exercer a sua autoria e autonomia através de uma câmera de vídeo e de um microfone?
Os modos de produção do vídeo, suas fases de trabalho e seu modelo de composição de equipe são moldados sobre referências de tempo e de espaço mais distendidas, ou mais reais, se você quiser, e essas qualidades podem ser utilizadas para mobilizarmos habilidades e competências importantes para a formação do indivíduo e do grupo dentro da escola.

Podemos pensar em uma lista inicial, à qual, certamente, com a sua prática em sala de aula, você poderá acrescentar muitas outras competências advindas do processo de produção de um vídeo em que você e o seus alunos estiverem envolvidos. Mas, veja, numa listagem simplificada quanta coisa pode surgir desse processo: Socialização; Linguagem; Expressão Verbal e Não-Verbal; Noções de Tempo e Espaço; Auto-imagem; Poder de Decisão; Responsabilidade; Autonomia; Autoria; Confiança; Exercícios de Cidadania.

Por isso, é bom sempre lembrar que, para dar início à produção de um vídeo, é preciso primeiro formar uma equipe de trabalho e fortalecer essa equipe considerando-a como um núcleo gerador de decisões, e não apenas como um grupo de quatro ou cinco alunos que vai fazer mais um trabalho escolar durante uma aula de cinqüenta minutos.
4. Matéria prima por debaixo do chão
Leve em conta que durante todos os passos da realização de um vídeo - concepção, roteirização, pré-produção, produção, captação de imagens, seleção de trilha sonora e edição - é importante, para o bom andamento do projeto, reconhecer, considerar e valorizar todas as dinâmicas pelas quais essa equipe de trabalho passa: frustrações, descobertas, processos criativos, conflitos, discussões, envolvimento, tudo isso e o que mais estiver ocorrendo e circulando em torno de um tema livre.

Na produção de vídeo, que é um produto coletivo, sempre haverá situações diferenciadas e transformadoras na sala de aula. Quando você estiver processando um trabalho assim, fique atento e valorize, nas reuniões de trabalho dos grupos, o exercício da escolha e da decisão, mesmo que ocupe mais aula do que estamos acostumados.
Lembre-se que estamos lidando com uma mudança de tempo e espaço dentro da escola. Caso você tenha o olhar acurado e a escuta atenta, perceberá que os exercícios com vídeo aqui propostos irão potencializar entre os alunos: a negociação de temas; a articulação de idéias; a administração de opiniões; a busca de soluções; a superação de obstáculos; a conquista de desafios.

Estamos falando das etapas de um Projeto de Trabalho de vídeo gerado pelo próprio grupo de alunos, mas também estamos falando da construção do espaço individual e do espaço coletivo onde nascem a responsabilidade e a autonomia. E, com certeza, o processo de produção de audiovisuais na escola é um território, um ambiente de aprendizagem onde podemos observar e interferir com o propósito de educar para a cidadania, se tivermos olhos para enxergar isto.

Não se trata de mais uma ficção científica ou de previsões bem intencionadas. Com base no quadro atual de experiências realizadas dentro das salas de aula da rede pública e particular, e de espaços de aprendizagem de organizações não-governamentais, podemos conferir as iniciativas concretas que estão dando certo. Iniciativas estas sobre as quais toda escola deveria obrigar-se a pensar, se quiser orientar a sua própria ação pedagógica e o olhar de suas crianças e adolescentes na direção dos desafios impostos pela sociedade contemporânea.